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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ André Luiz Torquato ...

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Os resquícios de reelaborados modos de financiamentos podem ser averiguados no<br />

relato de um integrante da família ‘Amorim’ que, ao ser questionado se na atualidade ele era<br />

considerado um patrão, sua resposta foi a seguinte:<br />

Informante 13: “olha, eu sou um patrão porque eu continuo fazendo o trabalho, eu fico<br />

financiando duma forma diferente, de comunicação à distância, por telefone... Os meus<br />

recursos são pras cidades; ...eu tenho convênio com os comércios grandes, os patrões que<br />

ficam nas cidades em que no interior dela eu compro. O que acontece, se o cara vai retirar<br />

uma madeira pra mim, ele me liga da cidade, geralmente do comércio de um patrão que ele<br />

tem lá; eu autorizo o patrão a entregar uma certa quantidade em valor e em mercadoria pra<br />

ele e eu pago através de transferência bancária.”<br />

Diante do exposto, percebe-se que a estrutura organizacional concebida no município<br />

para a extração da borracha ainda no século XIX, em muitos casos permaneceu por décadas e<br />

gerações, permitindo aos patrões, quando da maior procura por madeira em detrimento a da<br />

borracha, instalar serrarias e se beneficiarem com o prestígio e principalmente com os lucros<br />

obtidos, tanto com a comercialização externa da madeira, quanto com o principal esteio deste<br />

tipo de organização que era o sistema de aviamento na relação direta com os fregueses.<br />

A persistência desse tipo de relação, na maioria das vezes (tal qual ocorria no passado),<br />

encontra-se, onde há a presença de um comerciante ou madeireiro local; em suas vilas ou<br />

terrenos estão dezenas de famílias que ali encontram circunstâncias concretas e imediatas de<br />

trabalho e vida comunitária. Nessas localidades, a aproximação a um patrão é uma das poucas<br />

formas conhecidas dos ribeirinhos se manterem economicamente, facilitando (assim como o<br />

mostrado nas duas últimas entrevistas), uma constante reelaboração dos meios de<br />

financiamento que ainda sustentam a posição de destaque social, econômico e político de<br />

antigos e novos patrões no município.<br />

4.2 – A manutenção da organização.<br />

Cabe neste momento, refletir sobre a persistência e seus motivos, a cooperação e os<br />

possíveis conflitos criados por intermédio da prática desse modelo de comercialização. Sabe-se<br />

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