A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
A influência do modernismo brasileiro na literatura angolana
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Luandino Vieira, Carlos Erve<strong>do</strong>sa e Oscar Ribas. Alguns <strong>do</strong>s temas principais da revista<br />
Mensagem eram o reconhecimento <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> negro e as críticas ao sistema colonial. Em<br />
Cultura essa não aceitação <strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong>r foi bem marcante, os poetas confessavam seus<br />
sentimentos e o desejo de terem uma identidade própria.<br />
Em 1948, quan<strong>do</strong> surgiu, o movimento <strong>do</strong>s Novos Intelectuais de Angola tinha como<br />
lema “Vamos Descobrir Angola”, pois constituíam objetivos principais <strong>do</strong> grupo a<br />
valorização da cultura angola<strong>na</strong>, a luta pelo término <strong>do</strong> colonialismo, além <strong>do</strong> reconhecimento<br />
da importância <strong>do</strong> negro para a construção <strong>do</strong> país, tu<strong>do</strong> isso de forma escrita, que em outras<br />
horas seriam silenciadas. O negro foi humilha<strong>do</strong>, menospreza<strong>do</strong> pelos coloniza<strong>do</strong>res, trata<strong>do</strong><br />
como uma merca<strong>do</strong>ria sem valor e esse movimento veio para lutar em defesa desse que<br />
colaborou com o crescimento <strong>do</strong> país. Criticou o branco coloniza<strong>do</strong>r, que obteve to<strong>do</strong>s os<br />
favores <strong>do</strong>s negros, mas nem sequer soube reconhecer o trabalho deles, pelo contrário,<br />
afirmava com convicção que o negro não gostava de trabalhar. Queriam que até as punições<br />
fossem diferentes, que suas atitudes fossem julgadas pela cor carregada no corpo. O negro<br />
tinha que se sujeitar ao branco em tu<strong>do</strong>, não podia sequer reclamar se não fosse bem pago<br />
pelos serviços massacrantes e desumanos a que era obriga<strong>do</strong> a submeter-se. O poema<br />
Exortação, de Mauricio Gomes de Almeida, que será objeto de nossa análise <strong>na</strong>s pági<strong>na</strong>s<br />
adiante, escrito no fi<strong>na</strong>l da década de 40, teve bastante aceitação entre os que compunham o<br />
Movimento Vamos Descobrir Angola.<br />
Movimentos não só literários, mas também políticos apareceram, como o MPLA<br />
(Movimento Popular de Libertação de Angola), ten<strong>do</strong> por objetivo tentar mudar o percurso<br />
político em favor da libertação, contan<strong>do</strong> com a adesão de muitos escritores, alguns, inclusive,<br />
foram até presos, exila<strong>do</strong>s, mas não silencia<strong>do</strong>s.<br />
No ano de 1975, Angola tor<strong>na</strong>-se um país independente e a <strong>literatura</strong> contribuiu muito<br />
para essa vitória, ela trouxe de volta tu<strong>do</strong> que o coloniza<strong>do</strong>r apagou dentro da cultura <strong>do</strong>s<br />
angolanos. Surgiu O UEA, União <strong>do</strong>s Escritores Angolanos, responsável pelas publicações<br />
<strong>do</strong>s escritores e de muitas outras obras que não foram permitidas circularem no perío<strong>do</strong><br />
coloniza<strong>do</strong>r. Apesar da libertação <strong>do</strong> país, a <strong>literatura</strong> apresentou uma diminuição <strong>na</strong> sua<br />
produção, devi<strong>do</strong> às turbulências pelas quais passou a região com o fim <strong>do</strong> regime colonial. A<br />
exaltação da terra continuava existin<strong>do</strong> e se propagan<strong>do</strong> mesmo que a passos lentos nesse<br />
perío<strong>do</strong>, agora de uma maneira mais livre.<br />
Inocência Mata chega à conclusão que<br />
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