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SOCIEDADE, ÉTICA E POLÍTICA - Início

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em ser eficiente. A questão não é mais a justiça. A questão é eficiência econômica e essa<br />

eficiência vai surgir no século XVI e XVII pelo recurso ao mercantilismo, quer dizer, a um tipo<br />

de economia em que o Estado tem um papel prioritário na direção da sociedade. Mas de qualquer<br />

forma, o que nos interessa aqui é que com isso não tem mais sentido um rei pretender apenas<br />

aplicar os valores morais.<br />

A Ética do Mando<br />

Antônio Cândido<br />

Com o rei Ricardo II nós temos muitas oportunidades de ver o funcionamento do mando e o<br />

funcionamento da transgressão. O problema envolve muitos problemas.<br />

Obediência e Transgressão<br />

O mando legítimo é um mando que deve ser obedecido. A ética de cada um, a conduta moral de<br />

cada um, está ligada a sua obediência ao mando legítimo. A Ética de quem manda está ligada ao<br />

exercício adequado desse poder, está o tempo todo em Ricardo II, nós temos então isso. Surge um<br />

problema ético muito sério quando essa capacidade de mandar perde a sua legitimidade, quem é<br />

obrigado a obedecer deve obedecer? Surge aí uma incógnita. Eu tenho que seguir um rei legítimo<br />

pelo sangue até os seu maiores desvarios? Há um momento em que essa crise do mando, essa<br />

crise interna do mando justifica a desobediência. No Ricardo III este problema não é resolvido,<br />

mas ele é colocado. Ele não é resolvido porque ficamos muito em dúvida se o ato de Henrique de<br />

Bolembroock foi uma transgressão legítima ou uma transgressão ilegítima. Shakespeare dá<br />

elemento para nós pensarmos as duas coisas, mas o importante é que nós pensemos as duas<br />

coisas, que nós fiquemos bem conscientes de que houve um momento de que com toda a unção<br />

divina, de que com toda a capacidade de mandar, Ricardo II não podia mais mandar porque não<br />

correspondia ao bem público.<br />

A partir desse momento a legitimidade se desfaz, porque a legitimidade não é uma coisa simples,<br />

ela é parte de uma estrutura. E nessa estrutura nós temos o princípio, a função e a pessoa. O<br />

princípio continua, a função está em crise e a pessoa não funciona mais.<br />

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