Dissertacao Rita de Cassia Dramas e Tramas do - Área Restrita ...
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Ao abordarmos os estu<strong>do</strong>s da teoria <strong>de</strong> Wallon, <strong>de</strong>stacamos também o processo <strong>de</strong><br />
manifestação das significações oriundas da relação eu-outro. Wallon (1975b) consi<strong>de</strong>ra o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento humano como resultante <strong>de</strong> um processo envolven<strong>do</strong> as disposições <strong>do</strong><br />
sujeito e as sucessivas situações com as quais ele se <strong>de</strong>fronta e que lhe exigem uma resposta.<br />
Isto corrobora o fato <strong>de</strong> que o sujeito forma sua conduta e sua personalida<strong>de</strong> a partir <strong>do</strong>s<br />
conflitos que estabeleci<strong>do</strong>s com o meio a cada momento.<br />
Caracteriza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma, o processo <strong>de</strong> significação relaciona-se, então, às<br />
experiências e diálogos que a pessoa mantém com o outro, para que, assim, possa reconhecer<br />
a si mesma, e conseqüentemente, possibilitan<strong>do</strong> o estabelecimento da consciência <strong>do</strong> eu, isto<br />
é, <strong>de</strong> si mesma.<br />
Através da proposta da psicogênese da pessoa completa, Wallon (1975a) consi<strong>de</strong>ra<br />
que o eu psíquico é uma construção que ocorre num processo <strong>de</strong> fusão e diferenciação nas e<br />
pelas interações sociais. A entrada da criança no universo simbólico perpassa pela questão da<br />
imitação. Para o autor, a imitação não implica somente numa ativida<strong>de</strong> motora gera<strong>do</strong>ra <strong>de</strong><br />
uma réplica <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo e sim uma dupla operação semiótica pela qual a reprodução <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo<br />
se constitui em significante <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo, isto é, da pessoa imitada.<br />
Na função da imitação, Wallon vê um processo <strong>de</strong> significação articula<strong>do</strong> pela<br />
gestualida<strong>de</strong>. O mo<strong>de</strong>lo reproduzi<strong>do</strong> torna-se o signo <strong>do</strong> outro para o sujeito que o reproduz,<br />
caracterizan<strong>do</strong> um processo <strong>de</strong> participação fusional “eu” no “outro” i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>-se com o<br />
“eu” per<strong>de</strong>-se no “outro”. O mo<strong>de</strong>lo reproduzi<strong>do</strong> torna-se o signo <strong>do</strong> “eu”, quan<strong>do</strong> a criança<br />
se reconhece como diferente <strong>do</strong> “outro”. Opon<strong>do</strong>-se ao “outro” o “eu” se constitui em sujeito.<br />
Dessa forma, a consciência da própria subjetivida<strong>de</strong> (oposição/reconhecimento) <strong>do</strong> “outro”<br />
como um “não eu” distancia-se <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, mas não libera-se das marcas que ele <strong>de</strong>ixou no<br />
“eu” como signo da relação “eu-outro”.<br />
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