Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc
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à modernidade. A periferia, submetida e modelada pelas demandas<br />
metropolitanas, deitaria por terra a ideia de uma História Universal, de<br />
um capitalismo ou modernidade únicos, comuns a todos os sistemas<br />
que incorporassem a dinâmica da economia complexa (a divisão de<br />
trabalho peculiar à sociedade) em contraposição à comunidade<br />
tradicional. Torna-se, dessa maneira, mais complexa a tarefa de analisar<br />
a configuração das várias modernidades possíveis e/ou concorrentes<br />
entre si 8 , sua natureza, seus limites e possibilidades.<br />
Por extensão, na aceitação desse raciocínio – da condição sui generis<br />
da periferia colonial – emergirão três consequências importantes:<br />
a) Esses diferentes arranjos estruturam-se a partir de um lugar diverso<br />
da produção econômica (definida pela dicotomia centro versus<br />
periferia), que engendra a constituição de feições sociais também<br />
díspares, ajustada a esse formato.<br />
b) Se as condições sociais são particulares, o método também precisa<br />
ser específico e apropriado a essa particularidade;<br />
c) Teorias da interpretação distintas terão que emergir como expressão<br />
científica sobre essas realidades históricas, recusando o<br />
transplante de teorias e apostando na formulação de um corpus<br />
teórico autóctone;<br />
O conjunto desses aspectos só pode ser conciliado pelo método histórico-estrutural,<br />
no qual às condições de organização da produção,<br />
entendidas em seu complexo panorama da divisão internacional do<br />
trabalho, somam-se características sociais e o momento histórico particular,<br />
promovendo uma configuração social flexível, dinâmica, politicamente<br />
orquestrada, simultaneamente articulada em seu desenho<br />
interno e à lógica do capitalismo internacional. Furtado assinala essa<br />
questão ao questionar o transplante acrítico e sem mediações da teoria<br />
econômica liberal ao quadro histórico da periferia subdesenvolvida:<br />
A economia ensinada em nosso país tem sua raiz em que as teorias<br />
correntes, pela sua generalidade, foram formuladas para explicar o<br />
comportamento de estruturas distintas da nossa. As diferenças entre as<br />
estruturas desenvolvidas e subdesenvolvidas parecem ser suficientemente<br />
8 As “vias de desenvolvimento”, como analisadas por Barrington Moore<br />
(1975).<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 88-119 | mAio > AgoSto 2012<br />
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