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a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

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s<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r, s<strong>em</strong> terra e moradia, s<strong>em</strong> voz e s<strong>em</strong> trabalho. Anunciar a mística cristã e o futuro pre-<br />

conizado pela sua Boa-Notícia, nesse contexto, implica libertação dos <strong>em</strong>pobrecidos e inculturação<br />

do Evangelho. A Igreja <strong>de</strong>ve pulsar com o coração <strong>de</strong>ste “século mau”, procurando, na missão <strong>de</strong><br />

vitalizá-lo, a fonte para o seu próprio funcionamento e estrutura.<br />

Com efeito, o mundo que nos foi dado para viver – e salvar – é o da cida<strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna, e<br />

esses são os seus <strong>de</strong>safios. No ano 2000, o Brasil já possuía uma população urbana <strong>de</strong> 138 milhões<br />

<strong>de</strong> pessoas e a população rural era só <strong>de</strong> 34 milhões. Em pouco t<strong>em</strong>po, estar<strong>em</strong>os todos morando<br />

<strong>em</strong> cida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, com mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> habitantes – é a tendência mundial. Nessas cida<strong>de</strong>s<br />

existe mais liberda<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> vida, contudo também mais estresse, poluição e <strong>de</strong>gradação.<br />

Os ricos criam privês arborizados no seu entorno, enquanto os pobres se apertam nos conjuntos e<br />

favelas próximas do comércio e dos escritórios.<br />

Como po<strong>de</strong> a Igreja se articular nessas “ilhas” pós-mo<strong>de</strong>rnas? Precisaria criar grupos dinâ-<br />

micos <strong>de</strong> vida cristã e missão urbana que, no seu próprio meio, chamass<strong>em</strong> as pessoas para aceitar<br />

o amor <strong>de</strong> Deus e viver nele e <strong>de</strong>le – o que ensejaria “viagens” solidárias às “ilhas” dos outros.<br />

Mas nossas estruturas paroquiais <strong>católica</strong>s foram uniformizadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> – e para – o mundo rural<br />

medieval e suas polifônicas liturgias... Nas cida<strong>de</strong>s, a fé não se transmite mais por tradição familiar<br />

ou pressão social, a religião é uma escolha que a pessoa po<strong>de</strong> fazer livr<strong>em</strong>ente e se uma Igreja quer<br />

comunicar salvação, t<strong>em</strong> que mostrar sinais <strong>de</strong>ssa experiência – para além da encenação litúrgica,<br />

que é o seu “ensaio”.<br />

Não é <strong>de</strong> admirar, então, que no Brasil, <strong>em</strong> cinqüenta anos, os católicos tenham passado <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> 90% da população, para pouco mais <strong>de</strong> 70% no ano 2000 (<strong>em</strong> algumas cida<strong>de</strong>s mais<br />

adiantadas já são quase somente a meta<strong>de</strong> do povo – e o probl<strong>em</strong>a maior é que não se sabe b<strong>em</strong> o<br />

que fazer com os que restaram!). Cresc<strong>em</strong> muito os pentecostais (15% <strong>em</strong> 2000), os espíritas e<br />

também os “s<strong>em</strong>-religião” (7,3%). Na Região Metropolitana do Recife, por ex<strong>em</strong>plo, as crenças<br />

das pessoas já se <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> mais pelo corte protestante pentecostal e/ou pelo sincretismo<br />

espiritualista: “Quarenta e um por cento acreditam <strong>em</strong> Jesus e seus ensinamentos.<br />

A crença <strong>em</strong> Jesus Cristo, Maria e nos ensinamentos<br />

da Igreja Católica é indicada por 31%, enquanto 14% dos<br />

indivíduos apresentam a crença <strong>em</strong> Deus ou <strong>em</strong> uma Força<br />

Superior, s<strong>em</strong> pertencer a nenhuma religião específica como<br />

sua opção. Numa escala inferior a 10%, registramos que 6%<br />

dos/as entrevistados/as crê<strong>em</strong> <strong>em</strong> Jesus como Espírito <strong>de</strong> Luz<br />

e na Reencarnação dos mortos; 5% <strong>de</strong> entrevistados/as afirmam<br />

ser<strong>em</strong> ateus/atéias; os indivíduos que acreditam <strong>em</strong> Orixás,<br />

Guias e <strong>em</strong> Antepassados Ancestrais somam 1%...” 9<br />

9 CERIS. Tendências atuais do catolicismo no Brasil. <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: Ceris (mimeo.), p. 286.<br />

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