Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas
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Boubacar Barry <strong>Senegâmbia</strong>: o desafío <strong>da</strong> história regional 45<br />
Em termos intelectuais, pode-se dizer que Senghor, Cheikh<br />
Anta Diop e Abdoulaye Ly foram os três líderes que imprimiram<br />
a marca mais forte no pensamento nessa parte <strong>da</strong> África de língua<br />
francesa. Rivais irreconciliáveis na arena política, ele viveram<br />
intensamente os dois períodos cruciais do movimento nacionalista<br />
de independência e a luta pelo poder durante a fase de construção<br />
<strong>da</strong> nação. Por isso, eles eram onipresentes tanto em termos<br />
intelectuais quanto políticos, e ca<strong>da</strong> um à sua própria maneira,<br />
deixou uma marca profun<strong>da</strong> na história <strong>da</strong> Escola de Dakar, que<br />
se estendeu muito além dos estreitos limites do Senegal contemporâneo<br />
e açambarcou to<strong>da</strong>s as áreas do conhecimento.<br />
Através de sua poética de negritude, Senghor chamou atenção<br />
para específicas características e contribuição <strong>da</strong>s civilizações<br />
africanas. Ao afirmar a existência anterior de civilizações africanas,<br />
Cheikh Anta Diop reivindicou o direito à história, com uma visão<br />
<strong>da</strong> ressurreição <strong>da</strong> África em um espírito de uni<strong>da</strong>de. Na sua<br />
história <strong>da</strong> conexão entre continentes, Abdoulaye Ly apontou para<br />
a dependência <strong>da</strong> África e a necessi<strong>da</strong>de de romper o pacto colonial.<br />
No meu ponto de vista, é ain<strong>da</strong> muito cedo para avaliar a influência<br />
desses três homens porque as emoções ain<strong>da</strong> estão muito fortes,<br />
devido às suas posições políticas divergentes, que continuam a<br />
informar o debate sobre o futuro <strong>da</strong> África. De qualquer forma, a<br />
segun<strong>da</strong> geração de historiadores <strong>da</strong> Escola de Dakar se incumbiu<br />
de completar a tarefa de reabilitação de socie<strong>da</strong>des africanas com<br />
o propósito específico de descolonizar a história, e em qualquer<br />
circunstância contar a história de acordo com sua própria visão do<br />
passado, naquela fase eufórica de independência nacional quando<br />
as esperanças eram tantas.<br />
O período em torno de 1960 e 1980 foi marcado pela<br />
proliferação sem precedentes <strong>da</strong> produção historiográfica dos<br />
historiadores <strong>da</strong> Escola de Dakar em íntima colaboração com<br />
historiadores franceses, britânicos e americanos. Como resultado<br />
<strong>da</strong> descolonização, a partir desse momento, historiadores<br />
profissionais ensinavam não somente história africana, que tinha<br />
sido reintroduzi<strong>da</strong> nos currículos <strong>da</strong> escola secundária e <strong>da</strong><br />
universi<strong>da</strong>de, mas também conduziram pesquisa em larga escala<br />
em todos os campos. Deve-se dizer que a história pré-colonial <strong>da</strong>