12.04.2013 Views

Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas

Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas

Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Boubacar Barry <strong>Senegâmbia</strong>: o desafío <strong>da</strong> história regional 37<br />

domínio colonial. Ao mesmo tempo, a redescoberta recente <strong>da</strong>quela<br />

história, nos últimos trinta anos, tem gerado uma vasta quanti<strong>da</strong>de<br />

de trabalhos, em francês e inglês, que a elite, e ain<strong>da</strong> mais a<br />

população em geral, ain<strong>da</strong> estão longe de digerir. Ain<strong>da</strong> assim, um<br />

país que pára de refletir sobre seu passado está condenado, a<br />

longo prazo, a perder de vista a ver<strong>da</strong>de e an<strong>da</strong>r perigosamente à<br />

deriva.<br />

A Escola de Dakar está estreitamente liga<strong>da</strong> à fun<strong>da</strong>ção do<br />

IFAN (Institut Francais d’Afrique Noire, que posteriormente se<br />

tornou o Institut Fon<strong>da</strong>mental d’Afrique Noire) e ao Departamento<br />

de <strong>História</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Dakar, que produziu várias gerações<br />

de historiadores dos anos 1950 em diante. Ela se distingue pelo<br />

seu caráter multinacional e também multidisciplinar. Dakar, na<br />

ver<strong>da</strong>de, é um ponto de referência para to<strong>da</strong> inteligência <strong>da</strong> África<br />

ocidental francesa e <strong>da</strong> África equatorial francesa, que o poder<br />

colonial tentou mol<strong>da</strong>r à sua própria imagem.<br />

Por um século, a etnologia foi o principal instrumento<br />

ideológico que aqueles poderes usaram para apoiar uma política<br />

de assimilação do tipo que priva as populações indígenas de sua<br />

identi<strong>da</strong>de. Quando se deu a reação, a história foi em primeiro lugar<br />

vista como um meio de liberar o continente africano, na medi<strong>da</strong><br />

em que estu<strong>da</strong>r o passado <strong>da</strong> África era uma forma de legitimar a<br />

luta anti-colonial. Desde o mais incipiente começo, o trânsito dos<br />

historiadores estava em si mesmo envolvido nessa luta de liberação<br />

nacional. Olhando em retrospectiva, isso nos aju<strong>da</strong> a entender o<br />

papel vital desempenhado por dois historiadores, Cheikh Anta<br />

Diop e Abdoulaye Ly, no nascimento e desenvolvimento <strong>da</strong> Escola<br />

de Dakar, que eles influenciaram mais pelo seu envolvimento na luta<br />

patriótica do que pela sua ativi<strong>da</strong>de letiva. A publicação de Nations<br />

nègres et cultures de Cheikh Anta Diop em 1955 e Compagnie du<br />

Sénégal de Abdoulaye Ly em 1958 marca um corte epistemológico<br />

decisivo com a historiografia colonial, uma vez que eles colocaram<br />

a história africana a serviço <strong>da</strong> liberação africana. É ver<strong>da</strong>de que<br />

o predomínio <strong>da</strong> etnologia colonial não tinha nunca, durante a era<br />

colonial, desqualificado totalmente a história como uma chave<br />

para compreender e estu<strong>da</strong>r as socie<strong>da</strong>des africanas. Apesar <strong>da</strong><br />

forma brutal com a qual elas foram conquista<strong>da</strong>s, e suas estruturas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!