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Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

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(1934), de Samuel Ramos, Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar<br />

(1940), de Fernando Ortiz, e, um pouco mais tarde, El laberinto<br />

de la soledad (1950), de Octavio Paz. Em uma atitude diferente da<br />

que havia, até então, prevalecido na região e, em certo ponto, ligados<br />

ao que pode ser vagamente chamado de modernismo, muitos desses<br />

ensaios não buscam tanto soluções para os males de suas sociedades,<br />

mas visam entender os dilemas que elas enfrentam (MORSE, 1996) 3 .<br />

Talvez se pudesse até sugerir que o ensaio, “forma entre a poesia e<br />

a ciência”, tenha sido o principal meio utilizado por intelectuais latino-<br />

americanos para expressarem os problemas de suas sociedades em um<br />

momento de consolidação, ainda precário, do campo intelectual. Em<br />

outras palavras, o intelectual já não era literato, mas ainda não tinha<br />

se convertido em especialista. Nesse sentido, o ensaio ocupa, por definição,<br />

uma posição ambígua. Resiste à especialização, mas ao mesmo<br />

tempo a pressupõe, na perspectiva integradora que pretende assumir. É<br />

também, em certa medida, expressão da emergência de um mercado<br />

editorial, em que já há espaço para esse tipo de livro (RAMOS, 2003).<br />

Em outra orientação, o ensaio de interpretação do Brasil assume,<br />

para alguns, um significado bastante específico. De acordo com Bolívar<br />

Lamounier, por exemplo, os livros do pensamento autoritário, que se<br />

popularizaram nos primeiros anos do século XX com a crítica ao novo<br />

regime republicano, seguiriam um quase padrão narrativo: “Invariavelmente<br />

se inicia[m] com amplas reflexões histórico-sociológicas sobre a<br />

formação colonial do país, estende[m]-se no diagnóstico do presente (...)<br />

e culmina[m] na proposição de algum modelo alternativo de organização<br />

político-institucional” (LAMOUNIER, 1990, p. 345, grifos do autor).<br />

Outros destacam como Freyre, Holanda e Prado Jr. escreveram seus<br />

primeiros livros em um momento em que ainda não se tinham conso-<br />

3 É verdade que Martinez Estrada, nas últimas linhas de Radiografia de la<br />

pampa, não deixa de sugerir uma certa terapêutica: “Conforme esta obra e esta<br />

vida imensas vão caindo no esquecimento, nos volta a realidade profunda.<br />

Temos que aceitá-la corajosamente, para que nos deixe de perturbar: termos<br />

consciência dela, para que se esfume e possamos viver unidos com saúde”<br />

(MARTINEZ ESTRADA, 1996, p. 256). Também Paz reconhece que “a crítica<br />

do México e de sua história (é) uma crítica que se assemelha à terapêutica dos<br />

psicanalistas” (PAZ, 2004, p. 403).<br />

18 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 14-39 | mAio > AgoSto 2012

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