Senegâmbia: O Desafío da História Regional - Casa das Áfricas
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Boubacar Barry <strong>Senegâmbia</strong>: o desafío <strong>da</strong> história regional 33<br />
colaboração mais estreita entre as diferentes disciplinas que têm,<br />
to<strong>da</strong>s, necessi<strong>da</strong>de de recolher, transcrever e traduzir as tradições<br />
orais, antes de explorá-las, pois, definitivamente, elas permanecem<br />
as principais fontes para testemunhar sobre nossas civilizações <strong>da</strong><br />
orali<strong>da</strong>de.<br />
CONCLUSÃO<br />
É difícil concluir esta reflexão sobre as tradições orais em função<br />
do grande número de linhas de pesquisa que se abre bruscamente<br />
para nós. Durante anos os historiadores privilegiaram em seu<br />
trabalho a coleta e o uso <strong>da</strong>s tradições orais e negligenciaram a<br />
reflexão sobre suas funções numa socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de.<br />
É evidente que as tradições orais, além do testemunho e<br />
informações que podem conter, antes de tudo constituem discursos<br />
históricos. Esse aspecto foi desprezado pelos primeiros usuários,<br />
que privilegiaram seu aspecto de documento oral em oposição ou<br />
como complemento ao documento escrito.<br />
Sem dúvi<strong>da</strong>, as tradições dinásticas, mais numerosas,<br />
privilegiaram a história política e é somente agora que os historiadores<br />
se interessam pelas tradições aldeãs e familiares, que<br />
permitem explorar a vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>da</strong>s populações, tanto quanto<br />
os conflitos sociais, as evoluções demográficas e climáticas.<br />
Charles Becker tem razão ao especificar que as fontes externas<br />
foram privilegia<strong>da</strong>s em relação às fontes internas na reescrita <strong>da</strong><br />
história <strong>da</strong> <strong>Senegâmbia</strong>. 25 Ele disputa com Mohamed Mbodj a<br />
coleta de tradições orais aldeãs. Quer dizer, as tradições orais, sob<br />
to<strong>da</strong>s as formas, adquiriram direito de ci<strong>da</strong>dão na elaboração <strong>da</strong><br />
história africana.<br />
A metodologia de abor<strong>da</strong>gem dessas tradições orais ca<strong>da</strong> vez<br />
mais se sofistica com historiadores profissionais como Henriette<br />
Diabaté, que escreveu um Essai de méthodologie des sources<br />
orales et Histoire à propos du Sannvi de Côte-d’Ivoire (Ensaio de<br />
metodologia <strong>da</strong>s fontes orais e história a respeito de Sannvi de<br />
25 Becker, Charles, 1987, Réflexions sur les sources de l’histoire de la<br />
Sénégambie, Paidenma 33, pp. 148-165.