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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ André Luiz Torquato ...

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Neste estudo, o objeto comum a ser alcançado por patrões e seus fregueses dentro desse<br />

ambiente de interdependência foi a manutenção e melhorias, quando possível, das condições<br />

econômicas e sociais, nas quais se encontravam. Nessa busca, foi evidente a vantagem dos<br />

primeiros sobre os segundos, resultante da imposição de cooperação por meio de regras,<br />

coordenação e controle monopolístico sobre os meios de produção e a produção da<br />

organização. Como já foi citado anteriormente, mas aqui cabe relembrar, na concepção de<br />

Friedberg (1995), as organizações são conjuntos humanos formalizados e hierarquizados com o<br />

objetivo de proporcionar a cooperação e a coordenação de seus membros no cumprimento de<br />

determinados fins. Para o autor, toda organização na condição de estruturas de ação coletiva<br />

deve se preocupar em resolver o problema de sua sobrevivência como conjunto organizado, o<br />

que torna imperativa a busca de mecanismos de controle sobre os comportamentos de seus<br />

atores (regras) para a garantia da cooperação no grupo, o que não parece ter sido difícil para o<br />

patrão Antônio <strong>Torquato</strong>, quando da passagem da atividade extrativa de borracha para a de<br />

madeira, pois esta tendência à “sobrevivência” mostrava-se também na ação organizada<br />

“aviamento” onde a maioria dos envolvidos tinha interesse a que o jogo continuasse, o que<br />

tornava desnecessário o controle “total”, sendo suficiente apenas manter e reformular regras já<br />

existentes. No entanto, o autor considera que mesmo com esse controle, os envolvidos possuem<br />

um certo grau de autonomia e perseguem interesses que não são necessariamente convergentes;<br />

constituindo dessa forma, suas zonas de incertezas, onde defendem-se da ganância um do<br />

outro, fato bastante recorrente na organização madeireira em questão, como veremos adiante.<br />

4.2.3 - Motivos para jogar I.<br />

Com a inauguração da ‘Serraria Cruzeiro’, financiada por um comerciante regatão, o<br />

patrão contraiu divida e necessitou de maior empenho dos fregueses no trabalho. No entanto,<br />

não o teve satisfatoriamente. Os fregueses mantiveram o ritmo de trabalho anterior e aos<br />

poucos foram percebendo, com maior clareza, uma inversão na configuração historicamente<br />

posta no local. O patrão estava vulnerável em suas mãos, dependente deles mais eles do patrão.<br />

Como mostra o relato a seguir.<br />

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