13.04.2013 Views

a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

a igreja católica em diálogo - Centro Loyola de Fé e Cultura / PUC-Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

outra época, outro contexto cultural – no que ele retruca: tudo b<strong>em</strong>, compro passagens para o Pací-<br />

fico e voltamos com os papéis legalizados... Isso para não l<strong>em</strong>brarmos <strong>de</strong> como a novela das oito<br />

<strong>de</strong>spertou sub-reptícios arroubos <strong>de</strong> conversão ao islã, por parte <strong>de</strong> preten<strong>de</strong>ntes a uma segunda –<br />

ou terceira – esposa. Há outro t<strong>em</strong>po – e espaço – s<strong>em</strong>pre ao nosso alcance<br />

Constrói-se uma cultura que é simultaneamente do eterno e do efêmero, porque alcança to-<br />

da a seqüência passada e futura das expressões culturais e porque cada organização <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />

contexto e do objetivo da construção cultural solicitada: enquanto as enciclopédias organizaram o<br />

conhecimento humano por ord<strong>em</strong> alfabética ou tábua cronológica, a mídia eletrônica fornece aces-<br />

so à informação, expressão e percepção <strong>de</strong> acordo com os impulsos do seu consumidor ou <strong>de</strong>cisões<br />

do produtor, quebrando a or<strong>de</strong>nação normal dos eventos. A eliminação da seqüência cria t<strong>em</strong>po<br />

não-diferenciado, o que equivale à “eternida<strong>de</strong>”.<br />

Por outro lado, a ocorrência dos t<strong>em</strong>pos é sist<strong>em</strong>aticamente misturada, o que permite a rea-<br />

lização <strong>de</strong> transações <strong>de</strong> capital <strong>em</strong> frações <strong>de</strong> segundos, <strong>em</strong>presas com jornada <strong>de</strong> trabalho flexí-<br />

vel, t<strong>em</strong>po variável <strong>de</strong> serviço e lojas convenient<strong>em</strong>ente abertas vinte e quatro horas, in<strong>de</strong>termina-<br />

ção do ciclo da vida e busca da eternida<strong>de</strong> por intermédio da negação da morte, guerras instantâ-<br />

neas ao vivo na televisão (que se confund<strong>em</strong> com os onipresentes jogos eletrônicos, a fundir<strong>em</strong> e<br />

rimar<strong>em</strong> diversão com dominação) e, enfim, cultura do “t<strong>em</strong>po virtual”. Napoleão, por falarmos<br />

nisso, podia ditar até seis cartas simultaneamente, para diferentes secretárias: mas hoje até eu pos-<br />

so abrir ainda mais “janelas” (<strong>de</strong> trabalho e/ou divertimento) na telinha do meu notebook (a propó-<br />

sito, “janelas culturais” ou “cultura das janelas” – ou windows, se quiser<strong>em</strong> – podia ser um bom<br />

epíteto para a nossa época; como também é bom indicativo da nossa era o fato <strong>de</strong> que a interface<br />

da próxima versão do sist<strong>em</strong>a operacional <strong>de</strong> Bill Gates vá se chamar “avatar” – expressão hindu<br />

para indicar a materialização <strong>de</strong> um ser divino).<br />

Quer<strong>em</strong>os Deus, homens ingratos (ou das possibilida<strong>de</strong>s teológicas <strong>de</strong> evangelização <strong>de</strong>sse<br />

“admirável mundo novo”)<br />

A Igreja, com seu tesouro simbólico <strong>de</strong> valores e sentidos para a vida, <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r abrir por-<br />

tas nessa “al<strong>de</strong>ia global” que teima <strong>em</strong> se fechar <strong>em</strong> um “pensamento único”, <strong>de</strong>ve questionar a<br />

relativização ético-mítica <strong>em</strong>preendida pela pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como o utilitarismo <strong>de</strong>senrai-<br />

zado <strong>de</strong>sse processo civilizatório – que se d<strong>em</strong>onstra, não poucas vezes, s<strong>em</strong> civilida<strong>de</strong> alguma:<br />

basta ver as suas gerações <strong>de</strong> yuppies e/ou punks malcriados e “clonados” pelos shoppings e par-<br />

ques afora, ou ver a meninada do tipo “gomalina com celular” nos bancos das nossas escolas e<br />

universida<strong>de</strong>s.<br />

A cida<strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna, por seu turno, questiona a cultura <strong>católica</strong> tradicional, com suas pa-<br />

róquias fechadas e paradas, com sua organização <strong>em</strong> territórios d<strong>em</strong>arcados como na Ida<strong>de</strong> Média<br />

44

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!