A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
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3. ASPECTOS IDEOLÓGICOS E ESTÉTICOS DO POEMA “EXORTAÇÃO”<br />
O poema Exortação, <strong>do</strong> escritor angolano Maurício de Almeida Gomes, publica<strong>do</strong><br />
cem anos depois <strong>do</strong> poema Minha Terra, de José da Silva Maia Ferreira, assi<strong>na</strong>la bem o novo<br />
momento que se inicia <strong>na</strong>s décadas de 40 e 50. Um momento marca<strong>do</strong> por um forte<br />
sentimento <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista. Como se pode ver, a partir <strong>do</strong> título, o poema exorta, ou seja, convida<br />
de forma veemente os poetas angolanos a realizarem uma poesia voltada para sua terra e suas<br />
origens.<br />
Vejamos o poema:<br />
Ribeiro Couto e Manuel Bandeira,<br />
poetas <strong>do</strong> Brasil,<br />
<strong>do</strong> Brasil, nosso irmão,<br />
disseram:<br />
“ – É preciso criar a poesia brasileira,<br />
de versos quentes, fortes, como o Brasil,<br />
sem macaquear a <strong>literatura</strong> lusíada”.<br />
Angola grita pela minha voz,<br />
Pedin<strong>do</strong> a seus filhos nova poesia!<br />
Deixemos moldes arcaicos,<br />
ponhamos de la<strong>do</strong>,<br />
corajosamente,<br />
suaves endeixas<br />
brandas queixas<br />
e cantemos a nossa terra<br />
e toda a sua beleza.<br />
Angola, grande promessa <strong>do</strong> futuro,<br />
forte realidade <strong>do</strong> presente,<br />
inspira novas idéias,<br />
encerra ricos motivos.<br />
É preciso inventar a poesia de Angola!<br />
Fecho meus olhos e sonho,<br />
abrin<strong>do</strong> de par em par o coração,<br />
e vejo a projeção dum filme colori<strong>do</strong><br />
com tintas de fantasia<br />
e ce<strong>na</strong>s de magia:<br />
As imagens são paisagens, gentes, feras.<br />
E sucedem-se lenta, lenta, lentamente...<br />
Assisto maravilha<strong>do</strong><br />
ao despenhar gemente<br />
das quedas d´água <strong>do</strong> Duque de Bragança...<br />
Vejo crescer florestas colossais<br />
no Maiombe, onde o verde é símbolo<br />
de tanta esperança...<br />
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