A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
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Chaman<strong>do</strong> a atenção para o trabalho <strong>do</strong> “Salalé”, ou seja, <strong>do</strong> cupim, inseto “tão<br />
pequenino, tão teimoso e diligente...”, em resumo, tão sem importância, mas que é capaz de<br />
construir castelos altíssimos, o eu-lírico critica a preguiça <strong>do</strong> povo angolano, entre o qual se<br />
inclui, por fazer muito pouco por sua terra, não cantar “tanta beleza” e “tanta tristeza”.<br />
A partir dessas considerações em torno da terra e <strong>do</strong> seu povo, o eu-lírico retoma a<br />
preocupação com o fazer da poesia angola<strong>na</strong> e dedica as oito estrofes fi<strong>na</strong>is à metapoética.<br />
A ideia de ruptura mais uma vez fica claramente explícita ao dizer que “Essa nova<br />
poesia, / Será... / Sem limites nem peias, / Diferente!...”.<br />
Portanto, uma poesia liberta de qualquer cerceamento, voltada para tu<strong>do</strong> que diz<br />
respeito à realidade angola<strong>na</strong> e que “faça toda a gente sentir / faça toda a gente dizer: / - É<br />
poesia de Angola!”.<br />
Observe-se que, ao fi<strong>na</strong>lizar o poema com um refrão que diz É poesia de Angola!, o<br />
eu-lírico quebra a estrutura <strong>do</strong>s refrões anteriores que sempre traziam um verbo que remetia à<br />
necessidade de inventar, escrever, criar, forjar a poesia angola<strong>na</strong>, reiteran<strong>do</strong>, desse mo<strong>do</strong>, o<br />
caráter metapoético, a partir da homologação entre o que diz e o que faz.<br />
Se a to<strong>do</strong> o tempo, o eu-lírico, imbuí<strong>do</strong> de uma esperança no dia de amanhã tão grande<br />
quanto a floresta de Maiombe, mostra como se deve fazer estética e ideologicamente a poesia<br />
angola<strong>na</strong>, ao fi<strong>na</strong>lizar o poema, ele termi<strong>na</strong> fazen<strong>do</strong> a poesia de Angola. O poema Exortação<br />
além de ser de fato um poema angolano, comprova indiscutivelmente a relação existente entre<br />
a <strong>literatura</strong> de Angola e a nossa <strong>literatura</strong>.<br />
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