14.04.2013 Views

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2.2. Presença <strong>do</strong> Modernismo Brasileiro<br />

vale dizer que nesta fase actual de reconstrução de Angola no pós-guerra(...)<br />

as novas perspectivas devem passar, também, pela implementação <strong>do</strong>s<br />

direitos cívicos, pela pedagogia da diferença, pela reconstrução identitária,<br />

individual e colectiva, que se fragmentou de forma inexorável durante,<br />

sobretu<strong>do</strong>, as duas décadas de guerra civil. Começar pelas línguas pode ser<br />

coisa boa: afi<strong>na</strong>l, a língua é a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade <strong>do</strong> pensamento, como já dizia o<br />

<strong>brasileiro</strong> José de Alencar no longínquo século XIX. (2007, p. 165)<br />

O Modernismo <strong>brasileiro</strong> serviu como base para a construção literária de Angola, por<br />

conta de suas propostas de valorização da cultura genui<strong>na</strong>mente brasileira e seu espírito de<br />

ruptura com o europeísmo vigente no país. A <strong>literatura</strong> modernista tinha um forte apelo<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista e isso era também o que estava impulsio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> os angolanos.<br />

O Brasil foi toma<strong>do</strong> como exemplo por Angola, tanto no que diz respeito à <strong>literatura</strong>,<br />

como à sua independência <strong>do</strong> país coloniza<strong>do</strong>r.<br />

A partir desse perío<strong>do</strong>, se estreitou cada vez mais o vínculo entre esses países. A<br />

presença <strong>do</strong> Brasil <strong>na</strong> Angola foi bem marcante. Ambos com objetivos bem comuns:<br />

valorização da terra <strong>na</strong>tal e <strong>do</strong> habitante local. Para o Brasil, o referencial de brasilidade eram<br />

os índios e para a Angola, os negros, como referência de Angolanidade.<br />

Angola, a exemplo <strong>do</strong>s nossos antropófagos, soube aproveitar o que a <strong>literatura</strong><br />

brasileira pôde oferecer e mesclou-a a sua arte poética. Até porque, como sabemos, to<strong>do</strong> texto<br />

traz sempre marcas de outros já existentes.<br />

O projeto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista <strong>do</strong>s modernistas <strong>brasileiro</strong>s foi um <strong>do</strong>s principais pontos que<br />

levou à aproximação <strong>do</strong>s angolanos com a produção literária desse momento. As experiências<br />

de vida, a vontade de exaltar a <strong>na</strong>tureza e a pátria impactaram as obras. A <strong>literatura</strong> angola<strong>na</strong><br />

inicia um processo de rompimento com os modelos vigentes à época, modelos tradicio<strong>na</strong>is<br />

portugueses, dan<strong>do</strong> lugar a uma poesia totalmente autêntica, de cunho <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Essa ruptura<br />

seguiu os moldes <strong>brasileiro</strong>s. O Brasil <strong>do</strong>s anos 20, apesar de independente politicamente,<br />

iniciou um processo de resgate de sua cultura que durante um bom tempo foi “escondida”<br />

pelo coloniza<strong>do</strong>r.<br />

As propostas ideológicas e estéticas <strong>do</strong>s nossos modernistas, como as de Mário e<br />

Oswald de Andrade, foram de grande importância para os angolanos, que também<br />

procuravam defender sua língua, lutar por novas formas poéticas, livres <strong>do</strong>s padrões europeus.<br />

Diferentemente de outras vanguardas, o passa<strong>do</strong>, tanto para os modernistas <strong>brasileiro</strong>s como<br />

para os angolanos <strong>do</strong>s anos 50, não era descarta<strong>do</strong>, porém servia como reflexão para a<br />

21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!