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Mrio-Zambujal-Cronica-Dos-Bons-Malandros - Agrupamento de ...

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A Couve Lombarda não perdoava escassez <strong>de</strong> sabedoria e daí que tão<br />

<strong>de</strong>srespeitosa falta <strong>de</strong> conhecimentos sobre o Cruel ou justiceiro a <strong>de</strong>ixasse fula,<br />

sentenciando para tal crime a pena máxima: doze palmatoadas, doze, meia<br />

dúzia em cada mão, <strong>de</strong>sferidas com o entusiasmo que a zelosa educadora<br />

sempre colocava em tal tarefa.<br />

Pedro aguentou até à última sem que se lhe escutasse um ai. Quem o<br />

visse, e estavam a vê-lo trinta e três amedrontados parceiros, po<strong>de</strong>ria pensar<br />

que achava justo a punição e se lhe entregava <strong>de</strong> boamente para expiação do<br />

seu pecado histórico.<br />

Mentira, Tão mentira que, mal Dona Glória findou a operação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sagravo ao soberano, aconteceu uma coisa nunca vista. Ainda hoje, tantos<br />

anos passados, trinta e três testemunhas se interrogam se é verda<strong>de</strong>, ou se foi<br />

sonho, que ouviram Pedro berrar “ah, gran<strong>de</strong> vaca, que te parto os cornos”, e<br />

<strong>de</strong> imediato juntar o gesto à palavra, procurar com os olhos o que estivesse mais<br />

à mão, e logo havia <strong>de</strong> ser o retracto do Marechal António Oscar <strong>de</strong> Fragoso<br />

Carmona - Presi<strong>de</strong>nte da República -, porque o do Prof. António <strong>de</strong> Oliveira<br />

Salazar - Presi<strong>de</strong>nte do Conselho - estava do outro lado do quadro negro. E<br />

então, o Marechal António Óscar <strong>de</strong> Fragoso Carmona - Presi<strong>de</strong>nte da<br />

República - enfiou-se, com moldura, vidro e tudo, pela cabeça <strong>de</strong> Dona Glória, e<br />

não saía, o seu corpo gordo <strong>de</strong> Dona Glória dava saltos sobre as pernas gordas<br />

<strong>de</strong> Dona<br />

Glória, agitando, lá no alto, a cara magrinha e o bigo<strong>de</strong> farfalhudo do<br />

Marechal António Oscar <strong>de</strong> Fragoso Carmona - Presi<strong>de</strong>nte da República, e<br />

ninguém se mexia, nem o Pedro, nem os outros trinta e três, nem o Prof.<br />

António <strong>de</strong> Oliveira Salazar - Presi<strong>de</strong>nte do<br />

Conselho -, que ficara sozinho <strong>de</strong> guarda ao quadro negro.<br />

Diga-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já que, por esta vez, não levaram o assunto para a política.<br />

De qualquer modo foi a Guarda chamada e o respectivo cabo, após<br />

inteirar-se da extensão e gravida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>lito, retirou-se com o Pedro pendurado<br />

por uma orelha. Os outros trinta e três, à distância tida por conveniente,<br />

acompanharam-no no penoso trajecto: o <strong>de</strong> levar o agressor ao pai, que tremia<br />

<strong>de</strong> susto ao ver chegar o filho em tão incómoda postura.<br />

O cabo pôs a questão com clareza: “Ou você lhe dá uma surra das<br />

gran<strong>de</strong>s, ou levo-o ao posto e quem lha dá sou eu. “

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