14.04.2013 Views

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O escritor Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, quan<strong>do</strong> o país se tornou<br />

república, e importante poeta angolano, retrata esse momento em um poema intitula<strong>do</strong> Adeus<br />

à hora da largada. Segue alguns trechos:<br />

“...Amanhã<br />

Entoaremos hinos à liberdade<br />

Quan<strong>do</strong> comemorarmos<br />

A data de abolição desta escravatura.”<br />

Agostinho Neto utiliza o lirismo em seus poemas para expor a situação da África e de<br />

Angola, frente a tu<strong>do</strong> que tem se passa<strong>do</strong> <strong>na</strong>quele continente e <strong>na</strong>quela colônia em<br />

decorrência <strong>do</strong>s desmandes <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r. Seus poemas nos falam <strong>do</strong> choro africano, apesar<br />

de ao mesmo tempo, para<strong>do</strong>xalmente, utilizar de forma recorrente a metáfora <strong>do</strong>s “olhos<br />

secos” insistentemente repetida no poema Criar. Mas é um choro seco, desprovi<strong>do</strong> de<br />

qualquer sentimentalismo, o coração <strong>do</strong> povo africano devi<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> sofrimento, precisava se<br />

tor<strong>na</strong>r seco e duro, para que não se desviasse de seus objetivos. O povo africano desejava criar<br />

uma nova história para si. Agostinho trabalha em um de seus poemas termos semânticos com<br />

cargas positivas e cargas negativas, significan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is extremos: afirmação e negação.<br />

Tentan<strong>do</strong> desencadear no povo um processo de conscientização de luta por seus ideais, ele<br />

conclama as pessoas a viverem de acor<strong>do</strong> com suas realidades, de tal forma que, a língua de<br />

seus antepassa<strong>do</strong>s faça parte de suas vidas também. Sua obra mais importante foi Sagrada<br />

Esperança (1979) em que reunia poesias de caráter combativo e lírico. Ele tinha muita<br />

esperança <strong>na</strong> mudança da situação e no reconhecimento <strong>do</strong> seu povo.<br />

Um outro poeta muito importante para a nova <strong>literatura</strong> que emerge a partir <strong>do</strong>s anos<br />

40 é o angolano Viriato da Cruz, que mais tarde vai liderar o movimento <strong>do</strong>s Novos<br />

Intelectuais de Angola. Um de seus poemas bem conheci<strong>do</strong> é o que tem por título Mamã<br />

Negra (Canto da Esperança), em que é exposto o sofrimento da África devi<strong>do</strong> à escravidão.<br />

Porém, como o próprio subtítulo – Canto da Esperança – anuncia, o poema traz também uma<br />

esperança e, mais <strong>do</strong> que isso, uma certeza <strong>do</strong> fim de to<strong>do</strong> aquele sofrimento, de toda aquela<br />

exploração. Segue exemplo:<br />

Mas vejo também que a luz roubada aos teus olhos, ora esplende<br />

demoniacamente tenta<strong>do</strong>ra-como a Certeza...<br />

cintilantemente firme-como a Esperança...<br />

em nós outros teus filhos,<br />

geran<strong>do</strong>, forman<strong>do</strong>, anuncian<strong>do</strong><br />

-o dia da humanidade<br />

O DIA DA HUMANIDADE...<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!