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Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas

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Boubacar Barry <strong>Senegâmbia</strong>: o desafío <strong>da</strong> história regional 27<br />

Anta Diop. Este último foi, na ver<strong>da</strong>de, a vedete do Congresso de<br />

Yaundé, onde se dirigiu pela primeira vez, durante sete horas de<br />

relógio, à nossa geração, que só o conhecia pelos escritos. A história<br />

<strong>da</strong> descolonização, assim como a história nacionalista <strong>da</strong> qual é o<br />

prolongamento, tem limites e encerra contradições que refletem<br />

acima de tudo as dificul<strong>da</strong>des <strong>da</strong> construção do Estado-nação com<br />

base nas fronteiras her<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>da</strong> colonização. Na euforia <strong>da</strong> soberania<br />

nacional reconquista<strong>da</strong>, a história está na ordem do dia e tem, <strong>da</strong>qui<br />

para frente, direitos adquiridos. Mas ela é ca<strong>da</strong> vez mais solicita<strong>da</strong><br />

por necessi<strong>da</strong>des contraditórias de uma socie<strong>da</strong>de em plena mutação<br />

no contexto do Estado-nação em construção.<br />

DISCURSO HISTÓRICO E IDEOLOGIA NACIONAL<br />

A ideologia nacionalista que teve como referência o passado glorioso<br />

<strong>da</strong> África é gradualmente substituí<strong>da</strong> pela ideologia nacional <strong>da</strong><br />

unanimi<strong>da</strong>de do partido único, e até do partido-Estado. Essa<br />

expressão unânime <strong>da</strong> história no contexto estreito <strong>da</strong>s fronteiras<br />

her<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>da</strong> colonização está em contradição com a reali<strong>da</strong>de<br />

histórica <strong>da</strong>s populações intransigentes na defesa <strong>da</strong>s diversas<br />

novas fronteiras dos Estados independentes. O Estado-nação<br />

encerra a história numa camisa de força dupla de unanimi<strong>da</strong>de e<br />

silêncio, que tendem a disfarçar diferenças e contradições na<br />

competição pelo acesso ao poder e às riquezas do Estado-nação.<br />

Conforme o país, a ideologia nacional cede lugar a um<br />

discurso histórico específico, que deriva <strong>da</strong>s diferentes tradições<br />

orais e de uma história difundi<strong>da</strong> pelas obras de novos historiadores<br />

profissionais formados na Universi<strong>da</strong>de. Ao mesmo tempo em que<br />

se proclama a unanimi<strong>da</strong>de nacional, se exalta com mais ou menos<br />

vigor a resistência do herói nacional escolhido no momento <strong>da</strong><br />

independência para servir de exemplo às novas gerações. É o caso<br />

de Lat-Joor no Senegal, de Samori Turé e Alfa Yaya na Guiné,<br />

enquanto Mali se volta para Sundjata, fun<strong>da</strong>dor do império de Mali.<br />

As tradições orais estão em alta e as rádios transmitem em<br />

profusão as narrativas dos griôs, cujo papel de detentores <strong>da</strong><br />

memória coletiva é reabilitado. Mas esse recurso à história é desigual.<br />

Certos reinos são privilegiados pelo papel que desempenharam

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