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A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

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cobrin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> de sono.<br />

Olhai o senhor arquiteto Salalé,<br />

tão pequenino, tão teimoso e diligente...<br />

Como ele projeta e constrói castelos,<br />

milhões de vezes maiores que ele é,<br />

para vergonha nossa,<br />

que pouco fazemos,<br />

presos de fútil, preguiçoso dandismo...<br />

Encostai o ouvi<strong>do</strong> atento<br />

ao coração <strong>do</strong> povo negro,<br />

escutareis, só vós, poetas da minha terra,<br />

que estais por <strong>na</strong>scer,<br />

aquilo que para outros é segre<strong>do</strong> defeso,<br />

mistério da esfíngica, malsi<strong>na</strong>da alma negra.<br />

Criai ânimo, ganhai alento,<br />

e vibrantemente cantai a nossa terra!<br />

É preciso forjar a poesia de Angola!<br />

Essa nova poesia,<br />

Será vazada em forma candente<br />

Sem limites nem peias,<br />

Diferente!...<br />

Mas onde estão os filhos de Angola,<br />

Se os não oiço cantar e exaltar<br />

Tanta beleza e tanta tristeza,<br />

Tanta <strong>do</strong>r e tanta ânsia<br />

Desta terra e desta gente?<br />

Essa nova poesia,<br />

Forte, ter<strong>na</strong>, nova e bela,<br />

Amálgama de lágrimas e sangue,<br />

Sublimação de muito sofrimento,<br />

Afirmação duma certeza.<br />

Poesia inconformista,<br />

Diferente, será revolucionária,<br />

Como arte literária, desprezan<strong>do</strong> regras estabelecidas,<br />

Idéias feitas, pieguices, transcendências...<br />

Poesia nossa, única, inconfundível,<br />

diferente,<br />

quente, que lembre o nosso sol,<br />

suave, lembran<strong>do</strong> nosso luar...<br />

que cheire o cheiro <strong>do</strong> mato,<br />

tenha as cores <strong>do</strong> nosso céu,<br />

o nervosismo <strong>do</strong> nosso mar,<br />

o paroxismo das queimadas,<br />

o cantar das nossas aves,<br />

rugir de feras, gritos de negros,<br />

gritos de há muitos anos,<br />

de escravos, de engenhos das roças,<br />

no espaço vibran<strong>do</strong>, vibran<strong>do</strong>...<br />

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