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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ André Luiz Torquato ...

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Diante desse quadro, somos levados a indagar os motivos que levaram o patrão a manter<br />

esse tipo de organização e o porquê dela ser aceita pelos menos favorecidos.<br />

Para Friezberg (1995), uma organização é um conjunto de mecanismos empíricos pelos<br />

quais se estabiliza os conflitos e proporciona a cooperação e a coordenação. Para o autor, a<br />

forma como se opera e se obtém a cooperação não é idêntica de uma organização para outra, de<br />

um contexto de ação para outro. “mas a construção dessa cooperação constitui o problema<br />

central e fundamental a resolver por toda organização e por toda a empresa coletiva”<br />

Friedberg (1995, p. 10). Neste sentido, a transposição da estrutura organizacional do antigo<br />

seringal para uma nova atividade deve ser pensada, como um artifício quase contingente, por<br />

parte do proprietário do seringal, para manter a cooperação e dar continuidade, nesta nova base<br />

produtiva, à mesma legitimidade de poder e domínio exercidos outrora. Tal legitimidade<br />

encontra explicação em Chazel (1995), quando cita um de seus artigos publicado no ano de<br />

1983. Neste artigo o autor diz que o poder só é operante com base nas assimetrias de recursos<br />

inerentes às estruturas de dominação. E vai mais adiante:<br />

“É evidente que o caráter relacional do poder não deve ser esquecido: o exercício<br />

do poder manifesta-se através da utilização de recursos no próprio curso da<br />

interação; mas esse próprio recurso, a que o poder apela, são componentes<br />

estruturais dos sistemas sociais: sua utilização prática baseia-se na sua distribuição<br />

diferencial, característica comum a qualquer estrutura de dominação. Assim sendo,<br />

os recursos são ao mesmo tempo os instrumentos do exercício do poder e o meio<br />

que permite a reprodução das estruturas de dominação”. (Chazel, (1995, p. 235).<br />

Sendo assim, as atividades de comércio e de produção mediadas pelo sistema de<br />

aviamento na organização mantida e chefiada pelo patrão Antônio <strong>Torquato</strong> (antes e depois do<br />

surgimento do ramo madeireiro), somadas ao controle da terra, da tecnologia, e dos meios de<br />

produção proporcionavam poder e controle sobre seus fregueses, inscrevendo-o como a maior<br />

autoridade da localidade. Desta forma, sua decisão em manter a estrutura organizacional do<br />

passado foi respeitada. Tais colocações explicativas visualizam um ambiente marcado pela<br />

desigualdade em que, patrões com recursos materiais e fregueses sem, criam e recriam<br />

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