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Mrio-Zambujal-Cronica-Dos-Bons-Malandros - Agrupamento de ...

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assim, aldrabão e sonso, gatuno entre os gatunos, tão doido por roubar que até<br />

parecia doença?...<br />

Doença talvez não. Mas o furto tinha para Silvino qualquer coisa <strong>de</strong><br />

sensual, <strong>de</strong> lúbrico, o prazer dos amores proscritos e ameaçados, a excitação do<br />

corpo e dos sentidos - e <strong>de</strong>pois daquela moleza boa <strong>de</strong> animal saciado.<br />

Agora ali estava, <strong>de</strong> novo, a prestar contas à justiça por ter saído da lei -<br />

não a justiça e a lei <strong>de</strong> que falavam os juizes e advogados, mas o seu próprio<br />

código, sete vezes jurado, sete vonta<strong>de</strong>s e sete <strong>de</strong>stinos embarcados no mesmo<br />

navio pirata, comprometidos à lealda<strong>de</strong>, nas marés boas e nas <strong>de</strong> tormenta, para<br />

a vida e para a morte.<br />

“Vinha alguém atrás <strong>de</strong> ti...”<br />

Nem era uma pergunta. Em quatro palavras o Doutor dissera o que todos<br />

tinham por certo, faltava saber quem, porquê, on<strong>de</strong> estavam os perseguidores.<br />

Enfiado, vencido, Silvino concluiu que não valia a pena mentir. Quis<br />

sossegar os outros, quais perseguidores, calma aí, por acaso uns vivaços tinham<br />

tentado <strong>de</strong>itar-lhe a luva, a ele, Silvino, recordista da Calçada da Glória, uma<br />

vez galgara-a com tal mecha que <strong>de</strong>ixou a cascos <strong>de</strong> rolha um magote gritando<br />

“agarra, agarra”, até se voltou para trás, riu-se-lhes nas trombas, segurou as<br />

partes com as duas mãos e respon<strong>de</strong>u: “Agarra mas é aqui!” já ele ia em S.<br />

Pedro <strong>de</strong> Alcântara ainda os artolas bufavam a meio da subida, <strong>de</strong> língua <strong>de</strong><br />

fora, até um atleta, pelo menos disseram-lhe que vinha lá um atleta, parece que<br />

olímpico, bai-bai, apanharam um bigo<strong>de</strong> dos antigos.<br />

“Vocês lembram-se, não se lembram? O Pedro que diga, ele viu tudo,<br />

estava lá em cima a gozar o prato.”<br />

hoje!”<br />

Pedro justiceiro, chamado a testemunhar, con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>u:<br />

“Foi mais ou menos isso. Mas hoje, pá! Queremos é saber o que se passou<br />

“Hoje? Ah, pois, hoje. Bem, foi a mesma coisa. Eu tinha-me <strong>de</strong>scuidado<br />

um pouco, ia nas calmas, quando olhei para trás, chiça, vinham aí uns oito<br />

mânfios a acelerar direito a mim. Man<strong>de</strong>i-lhes com a merda do rádio às pernas,<br />

<strong>de</strong>i um sprint dos meus, <strong>de</strong>ixei-os a milhas. “<br />

De um salto, Renato caíra-lhe em cima outra vez: “Rádio? Que rádio?<br />

Vomita já essa história toda antes que te rache a mona!”

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