a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio
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informações que se refer<strong>em</strong> à vida interna da nossa Igreja, a respeito das quais existe um entendi-<br />
mento solene <strong>de</strong> que não serão feitas públicas, pelo menos durante a vida das pessoas envolvidas.”<br />
Ao mesmo t<strong>em</strong>po, o Car<strong>de</strong>al ofereceu a formação <strong>de</strong> uma comissão conjunta <strong>de</strong> especialistas, ju-<br />
<strong>de</strong>us e católicos, que, após se <strong>de</strong>bruçar<strong>em</strong> sobre o vasto material já publicado, po<strong>de</strong>riam apresentar<br />
d<strong>em</strong>andas <strong>de</strong> esclarecimentos ulteriores. Nesse caso, a Santa Sé estaria disposta a permitir uma<br />
pesquisa mais profunda dos arquivos vaticanos. Tal proposta, acolhida pelo nosso Comitê <strong>de</strong> Liga-<br />
ção, foi explicitamente assumida pela Santa Sé, através <strong>de</strong> nota publicada <strong>em</strong> L’Osservatore Ro-<br />
mano, no dia <strong>de</strong> clausura do encontro.<br />
A posição do Vaticano, <strong>em</strong> relação à atuação <strong>de</strong> Pio XII, se po<strong>de</strong> resumir do seguinte mo-<br />
do. Em primeiro lugar, a verda<strong>de</strong> sobre os campos <strong>de</strong> extermínio só foi conhecida paulatinamente.<br />
Não nos esqueçamos <strong>de</strong> que, <strong>em</strong>bora os campos <strong>de</strong> concentração existiss<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes da Guerra,<br />
a <strong>de</strong>cisão sobre a Endlösung (a “solução final”) parece ter sido tomada pela cúpula nazista apenas<br />
<strong>em</strong> 1941. Como conseqüência da correspondência enviada pelos núncios na Al<strong>em</strong>anha e nos países<br />
ocupados, Pio XII <strong>de</strong>nunciou, na radiomensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Natal <strong>de</strong> 1942, que “centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />
pessoas, s<strong>em</strong> qualquer culpa própria, talvez apenas <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> sua nacionalida<strong>de</strong>, ou da sua estir-<br />
pe, são <strong>de</strong>stinadas à morte ou a uma extinção progressiva.” Em segundo lugar, a Santa Sé serviu,<br />
ao longo da Guerra, como uma ponte para aliviar os sofrimentos <strong>de</strong> prisioneiros e <strong>de</strong>portados, <strong>em</strong><br />
ambos os bandos. A Pontifícia Obra <strong>de</strong> Assistência canalizava a correspondência para prisioneiros<br />
<strong>de</strong> todos os tipos. Foram muitos milhões <strong>de</strong> cartas e <strong>de</strong> pacotes <strong>de</strong> ajuda que passaram pelo Vatica-<br />
no. Era preciso <strong>de</strong>ixar abertos esses canais <strong>de</strong> comunicação. A política constante da Santa Sé é e<br />
foi s<strong>em</strong>pre a <strong>de</strong> não tomar jamais a iniciativa do rompimento <strong>de</strong> relações diplomáticas. Pod<strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar-se, a esse respeito, os casos da União Soviética, no momento do triunfo da revolução<br />
bolchevique, da China após a vitória do comunismo, <strong>de</strong> Cuba, quando o regime <strong>de</strong> Fi<strong>de</strong>l Castro<br />
expulsou mais <strong>de</strong> trezentos sacerdotes e mais <strong>de</strong> mil freiras.<br />
Ao t<strong>em</strong>po da Segunda Guerra Mundial, enquanto as potências oci<strong>de</strong>ntais solicitavam uma<br />
<strong>de</strong>núncia mais explícita do nazismo, a Al<strong>em</strong>anha pedia uma con<strong>de</strong>nação pública do bolchevismo, e<br />
quase que a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> uma Cruzada contra a União Soviética. A Santa Sé não fez n<strong>em</strong> uma<br />
coisa n<strong>em</strong> a outra, pois preferiu ter a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>diálogo</strong> com todos. Em relação aos ju<strong>de</strong>us,<br />
Pio XII, conforme aparece na correspondência com vários núncios dos países ocupados pelos ale-<br />
mães, ficou hesitante sobre o que seria mais eficaz: se “uma reserva e um silêncio pru<strong>de</strong>ntes ou<br />
uma palavra franca e uma ação vigorosa”. A própria Cruz Vermelha Internacional estava conven-<br />
cida <strong>de</strong> que “as protestas seriam inúteis e que inclusive teriam produzido um serviço ruim para as<br />
pessoas a qu<strong>em</strong> se pretendia ajudar”. L<strong>em</strong>bre-se, a esse respeito, para enten<strong>de</strong>r a dúvida, que a<br />
protesta dos bispos holan<strong>de</strong>ses pela <strong>de</strong>portação dos ju<strong>de</strong>us dos Países Baixos, <strong>em</strong> lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>tê-la,<br />
a ampliou, incluindo na nefasta ação também os que se tinham convertido ao Catolicismo, entre os<br />
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