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Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

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asileira 5 e essa afirmação, normalmente aceita como um fato, implica<br />

o questionamento sobre as condições que geraram essa peculiar<br />

dinâmica social. Afinal, nem todas as sociedades presenciaram em seu<br />

processo de constituição do Estado Nacional a forte conexão entre<br />

pensamento e ação política, como encontramos no caso brasileiro.<br />

Então como esse processo deu-se aqui? Essa pergunta é pertinente<br />

porque é no protagonismo das ideias e dos intelectuais com ação pública<br />

que reside grande parte da importância e da contribuição do<br />

pensamento de Celso Furtado – autor que espelha com força esse<br />

paradigma.<br />

Creio que o ponto de partida para compreendermos o papel<br />

proeminente dos pensadores no espaço da vida pública nacional no<br />

período indicado passa pela condição específica da periferia colonial,<br />

dotada de racionalidade e características distintas daquele movimento<br />

de modernização que marca a passagem das sociedades tradicionais<br />

para o modelo capitalista urbano-industrial, cuja mais sintética representação<br />

mental é dada pelo paradigma da Revolução Burguesa.<br />

Furtado debruçou-se minuciosamente sobre esse problema em três<br />

obras importantes: Formação econômica do Brasil (1959), Formação<br />

econômica da América Latina (1969) e Teoria e política do desenvolvimento<br />

econômico (1967).<br />

O argumento significativo para confrontar esse paradigma constata<br />

que nos países que se modernizaram em situação de capitalismo<br />

genético (primeira geração), a transição do Ancien Régime para<br />

a formação liberal-burguesa teve como característica política basilar<br />

uma dinâmica em que mudanças oriundas da sociedade (decorrentes<br />

de novas relações de produção, de novos interesses econômicos,<br />

demandas políticas e outra visão de mundo) produziram instituições<br />

políticas inéditas, mais coerentes com os novos atores e com nova<br />

racionalidade. Nas sociedades de tipo “tardio-periférico”, ao contrário,<br />

a introdução das instituições e valores modernos não resultou da<br />

ação da sociedade em direção à redefinição da dimensão política já<br />

que, em grande medida, tanto a orientação da produção quanto de<br />

5 As formulações sobre intelectuais e vida pública são variadas, mas podemos<br />

citar como referência desse apontamento autores como Pécaut (1990), Ianni<br />

(1992), Bastos & Rego (1999) e Brandão (2007).<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 88-119 | mAio > AgoSto 2012<br />

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