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I CO - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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"AGORA ESTÁ DANDO APENAS PARA BOIAR"<br />

"O congelamento <strong>de</strong> preços dos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong><br />

petróleo e do álcool hidratado, <strong>de</strong> março a meados<br />

<strong>de</strong> julho, quando a inflação bateu 45%, sem dúvi-<br />

'a foi o gran<strong>de</strong> responsável pela queda <strong>de</strong> receitas<br />

do setor", queixa-se Abel Carparelli, presi<strong>de</strong>nte da<br />

Shell, o maior grupo estrangeiro do ranking. No<br />

ano todo, para uma inflação <strong>de</strong> 235,1%, medida<br />

pelo índice Geral <strong>de</strong> Preços, álcool e gasolina fo-<br />

ram reajustados em 147%. Pouco resolveu, por is-<br />

so, o aumento <strong>de</strong> 4% no consumo em relação a<br />

1984. Mesmo porque, alega Carparelli, a margem<br />

<strong>de</strong> comercialização dos produtos é reduzida — no<br />

caso da gasolina, por exemplo, 11 centavos <strong>de</strong> cru-<br />

zado por litro vendido. "Nunca tivemos um ano<br />

tão ruim como o <strong>de</strong> 1985", diz ele.<br />

O Plano Cruzado amenizou um pouco a situa-<br />

ção, pelo brutal aumento no consumo: 15% <strong>de</strong> ja-<br />

neiro a junho em relação ao mesmo período <strong>de</strong><br />

1985. Tal pressão, informa Carparelli, não foi con-<br />

tida pelo <strong>de</strong>pósito compulsório recém-criado. Ape-<br />

sar disso, as distribuidoras dificilmente terão lucro<br />

este ano. "Estávamos nadando numa piscina va-<br />

zia. Agora, encheram um pouco a piscina, mas es-<br />

tá dando apenas para boiar", observa ele.<br />

Para os fabricantes <strong>de</strong> cigarros o represamento <strong>de</strong><br />

preços foi igualmente indigesto. Entre eles está a Sou- /<br />

za Cruz, principal integrante do 10.° maior grupo do<br />

país e que, além da área <strong>de</strong> fumo, tem importantes ra-<br />

mificações no setor agroindustrial. Contudo, certa-<br />

mente o setor <strong>de</strong> cigarros contribuiu sobremaneira pa-<br />

ra o recuo <strong>de</strong> 4,4% das receitas e para a perda da 7."<br />

posição no ranking. Isso, apesar <strong>de</strong> o volume total <strong>de</strong><br />

cigarros vendidos no país ter crescido <strong>de</strong> 128 bilhões<br />

<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s em 1984 para 146,3 bilhões em 1985,<br />

superando o recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1980 (142,7 bilhões). Desse<br />

total, a Souza Cruz, segundo sua direção, ven<strong>de</strong>u<br />

118,3 bilhões <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s.<br />

Mas os estrangeiros, embora mais duramente<br />

atingidos, não são os únicos a enfrentar o proble-<br />

ma, que alcançou ainda um grupo estatal e um pri-<br />

vado. A Telebrás, por exemplo, acusou uma retra-<br />

ção <strong>de</strong> 6,7% nas receitas — as tarifas <strong>de</strong> telecomu-<br />

nicações tiveram reajuste <strong>de</strong> apenas 171,2% em<br />

1985. E a Brahma acabou alijada da relação dos 20<br />

maiores grupos privados nacionais. No ranking an-<br />

terior, era a 18." colocada. Apesar disso, manteve<br />

o 41.° posto entre os 50 maiores do país, graças à<br />

evolução <strong>de</strong> 15,9% nas receitas.<br />

Na verda<strong>de</strong>, a Brahma vinha per<strong>de</strong>ndo posições<br />

entre os 20 privados nacionais. Foi o 11.° em<br />

1983, o 13.» em 1984 e o 18.° em 1985. Primeiro<br />

foram os efeitos da recessão que, para a empresa,<br />

persistiram até o início do ano passado. Depois fo-<br />

ram os preços. "O controle do CIP nos afetou di-<br />

retamente", diz o presi<strong>de</strong>nte Karl Hubert Gregg.<br />

Em abril, maio e junho não houve reajustes, apesar<br />

da inflação. As coisas só melhoraram no segundo<br />

semestre: "O aumento do po<strong>de</strong>r aquisitivo da po-<br />

pulação, combinado com a forte ajuda do calor,<br />

"O MELHOR DESEMPENHO DESDE 1981-<br />

permitiu o aumento da produção e das vendas, me-<br />

lhorando sensivelmente nosso <strong>de</strong>sempenho", ob-<br />

serva Gregg. De quebra, o CIP permitiu reajustes<br />

em agosto. Graças a isso tudo, mais o início do en-<br />

garrafamento da Pepsi Cola, pela Brahma, as,re-<br />

ceitas tiveram um crescimento até superior aos<br />

13,1% do setor <strong>de</strong> bebidas como um todo. Gregg<br />

mostra-se otimista e promete: "Em 1986 estare-<br />

mos <strong>de</strong> novo entre os 20 primeiros. Já temos 18'.<br />

mil empregados. O patrimônio, o ativo e as recei-<br />

tas vão aumentar muito também".<br />

A Alpargatas, por razões diversas, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> fi-<br />

