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Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

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to de suas obras, uma fidelidade a uma maneira de entender e mudar o<br />

processo social pautada em uma análise teórica rigorosa que subverte a<br />

relação entre o lugar da economia e o lugar da política nesse processo.<br />

A função estratégica da política na dinâmica do desenvolvimento econômico<br />

seria analisada, na síntese das obras selecionadas (Dialética do<br />

desenvolvimento brasileiro, A pré-revolução brasileira e Teoria e política<br />

do desenvolvimento econômico), em duas perspectivas: a) a organização<br />

dos trabalhadores e sua capacidade de demandar a realização de<br />

seus interesses específicos e b) o marco democrático como mecanismo<br />

de superação da persistência de nichos de anacronismo ligados aos<br />

interesses do modelo agrário-exportador e latifundista, capaz de impedir<br />

a consecução plena do desenvolvimento social.<br />

Na avaliação dos obstáculos ao desenvolvimento, Furtado assinala<br />

como óbices perigosos a baixa capacidade de investimento, em especial<br />

nos segmentos de bens de capital 13 , o consumo suntuoso das<br />

elites (com propensão ao consumo externo), o mimetismo do efeito<br />

demonstração no consumo interno, o deficit tecnológico e, principalmente,<br />

o diminuto tamanho do mercado interno (fonte de toda dinâmica<br />

industrial internalizada, de contínua diferenciação e sofisticação<br />

da malha produtiva e caminho necessário para o aumento da produção<br />

e da acumulação). Somente pela vitalidade deste último é que<br />

a ausência de capacidade de investimento poderia ser solucionada<br />

definitivamente, desonerando em longo prazo o Estado da tarefa de<br />

investimento estratégico.<br />

Em Teoria e política do desenvolvimento econômico (1967), Furtado<br />

trabalha com a demonstração da tendência deletéria do empresariado<br />

13 Nurske (1957) já havia apontado a gravidade do problema da incapacidade<br />

de formação de capital nas economias subdesenvolvidas. Furtado argumenta<br />

esse aspecto na seguinte linha: o problema do ciclo mercantil-exportador era<br />

determinado pela incapacidade de geração de poupança interna em função<br />

da deterioração crescente de termos de troca, porém a superação desse<br />

modelo exigiria aportes significativos de recursos que o sistema não conseguia<br />

gerar e que progressivamente perderia ainda mais pela crescente tendência<br />

ao seu enfraquecimento. Impedir-se-ia, assim, a chance de superação do<br />

subdesenvolvimento pela insuficiência dos recursos necessários para o<br />

estímulo à alternativa industrial – este é um elemento precioso na situação de<br />

círculo vicioso.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 88-119 | mAio > AgoSto 2012<br />

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