o impacto das cotas nas
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30 • O impactO <strong>das</strong> cOtas <strong>nas</strong> universidades brasileiras (2004-2012)<br />
apresentados. Porque será que a licenciatura em Matemática<br />
apresenta resultados tão ruins em relação ao desempenho dos<br />
discentes nos três sistemas de ingresso, ao contrário do curso<br />
de Enfermagem e demais cursos, inclusive <strong>nas</strong> vagas gerais?<br />
Quais são as formas de trabalho didático que os docentes deste<br />
curso utilizam no processo ensino aprendizagem que perpetua<br />
o insucesso, como se essa área estivesse reservada ape<strong>nas</strong><br />
aos “iluminados”, mesmo depois de tantos avanços na área<br />
metodológica do ensino da matemática?<br />
Para provocar mudanças, necessário se faz promover<br />
mudanças nos currículos dos cursos para contemplar a presença<br />
de negros e indíge<strong>nas</strong> cotistas. Porém,<br />
os currículos de formação de professores e de outras áreas profissionais<br />
até hoje apresentam essa face eurocêntrica e modificá-los ou sequer<br />
inserir uma faceta que represente a sociedade brasileira de fato, constituise<br />
verdadeira queda de braço teórica prática com os demais docentes. 13<br />
Por último, os cursos de Agronomia, em 2011, tiveram um<br />
índice de concorrência entre 6,0 a 6,8 para os indíge<strong>nas</strong>; 6,6 a<br />
11,5 para os negros e 12,2 a 13,8 para as vagas gerais na relação<br />
candidato/vaga. Já em relação à comparação entre matriculados e<br />
concluintes, o curso apresenta, entre os analisados, o segundo maior<br />
índice de conclusão <strong>nas</strong> vagas gerais com 84,3%, porém entre os<br />
negros, 40%, e entre os indíge<strong>nas</strong> ape<strong>nas</strong> 10,8%, superando ape<strong>nas</strong><br />
o curso de Matemática. Embora o curso tenha produzido egressos<br />
negros e indíge<strong>nas</strong>, perguntamos: porque a diferença tão gritante<br />
entre os percentuais de egressos nesse curso, principalmente de<br />
indíge<strong>nas</strong>? Qual o tratamento pedagógico que é dado aos indíge<strong>nas</strong><br />
e aos conteúdos que sabemos interessam muito aos mesmos dada a<br />
sua ligação com a terra e com a natureza?<br />
13 Maria J. de J. Alves Cordeiro. “A formação continuada de profesores em relações<br />
étnico-raciais: a extensão dando visibilidade ao ensino e a pesquisa”. In Doracina<br />
A. C. Araújo e Antonio de Souza (orgs.). Pesquisa em educação: indissociabilidade<br />
entre ensino, pesquisa e extensão (Curitiba: CRV, 2011), p.141.