13.04.2013 Views

Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N19 pdf - Sesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

iNtRoDuÇÃo: o ENSAio DE iNtERPREtAÇÃo Do BRASiL<br />

Quando se fala em Caio Prado Jr. como um “intérprete do Brasil”,<br />

parte-se, mesmo sem ter consciência disso, do prefácio de Antonio<br />

Candido (1963) à quinta edição de Raízes do Brasil. Nele, o crítico<br />

indica os livros que mais marcaram sua geração – os moços e as moças<br />

que, entre os anos 1930 e 1940, saíam do colégio e entravam na<br />

universidade. Além do ensaio de estreia de Sérgio Buarque de Holanda,<br />

teriam tido grande impacto sobre eles Casa-grande & senzala, de<br />

Gilberto Freyre, e Formação do Brasil contemporâneo: colônia, de Caio<br />

Prado Jr.<br />

O texto de Candido ajudou a criar uma espécie de cânone das “interpretações<br />

do Brasil”, segundo o qual, Freyre, Holanda e Prado Jr.<br />

como que se converteram em pais fundadores do pensamento social<br />

brasileiro. Vale notar que essa operação, que chega até aos dias de<br />

hoje, foi além das intenções originais do prefácio que consiste, em<br />

grande parte, em um relato pessoal e, se tanto, geracional.<br />

Não é, porém, mero acaso que esse cânone tenha se formado a<br />

partir das pouco mais de dez páginas do escrito de Candido. Sugestiva,<br />

antes de tudo, é a vinculação dos livros dos anos 1930 e 1940<br />

de Freyre, Holanda e Prado à história recente do Brasil. Ou melhor, o<br />

prefácio indica que Casa-grande & senzala, Raízes do Brasil e Formação<br />

do Brasil contemporâneo: colônia surgem dos ventos renovadores que<br />

passam a soprar na década de 1920 e se tornam irreversíveis com a<br />

Revolução de 1930. Nessa referência, é mais do que coincidência que<br />

os autores dos três livros tenham estado antes vinculados, cada um a<br />

seu modo, ao Modernismo 1 .<br />

Melhor, assim como a Revolução de 1930 funcionaria como um<br />

marco na vida social e política do Brasil, delimitando o início do “país<br />

moderno”, os livros de Freyre, Holanda e Prado Jr. indicariam uma<br />

1 Freyre foi um dos principais animadores do Movimento Regionalista do<br />

Nordeste, vertente mais tradicionalista do Modernismo, ao passo que Holanda<br />

foi uma espécie de “embaixador” no Rio de Janeiro do modernismo paulista.<br />

Prado Jr. pertenceu, por sua vez, ao Clube dos Artistas Modernos (CAM), tendo<br />

proferido palestras, depois do seu retorno do “país dos sovietes” no CAM, que<br />

foram posteriormente publicadas no livro URSS, um novo mundo.<br />

16 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº19 | p. 14-39 | mAio > AgoSto 2012

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!