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A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

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1.1. Primeiras Manifestações Literárias<br />

Embora haja notícia de um texto poético publica<strong>do</strong> em Angola por volta <strong>do</strong> século<br />

XVII, atribuí<strong>do</strong> a um militar, filho da então colônia, os estudiosos da Literatura apontam<br />

como marco inicial da produção literária angola<strong>na</strong> o livro de poemas, Espontaneidades da<br />

minha alma: às senhoras africa<strong>na</strong>s (1849), <strong>do</strong> escritor José da Silva Maia Ferreira. Nele, à<br />

semelhança <strong>do</strong> poema Canção <strong>do</strong> Exílio, <strong>do</strong> <strong>brasileiro</strong> Gonçalves Dias, Maia Ferreira exalta a<br />

terra africa<strong>na</strong>, declaran<strong>do</strong> seu amor por ela, e<strong>na</strong>ltecen<strong>do</strong> as belezas <strong>na</strong>turais, a fau<strong>na</strong>, a flora e<br />

os habitantes <strong>do</strong> lugar. Essa semelhança com a poesia brasileira deixa entrever que a relação<br />

entre as duas <strong>literatura</strong>s data de muito tempo.<br />

A fundação <strong>do</strong> jor<strong>na</strong>l Boletim Oficial, em 1845, sob a organização <strong>do</strong> gover<strong>na</strong><strong>do</strong>r-<br />

geral Pedro Alexandrino da Cunha, deu início, ainda que de maneira simples, ao jor<strong>na</strong>lismo<br />

em Angola. Através desse jor<strong>na</strong>l, eram divulgadas histórias de Angola, <strong>literatura</strong> em verso e<br />

em prosa, artigos relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s à religião, ao Catolicismo, ao comércio, à economia, etc. No<br />

entanto, só podia ser publica<strong>do</strong> o que fosse aprova<strong>do</strong> pelos portugueses para que não se<br />

escrevesse algo que atingisse Portugal. Mesmo assim, o jor<strong>na</strong>lismo e a imprensa foram de<br />

suma importância, no fi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> século XIX, para a luta <strong>do</strong>s angolanos, pois serviram de porta<br />

para uma nova maneira de ver o mun<strong>do</strong>, um mun<strong>do</strong> mais próximo da realidade.<br />

Em torno de 1856, a imprensa passou a ter certa liberdade. Mais jor<strong>na</strong>is e revistas<br />

foram sen<strong>do</strong> funda<strong>do</strong>s, tais como, A Aurora (1855) e A Civilização da África Portuguesa<br />

(1866). Esse último teve curta duração, pois tanto defendia a colônia, como também defendia<br />

a abolição da escravatura, deixan<strong>do</strong> insatisfeitos alguns gover<strong>na</strong>ntes. Antônio Urbano<br />

Monteiro de Castro e Alfre<strong>do</strong> Júlio Cortez Mântua foram os funda<strong>do</strong>res desse jor<strong>na</strong>l e mais<br />

tarde lutaram para reativá-lo. Urbano mereceu destaque por ser um grande literato, <strong>na</strong> poesia e<br />

<strong>na</strong> prosa, de uma imensa riqueza cultural e simplicidade e clareza ao mesmo tempo. Teve uma<br />

colaboração forte como jor<strong>na</strong>lista e escritor <strong>na</strong> imprensa livre em Angola, escreven<strong>do</strong> sobre<br />

diversos assuntos. Mântua também teve seu papel reconheci<strong>do</strong>, <strong>na</strong> luta pelo desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> país.<br />

Muitos outros jor<strong>na</strong>is foram surgin<strong>do</strong>, uns dura<strong>do</strong>uros, outros passageiros, funda<strong>do</strong>s<br />

até por europeus, que defendiam a liberdade de imprensa e abolição da escravidão, como por<br />

exemplo, Dr. Alfre<strong>do</strong> Trony, português e responsável pelo Jor<strong>na</strong>l de Luanda (1878), que de<br />

fato lutava pelos interesses <strong>do</strong> povo, se afastan<strong>do</strong> aos poucos <strong>do</strong> colonialismo, deixan<strong>do</strong>,<br />

assim, o governo revolta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong>, por esse motivo, expulso <strong>do</strong> meio. Contu<strong>do</strong>, Dr. Alfre<strong>do</strong><br />

continuou sua luta em defesa <strong>do</strong>s ideais <strong>do</strong>s habitantes locais e criou outros periódicos, além<br />

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