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Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

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gração que buscasse tipos adaptáveis ao clima e ao meio geográfico<br />

brasileiros. O produto resultante do caldeamento das “raças<br />

superiores” com alguns tipos africanos aqui vindos poderia gerar<br />

“mestiços eugênicos”.<br />

A discussão sobre a raça, naquele momento, transformou-se em<br />

debate dos mais importantes porque é componente fundamental da<br />

definição do povo e das instituições que lhe são convenientes.<br />

Gilberto Amado exemplificou largamente essa tendência, analisando<br />

as instituições políticas e o meio social no Brasil, em discurso de estreia<br />

como deputado na Câmara dos Deputados em 1916, editado<br />

em 1924. Nele faz o balanço sobre a composição racial da população<br />

brasileira na qual predominam os mestiços, negros e índios sobre uma<br />

população branca que não atinge um terço do total e se pergunta,<br />

então, se seria possível termos uma população orientada por instituições<br />

políticas semelhantes àquelas das nações civilizadas (AMADO in<br />

CARDOSO, 1981, p. 49). Assim, justifica a tutela, ressalta o papel das<br />

elites, legitima o autoritarismo. Porém, o mito das três raças entra na<br />

discussão dos anos 1920 com sinais trocados se comparado ao debate<br />

correspondente da virada do século, quando se tratava apenas de<br />

buscar uma interpretação da sociedade, na medida em que a problemática<br />

da mestiçagem aliada ao problema do meio ambiente apresentava-se<br />

como um dilema, de certo modo, insolúvel, que levava a<br />

perspectivas pessimistas quanto à “viabilidade do Brasil como nação 7 ”.<br />

Já no decênio de 1920 as colocações sobre a raça compreendem uma<br />

tentativa de modificação da sociedade. Assim, conforme foi dito anteriormente,<br />

a questão racial constitui-se componente fundamental da<br />

questão nacional.<br />

Gilberto Freyre, ao colocar a questão sob outra luz, permite o equacionamento<br />

da temática em outro patamar. A raça vista como um<br />

“problema”, um obstáculo à integração, perde sua força. A redefinição<br />

passaria pela discussão do regionalismo e ao papel desempenhado<br />

pelo patriarcado na gênese e na consolidação da sociedade brasileira.<br />

7 Veja-se, por exemplo, a obra de Euclides da Cunha, principalmente Os sertões.<br />

O trabalho de Renato Ortiz, “Memória coletiva e sincretismo científico: as<br />

teorias raciais do século XIX”, de 1985, desenvolve tal questão, aprofundando-a.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 60-87 | mAio > AgoSto 2012<br />

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