Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc
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açado de máquinas modernas e velozes. (...) No fundo, o que Gilberto<br />
queria evitar a todo custo é que se desse no Recife o que se dera no Rio,<br />
sob a administração de Pereira Passos, a partir de 1904: o afrancesamento<br />
precipitado do traçado urbano (DIMAS, 1996, p. 26-27).<br />
Em fevereiro de 1926, Gilberto Freyre promove o Primeiro Congresso<br />
Regionalista do Recife, quando lê o esboço do que chamaria, mais<br />
tarde, Manifesto Regionalista publicado em 1952, com sentido já alterado<br />
em função da situação nacional.<br />
Com a nomeação de Estácio Coimbra para governador de Pernambuco,<br />
Gilberto Freyre ocupa o cargo de chefe de gabinete, além de<br />
assumir a cátedra de Sociologia na Escola Normal. Os acontecimentos<br />
de 1930 põem fim à carreira política de Coimbra, que parte para o<br />
exílio em Lisboa, acompanhado de Freyre, este, logo em seguida exonerado<br />
do cargo como professor. O breve contato com a África na<br />
escala dessa viagem, a relação com vários intelectuais portugueses, a<br />
possibilidade, em Portugal, de consulta a documentos sobre o período<br />
colonial, a ida aos Estados Unidos como convidado a ministrar curso<br />
em Stanford, a retomada do diálogo com estudiosos do sul desse<br />
país, constituiu-se em conjunto de circunstâncias propícias para que<br />
Gilberto Freyre esboçasse e começasse a escrever Casa-grande & senzala<br />
(CHACON, 1993, p. 211-227). Retorna ao Brasil em 1932.<br />
No decênio de 1930, Gilberto Freyre publicou oito livros, que tiveram<br />
numerosas edições e, alguns foram, mais tarde, ampliados:<br />
Casa-grande & senzala (1933); Guia prático, histórico e sentimental da<br />
cidade do Recife (1934); Artigos de jornal (1935); Sobrados e mucambos<br />
(1936); Nordeste (1937); Conferências na Europa (1938); Assucar<br />
(1939); Olinda, 2º guia prático, histórico e sentimental de cidade<br />
brasileira (1939). Neles, vários elementos presentes nos trabalhos anteriores<br />
são retomados pelo autor, porém em Casa-grande & senzala,<br />
em Sobrados e mucambos e em Nordeste esses temas ganham novo<br />
arranjo, alcançam formulação definitiva e configuram nova interpretação<br />
do Brasil. Essa concepção histórica funda-se na articulação de<br />
três elementos: o patriarcado, a inter-relação etnias/culturas, o trópico<br />
– que estão correlacionados, de modo a que cada um encontre sua<br />
explicação na convergência com os outros dois. Dessa combinação<br />
resultam as diferentes teses explicativas da sociedade brasileira.<br />
80 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 60-87 | mAio > AgoSto 2012