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a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

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Sutra I - O espírito do <strong>diálogo</strong> inter-religioso não precisa ter nascido <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

tradição, e sim renascer nela<br />

Quando o Cristianismo encontra outra religião, atualmente, o faz com nítida vantag<strong>em</strong> na lite-<br />

ratura sobre o <strong>diálogo</strong>. Não há nada <strong>em</strong> nenhuma outra religião do mundo que se compare à refle-<br />

xão teológica que se encontra espalhada no mundo cristão. Contudo, é necessário repudiar a alega-<br />

ção <strong>de</strong> que a inspiração básica para dialogar com as religiões do Japão - o Xintoísmo, o Budismo, a<br />

religião popular e os novos movimentos religiosos - tenha nascido sob o magistério ou a escritura<br />

<strong>de</strong> minha própria tradição.<br />

Nunca encontrei nenhuma evidência <strong>de</strong> que algum dos parceiros que tiv<strong>em</strong>os pu<strong>de</strong>sse ter feito<br />

tal reivindicação, <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> sua própria tradição. Os pioneiros do <strong>diálogo</strong> tiveram <strong>de</strong> se confron-<br />

tar o t<strong>em</strong>po inteiro com uma sucessão <strong>de</strong> passagens <strong>de</strong> escrituras e crenças tradicionais que os cen-<br />

suravam pelo que estavam fazendo. No caso do Nanzan Institute, o ar já estava limpo quando a pá<br />

cavou a terra, no preparo do terreno para as construções. Esta reversão <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos, que trouxe o<br />

<strong>diálogo</strong> para a vanguarda da reflexão teológica e <strong>em</strong>prestou o peso da tradição a este esforço, mui-<br />

tas vezes dá a impressão <strong>de</strong> que o <strong>diálogo</strong> é uma aventura distintamente cristã. Os fatos relativos à<br />

essa questão exig<strong>em</strong> mais humilda<strong>de</strong>.<br />

O Cristianismo não partiu, por iniciativa própria, para dialogar com as gran<strong>de</strong>s religiões do<br />

mundo. Umas poucas pessoas <strong>de</strong> visão perceberam uma mudança <strong>em</strong> andamento na consciência<br />

secular, relativa à promessa <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> religiosa. Reconheceram-na como algo <strong>de</strong> importância<br />

espiritual, envolveram-se nela contra a oposição e perseveraram até a hora <strong>de</strong> o próprio establish-<br />

ment religioso assumir o espírito do <strong>diálogo</strong>, <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> sua própria herança perene. Quando o<br />

Concílio Vaticano II fez seus pronunciamentos <strong>de</strong> abertura para as religiões não-cristãs e para a<br />

liberda<strong>de</strong> religiosa - bastante dóceis, para os padrões atuais -, não estava iniciando uma mudança<br />

<strong>de</strong> coração, mas reconhecendo sua presença. Esse reconhecimento s<strong>em</strong> dúvida marcou o divisor <strong>de</strong><br />

águas da história do <strong>diálogo</strong>, apoiando aqueles que limparam o caminho para os cristãos reconhe-<br />

cer<strong>em</strong> a verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> outros caminhos religiosos.<br />

Se o Cristianismo apressou-se, para evoluir <strong>em</strong> relação à diversida<strong>de</strong> religiosa, agora t<strong>em</strong> se<br />

lançado <strong>em</strong> números significativos. A maior prova <strong>de</strong> que o espírito do <strong>diálogo</strong> renasceu, no Cris-<br />

tianismo, não é ausência <strong>de</strong> perseguição. É a reinterpretação da tradição religiosa, possibilitando a<br />

abertura a outras crenças como conseqüência natural <strong>de</strong> nossa própria fé. Figuras negligenciadas<br />

do passado, cujas idéias sobre o <strong>diálogo</strong> foram marginalizadas, são agora apresentadas no centro<br />

das atenções, com orgulho. Não há razão para acusar teólogos <strong>de</strong> revisionismo histórico. Esse é o<br />

modo como as tradições religiosas s<strong>em</strong>pre ten<strong>de</strong>ram a funcionar. Muito mais importante que o fato<br />

<strong>de</strong> o <strong>diálogo</strong> não ter nascido diretamente <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada tradição - para o Cristianismo e<br />

qualquer outra religião - é o fato <strong>de</strong> ele estar renascendo <strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong>las. Este renascimento<br />

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