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Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

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pelas primeiras reações políticas contra ela. A crise de 1929 encerrou<br />

todas as possibilidades de preservar a “civilização liberal” e favoreceu<br />

as reações políticas a que nos referimos, em geral divergentes em<br />

relação à democracia.<br />

As instituições centrais dessa civilização liberal, cujo epicentro fora a<br />

Inglaterra, tinham tido grande capacidade de regular as relações entre<br />

Estados, as trocas internacionais e as políticas econômicas dos estados<br />

nacionais que se incluíam no seu âmbito. Foram seus pilares a política<br />

de equilíbrio de poder na Europa, o padrão-ouro como regulador do<br />

câmbio de moedas, o caráter liberal dos estados e o livre-câmbio nas<br />

trocas internacionais. Como resultado, tinha sido muito diminuto o<br />

grau de autonomia econômica dos estados, que se obrigavam a rezar<br />

pela cartilha liberal da Inglaterra, principal potência militar da época.<br />

As reações à “civilização liberal“ incluíram o nazismo, na Alemanha<br />

e na Áustria, o fascismo na Itália, o New Deal nos Estados Unidos<br />

e várias formas de nacionalismo e autoritarismo. As reações antiliberais<br />

brasileiras foram a “Revolução de 1930” e seus desdobramentos<br />

posteriores; tais reações, porém, não foram uniformes, incluindo e<br />

mesclando movimentos sociais, políticos e intelectuais muito distintos<br />

– desde o integralismo até o comunismo. Do entrechoque entre tais<br />

movimentos e os remanescentes do poder oligárquico acabou resultando<br />

o golpe de 1937 e a instituição, pelo poder central presidido<br />

por Vargas, do Estado Novo.<br />

Nesse contexto de reafirmação da nação e do Estado forte salta<br />

aos olhos o caráter invulgar da defesa feita por Sérgio Buarque de<br />

Holanda dos valores e das relações democráticas de poder. Já, quando<br />

da segunda edição, em 1948, a vitória dos aliados – embora a Rússia<br />

soviética estivesse entre eles – produziu um clima político muito favorável<br />

à democracia, reforçando a mensagem do livro. Esse novo “clima<br />

político” não reduziria, porém, a originalidade das ideias de Sérgio<br />

Buarque de Holanda sobre a democracia; mesmo como aspiração, ela<br />

não deixaria de ser pensada em seus fundamentos sociais e culturais<br />

singulares.<br />

O fundamento social mais amplo, cujo dinamismo contrariava o<br />

poder oligárquico e alimentava as esperanças de realização da utopia<br />

democrática, era a já mencionada “revolução” que transformava as<br />

relações socioeconômicas em que se assentava o poder político. Tais<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 40-59 | mAio > AgoSto 2012<br />

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