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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ André Luiz Torquato ...

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pertencentes, em épocas passadas, a um determinado ‘pessoal’ e, mesmo que este período lhe<br />

tenha sido extremamente desfavorável economicamente, ainda é relembrado com saudade, pois<br />

o ambiente e o clima de trabalho eram favoráveis a descontração e a amizade com o patrão;<br />

como mostra o relato seguinte.<br />

Informante 05: “Eu queria que voltasse o meu tempo que eu trabalhava com o pessoal<br />

dos Salviano, naquele tempo o patrão era nosso amigo, se o patrão tinha, nos tinha também. Se<br />

ele tivesse, a gente pedindo eles arrumava. Nas festas se a gente não tivesse dinheiro ele<br />

bancava o cigarro a bebida, tudo... depois a gente pagava trabalhando. E ainda bebia junto<br />

com a gente, tudo junto [o patrão bebia com seus fregueses nas festas]. E aí daquele que<br />

olhasse feio pro nosso pessoal... Agora, hoje, me diz... qual é o patrão que faz isso? Num tem<br />

mais, velho!”<br />

A pesquisa mostrou que o surgimento de serrarias nos antigos seringais do município, a<br />

exemplo da ‘Serraria Cruzeiro’, aos poucos abalou os compromissos e a fidelidade entre<br />

patrões e seus fregueses, por conta da presença de dinheiro em espécie ou do esgotamento das<br />

reservas madeireiras nas propriedades dos patrões. Contudo, estes buscaram, por intermédio de<br />

artifícios como a construção ou elevação da fama de seu ‘pessoal, imprescindíveis sentimentos<br />

de pertencimentos aos seus grupos. Garantindo como outrora, o incentivo ao trabalho.<br />

4.1.3 - A serraria para ajudar. A quem?<br />

O ingresso na atividade madeireira, por parte do patrão Antônio <strong>Torquato</strong>, representou<br />

uma das poucas alternativas viáveis de subsistência para ele e sua família, perante a<br />

insuficiência da demanda de borracha e látex em comparação a de madeira serrada que, só<br />

crescia por toda região. A transposição para outro ramo parece também ter sido, segundo a<br />

transcrição abaixo, uma tentativa bem sucedida de manter os convenientes laços de<br />

compromisso e fidelidade mútuos existentes desde sempre com seus fregueses.<br />

Informante 06: “...Chegou um tempo que a seringa já não enchia mais o comércio, aí<br />

começou a faltar coisas pros fregueses, eles reclamavam que traziam a produção e não tinha<br />

quase mercadoria, mas viam que no depósito tava cheio de borracha e tambor de leite... Eles<br />

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