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Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas

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Boubacar Barry <strong>Senegâmbia</strong>: o desafío <strong>da</strong> história regional 25<br />

além do mais, de conhecer as línguas africanas que constituem a<br />

chave principal de acesso à informação ao alcance dos depositários<br />

<strong>da</strong> tradição oral. A esse respeito é preciso assinalar a vontade<br />

manifesta dos historiadores <strong>da</strong> escola americana, com Philippe<br />

Curtin, Martin Klein, David Robinson, Lucie Colvin, etc., de utilizar<br />

as tradições orais do mesmo modo que os documentos escritos. Eles<br />

vão publicar obras importantes sobre a história dos reinados précoloniais<br />

<strong>da</strong> <strong>Senegâmbia</strong>, privilegiando a história interna, tanto<br />

econômica quanto política e socialmente.<br />

Mas é ain<strong>da</strong> o estudo de Samori por Yves Person, que<br />

permanece como monumento, tendo reconstituído com minúcia a<br />

grande aventura dessa resistência de opinião à conquista colonial<br />

e também dessa obra de construção de um império sobre as cinzas<br />

de Mali. Yves Person mostra o caminho <strong>da</strong> combinação judiciosa<br />

de documentos escritos e tradições orais, com o recolhimento<br />

sistemático <strong>da</strong>s velhas tradições orais através <strong>da</strong>s testemunhas dos<br />

sobreviventes <strong>da</strong> grande aventura de Samori. Durante uns vinte<br />

anos, seguiu o rastro do itinerário de Samori através de to<strong>da</strong> a<br />

África Ocidental, do rio Niger aos confins <strong>da</strong> floresta no Sul. Esse<br />

nacionalista bretão era defensor apaixonado <strong>da</strong>s culturas e línguas<br />

africanas e, sem dúvi<strong>da</strong> alguma, devolveu confiança à nossa geração,<br />

que teve o privilégio de explorar pela primeira vez a história<br />

interna <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des senegambianas. Os trabalhos <strong>da</strong> escola de<br />

Dacar devem muito ao seu ensino em Dacar e Paris e sobretudo a<br />

seu engajamento em prol <strong>da</strong> exploração <strong>da</strong>s tradições orais. 22<br />

Todos os trabalhos <strong>da</strong> escola de Dacar sobre o Royaume du<br />

Waalo (Reino de Waalo) de Bubacar Barry, o Fuuta Djalon de<br />

Thierno Diallo, o Gajaaga de Abdoulaye Bathily, o Kayoor de<br />

Mamadu Diuf, o Fuuta Toro de Umar Kane, o Xaaso de Sekené<br />

Mody Cissoko repousam sobre o uso conjugado de documentos<br />

escritos e tradições orais e dizem respeito essencialmente ao período<br />

22 Ain<strong>da</strong> me lembro de sua insistência para que eu fizesse um estudo <strong>da</strong> cronologia<br />

dos diferentes reinados dos Brak a partir <strong>da</strong>s diversas listas dinásticas<br />

publica<strong>da</strong>s pelas tradições de Waalo. Esse exercício me revelou to<strong>da</strong> a<br />

importância <strong>da</strong> cronologia na tradição oral, apesar <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des de<br />

incerteza que serviram de pretexto a certos historiadores para negar qualquer<br />

valor histórico às tradições orais.

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