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A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

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construção de um futuro diferente. Na <strong>literatura</strong> angola<strong>na</strong>, o quimbun<strong>do</strong> (língua <strong>na</strong>tiva) que<br />

antes era visto como “língua <strong>do</strong> cão”, passa a fazer parte da composição literária.<br />

O tradicio<strong>na</strong>lismo é importante <strong>na</strong> <strong>literatura</strong>, por buscar expor o passa<strong>do</strong> e mesclar<br />

elementos atuais que constituem a realidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, trazen<strong>do</strong> de volta todas as origens <strong>do</strong><br />

povo, pois “desrecalcar os valores culturais reprimi<strong>do</strong>s pelo coloniza<strong>do</strong>r tor<strong>na</strong>va-se<br />

imprescindível” (MADRUGA, 1998, p. 40).<br />

No Manifesto da Poesia Pau-Brasil, é vista a defesa da origi<strong>na</strong>lidade, a crítica ao<br />

academicismo, ao mimetismo, no que diz respeito à poesia e a movimentos anteriores, tais<br />

como, Par<strong>na</strong>sianismo e Naturalismo. Para esse manifesto, tu<strong>do</strong> que falasse <strong>do</strong> Brasil, da<br />

matéria-prima brasileira, seria assunto poético. Lutava contra a poesia importada (feita com<br />

material que vinha de fora) e se voltava mais para uma poesia baseada <strong>na</strong> realidade local e <strong>na</strong><br />

valorização da língua <strong>na</strong>tiva. Combatiam os modelos clássicos e visavam à liberdade de<br />

criação e de expressão.<br />

Já no Manifesto Antropofágico, percebemos uma reação ao aparelhamento colonial e à<br />

sociedade patriarcal, critican<strong>do</strong> a religião e a falsa moral, vai transforman<strong>do</strong> o que é negativo<br />

em positivo (tabu em totem), pois há uma grande valorização da cultura indíge<strong>na</strong> e negra. O<br />

índio é sempre exalta<strong>do</strong>, critican<strong>do</strong>, assim, a herança <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r que “acabou” com<br />

grande parte da cultura brasileira, que por muito tempo estava europeizada.<br />

O diálogo entre as <strong>literatura</strong>s brasileira e angola<strong>na</strong> acentua-se <strong>na</strong> década de 40 e a<br />

partir daí vai-se fortalecen<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s textos poéticos a identidade <strong>do</strong> povo angolano.<br />

Muitos temas são comuns a essas <strong>literatura</strong>s: a valorização da <strong>na</strong>tureza e da cor local. A terra<br />

é cantada <strong>na</strong>s duas <strong>literatura</strong>s, a fim de afirmarem suas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidades, e os índios no Brasil,<br />

como os negros em Angola, passam a ter um lugar de destaque <strong>na</strong>s produções da época.<br />

Nos tempos <strong>do</strong> Romantismo, a terra já tinha si<strong>do</strong> assunto de muitas obras também em<br />

ambas as <strong>literatura</strong>s. No entanto, nesse perío<strong>do</strong>, os poetas e escritores ainda não tinham se<br />

liberta<strong>do</strong> <strong>do</strong> viés europeu. A terra envolvia tanto o espaço geográfico <strong>do</strong> lugar, como o povo<br />

que vivia nela.<br />

A infância é outro tema bastante explora<strong>do</strong> por essas <strong>literatura</strong>s por simbolizar uma<br />

fase marcada pela liberdade. Metaforicamente, a infância <strong>na</strong>s <strong>literatura</strong>s africa<strong>na</strong>s de língua<br />

portuguesa representa também o perío<strong>do</strong> anterior à chegada <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r. Essas <strong>literatura</strong>s<br />

mantiveram um elo muito forte.<br />

Jorge de Lima, escritor <strong>brasileiro</strong>, é aponta<strong>do</strong> como um <strong>do</strong>s poetas que teve<br />

identificação com os poetas angolanos, pois trata <strong>do</strong> tema <strong>do</strong> negro. Segun<strong>do</strong> o crítico<br />

português Pires Laranjeira, os poemas Mamã Negra (Canto da Esperança) de Viriato da Cruz<br />

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