a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

Como ponto de comparação, pode evocar-se a resposta de Stalin a Churchill, quando, na
Conferência de Ialta, este último levantou a objeção de que o Papa poderia protestar pela nova or-
dem européia que lá se desenhava, e que resultou na sujeição de numerosas nações à tirania sovié-
tica. “Quantas divisões tem o Papa?”, perguntou o czar vermelho. É claro que os ditadores enten-
dem somente a linguagem da força.
Na caminhada da Igreja Católica rumo ao Terceiro Milênio, e em seu desejo de reconcilia-
ção e penitência, não podemos deixar de assinalar as declarações recentes de vários episcopados,
sobretudo europeus, relacionadas com a Shoah: os Bispos da Hungria (26 de outubro de 1992), os
Bispos alemães (17 de janeiro de 1995), os Bispos dos Estados Unidos (27 de janeiro de 1995), os
Bispos holandeses (outubro de 1995), os Bispos suíços (cinco de março de 1997) e os Bispos
franceses (30 de setembro de 1997). De modo especial impressionam, pela sinceridade e
humildade, as declarações dos alemães e franceses.
Desejo concluir estas reflexões fazendo minhas as palavras do comunicado conjunto apro-
vado no fim da reunião do International Jewish-Catholic Liaison Committee, já citada: “Ao discu-
tir a preparação para o próximo Milênio/Jubileu do ano 2000, a ênfase foi colocada sobre a visão
proposta pelo Papa João Paulo II, de que a virada do milênio cristão deveria fornecer à Igreja a
oportunidade de uma penitência interior (confissão/conversão interior; heshbon hanefe-
sh/teshuvah), não apenas ao considerar a teologia cristã antijudia, mas também os maus tratos in-
fligidos aos judeus ao longo de todo o espectro histórico. Tal consideração cristã poderia servir de
base para lançar os fundamentos de uma reconciliação ulterior entre judeus e católicos, capaz de
mudar profundamente para melhor, durante o próximo milênio, a nossa história comum, tantas
vezes marcada pelas contendas.”
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