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Mrio-Zambujal-Cronica-Dos-Bons-Malandros - Agrupamento de ...

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Os Beatles ouvidos em casa <strong>de</strong>la, ao serão, os pais <strong>de</strong>itados já, o Paul<br />

McCartney e os outros, o Lennon, o Harrison, o Ringo, muito fixes, fazendo<br />

acompanhamento aos seus beijos e abraços, Zinita <strong>de</strong> olhos húmidos,<br />

abandonada, <strong>de</strong>sfeita - e estava nisto quando Flávio, bem-educado, disse: “É<br />

tar<strong>de</strong>. Os teus pais hão-<strong>de</strong> querer dormir, <strong>de</strong>vem achar que são horas <strong>de</strong> eu ir<br />

andando... “<br />

Zinita, muda e quebrada, <strong>de</strong>sligou molemente o gira-discos, pegou-lhe na<br />

mão, foram pelo corredor, frente à porta do quarto dos pais Zinita falou -<br />

amanhã é sábado. Telefonas-me?”, <strong>de</strong>sceram as escadas até à porta da rua,<br />

Zinita abriu-a mas fechou-a com estrondo antes que Flávio saísse.<br />

Pssst...” Tinha um <strong>de</strong>do sobre os lábios e o nariz bicudinho . silenciando<br />

as perguntas do namorado surpreso. “Pssst...” Sentou-se no <strong>de</strong>grau, dobrada<br />

sobre os pés <strong>de</strong> Flávio, tirou-lhe docemente os sapatos, <strong>de</strong>pois segurou-o pela<br />

mão, puxou-o escada a cima, ele meio parvo, sem querer ir, mas indo.<br />

De novo o corredor, viagem <strong>de</strong> volta, Zinita fazendo o barulho dos passos<br />

calçados, Flávio no seu silêncio <strong>de</strong> peúgas e medo. “ Pssst... “, fez ela<br />

mudamente, o que disse alto e bom som foi “ até amanhã! “, e do fofo recato do<br />

seu leito, pai e mãe, a uma, respon<strong>de</strong>ram: “Até amanhã, filha! “<br />

Flávio sentiu-se abraçado e empurrado com brandura para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

quarto, era o quarto <strong>de</strong> Zinita - “mas tu estás doida?! “ -, ela enroscando-se,<br />

uma voz <strong>de</strong> mimo, “eu queria estar mais tempo contigo ...... Flávio à <strong>de</strong>riva<br />

entre dois <strong>de</strong>sejos, o <strong>de</strong> ficar e o <strong>de</strong> partir, foi ficando, ainda num murmúrio <strong>de</strong><br />

recriminações, sentados ambos sobre a colcha <strong>de</strong> seda com <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong><br />

borboletas.<br />

“Não te zangues, po<strong>de</strong>m ouvir-nos... “ Pendurou-se mais no corpo<br />

trémulo <strong>de</strong> Flávio, tombaram sobre as borboletas da colcha, <strong>de</strong> súbito Zinita<br />

<strong>de</strong>u um salto e um gritinho “ai que amarroto o vestido!” - e acto contínuo tirou-<br />

o. Flávio queria protestar, não protestou, estava <strong>de</strong> olhos e vida parados no<br />

soberbo corpo nu - não tanto assim, tinha as calcinhas e o soutien. Deu um<br />

passo para a agarrar, Zinita recuou - “<strong>de</strong>spe-te também! “ -, era uma or<strong>de</strong>m,<br />

obe<strong>de</strong>ceu numa pressa cheia <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, ficou <strong>de</strong> cuecas porque tudo na vida<br />

tem os seus limites.<br />

Grave seria também amarrotar a colcha das borboletas - lembrou ela e a<br />

tempo, acabaram por se <strong>de</strong>itar como <strong>de</strong>ve ser e, já agora, também por se <strong>de</strong>spir<br />

como <strong>de</strong>ve ser. As coisas são como são. Ao primeiro abraço terno e nu

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