gurar entre os 20 maiores grupos privados nacio-<br />

nais. Em compensação, voltou a participar da rela-<br />

ção dos-50 maiores, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> havia saído em 1984,<br />

graças à expansão real, no ano passado, <strong>de</strong> 25,1%<br />

das receitas. A ausência num e a presença noutro<br />

ranking tem explicação no avanço — excepcionai<br />

às vezes — <strong>de</strong> outros grupos privados nacionais.<br />

Na medida em que a economia e os negócios cres-<br />

cem, fica mais difícil conseguir uma boa classifi-<br />

cação para chegar aos 20 maiores. Em 1983, auge<br />

da recessão, era necessário um mínimo <strong>de</strong> 21 pon-<br />

tos para entrar nesse ranking; em 1984, 19; e em<br />

1985, 16. A Alpargatas conseguiu, nesta última<br />

rodada, 14. Chegou entre os 20 apenas quanto ao<br />

número <strong>de</strong> empregados (7.° lugar), embora, nesse<br />

item, estivesse mais bem colocada em 1984 (5.'').<br />

Tudo seria perfeitamente normal se, <strong>de</strong> um ano para<br />

outro, o contingente <strong>de</strong> funcionários não tivesse<br />

crescido <strong>de</strong> 26,5 mil para 29,4 mil.<br />

Nem sempre, porém, mostra a <strong>Pesquisa</strong> EXA-<br />

ME, o melhor é o maior — e vice-versa. A Alpar-<br />

gatas, por sinal, alcançou, em 1985, o 6.° lugar en-<br />

tre os mais rentáveis. Em 1984, era o 16.°. O ano<br />

passado, confirma David Reeves, presi<strong>de</strong>nte do<br />

grupo, foi o <strong>de</strong> melhor <strong>de</strong>sempenho da Alpargatas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981. "A reativação do consumo interno <strong>de</strong><br />

têxteis e calçados compensou a queda <strong>de</strong> 1,3 mi-<br />

lhões <strong>de</strong> dólares em nossas exportações", diz Ree-<br />

ves. Além disso, dona <strong>de</strong> um dos maiores índices<br />

<strong>de</strong> capitalização do ranking (66,8%), a Alpargatas<br />

beneficiou-se com a alta rentabilida<strong>de</strong> das aplica-<br />

ções financeiras, incluindo aí o financiamento a<br />

clientes. Essa posição privilegiada, conseguida"<br />

através <strong>de</strong> uma "férrea disciplina" nos tempos <strong>de</strong><br />

recessão, permite pensar, agora, em ampliar os in-<br />

vestimentos. As dotações para isso, <strong>de</strong> 20 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares por ano em 1982 e 1984, chegaram a 40<br />

milhões <strong>de</strong> dólares no ano passado e <strong>de</strong>vem alcan-<br />

çar 70 milhões este ano.<br />

A mesma reativação do mercado interno, que fa-<br />

voreceu a Alpargatas, acabou alçando à constela-<br />

ção dos gran<strong>de</strong>s grupos privados nacionais duas<br />

novas estrelas: Belgo Mineira e Moinho Santista.<br />

E mostra a quebra, ano passado, da <strong>de</strong>pendência<br />

das exportações, principal área <strong>de</strong> crescimento nos<br />

anos anteriores (as exportações brasileiras, convém<br />

lembrar, caíram <strong>de</strong> 27 bilhões <strong>de</strong> dólares em 1984<br />

.para 25,6 bilhões em 1985). A Si<strong>de</strong>rúrgica Belgo<br />

Mineira é a principal <strong>de</strong> um conglomerado <strong>de</strong> mais<br />

19 empresas coligadas ou por ela controladas. Seu<br />

faturamento eqüivale a mais da meta<strong>de</strong> do conse-<br />

guido pelas outras — chegou, em 1985, a beirar 2<br />

bilhões <strong>de</strong> cruzados. Mas suas exportações caíram<br />

<strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> dólares em 1984 para 35 milhões<br />

<strong>de</strong> dólares em 1985, pela retração das vendas <strong>de</strong><br />

arames, fios e ferro-gusa. Motivo: barreiras impos-<br />

tas pelos países <strong>de</strong>senvolvidos e aumento da <strong>de</strong>-<br />

manda no mercado interno. O crescimento das re-<br />

ceitas — 2%, dos mais baixos do ranking, é verda-<br />

<strong>de</strong> — foi suficiente para colocar a Belgo em 46."<br />

lugar entre os 50 maiores grupos. E a colocação<br />

por ativos (7.') e por patrimônio líquido (6.') <strong>de</strong>-<br />

ram a ela o 13.° posto na lista dos 20 maiores gru-<br />

pos privados nacionais.<br />

A outra nova estrela — Moinho Santista — também<br />

teve redução <strong>de</strong> exportações. A queda, <strong>de</strong> 62,6 mi-<br />

lhões para 59,4 milhões <strong>de</strong> dólares, entre junho <strong>de</strong><br />

1984 e junho <strong>de</strong> 1985, período que compreen<strong>de</strong> o<br />

exercício social do grupo, aconteceu por duas razões,<br />

segundo o presi<strong>de</strong>nte Esmeril Stocco Vieira. A pri-<br />

meira foi a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda no mer-

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