A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
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enfocan<strong>do</strong>-o como sujeito e não como objeto, como no poema Negra Fulô. Segue um trecho<br />
<strong>do</strong> poema:<br />
A nega em vez de deitar<br />
pegou um pau e sampou<br />
<strong>na</strong>s guampas <strong>do</strong> sinhô.<br />
-_Essa nega Fulô!<br />
- Esta nossa Fulô!,<br />
dizia intimamente satisfeito<br />
o velho pai João<br />
pra escândalo <strong>do</strong> bom Jorge de Lima,<br />
seminegro e cristão.<br />
E a mãe-preta chegou bem creti<strong>na</strong><br />
fingin<strong>do</strong> uma <strong>do</strong>r no coração.<br />
- Fulô! Fulô! ó Fulô!<br />
a sinhá burra e besta perguntou<br />
onde é que tava o sinhô<br />
que o diabo lhe man<strong>do</strong>u<br />
- Ah, foi você matou!<br />
-É sim, fui eu que matou –<br />
A língua, da maneira como era falada entre as pessoas, sem as marcas europeias,<br />
também está <strong>na</strong> base das preocupações, tanto <strong>do</strong>s modernistas <strong>brasileiro</strong>s como <strong>do</strong>s poetas<br />
angolanos <strong>do</strong> Movimento <strong>do</strong>s Novos Intelectuais de Angola.<br />
Como os <strong>brasileiro</strong>s que trouxeram para a <strong>literatura</strong> a língua tipicamente brasileira,<br />
com to<strong>do</strong>s os coloquialismos e gírias existentes, visan<strong>do</strong> à sua valorização, os angolanos<br />
também passaram a inserir nos seus textos literários o quimbun<strong>do</strong>, língua falada em Luanda,<br />
antes menosprezada pelos portugueses, que passa a ser valorizada e inclusive a ter status<br />
literário. Com esse procedimento se fortalece o sentimento <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista.<br />
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