o impacto das cotas nas
o impacto das cotas nas
o impacto das cotas nas
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
168 • O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012)<br />
negros não evidenciam problemas especiais além do normal entre<br />
os alunos que são os últimos escolhidos pela seleção universal.<br />
Ou seja, mesmo com somente a seleção universal, sem nenhum<br />
tipo de <strong>cotas</strong>, os últimos selecionados teriam mais ou menos as<br />
mesmas taxas de aproveitamento e de evasão que se observa entre<br />
os cotistas sociais. Os cotistas negros, por outro lado, evidenciam<br />
índices de aproveitamento nitidamente menores, tanto em<br />
cursos difíceis como nos fáceis, e taxas de evasão maiores. Estes<br />
problemas merecem muito mais atenção, tanto de pesquisadores<br />
como da Universidade. Nossas entrevistas com cotistas negros<br />
sugerem que boa parte <strong>das</strong> dificuldades desse grupo se origina<br />
da combinação da formação anterior inferior – mesmo quando<br />
comparada com aquela dos cotistas sociais – e da necessidade<br />
de trabalhar, que limita o tempo e a energia disponíveis para os<br />
estudos, impede o aproveitamento <strong>das</strong> aulas complementares<br />
ofereci<strong>das</strong> pela Universidade e dificulta o acesso às bolsas de<br />
iniciação científica e de monitoria.<br />
A Universidade distribui vários recursos e benefícios –<br />
como, por exemplo, bolsas ou prioridade na matrícula – por<br />
critérios universais, definidos em primeira instância pela<br />
classificação no vestibular e depois por vários indicadores de<br />
desempenho e aproveitamento, que não reconhecem a situação<br />
especial dos cotistas negros. Com isso a Universidade segrega os<br />
cotistas negros <strong>nas</strong> turmas menos procura<strong>das</strong>, e estes alunos não<br />
conseguem aulas com os professores mais bem avaliados pelos<br />
alunos nem nos horários mais convenientes para suas agen<strong>das</strong><br />
de trabalho. Também dificulta o acesso às bolsas que ajudariam<br />
esses alunos a entrarem na pós-graduação e aos estágios que<br />
levariam a vantagens posteriores no mercado de trabalho.