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COIvl - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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No início dos anos 70 esse simplismo, no entanto, encontrava uma parte <strong>de</strong> sua<br />

inspiração na crise econômica causada pela emergência, no plano prático, <strong>de</strong> uma retó-<br />

rica indignada que há muito vinha sendo martelada pelas nações do terceiro mundo. A<br />

crise das matérias primas, a do petróleo especialmente, a formação <strong>de</strong> cartéis, o diálogo<br />

norte/sul, até mesmo a exigência <strong>de</strong> uma Nova Or<strong>de</strong>m Econômica internacional, foram<br />

os fatos que estimularam, â direita e â esquerda (leia-se Comissão Trilateral e Social-De-<br />

mocrácia) a idéia <strong>de</strong> que os conflitos internos, a luta <strong>de</strong> classes, cediam terreno a uma<br />

luta mais ampla e mais contun<strong>de</strong>nte. Na esteira <strong>de</strong>sse quadro é que surge a questão<br />

da Nova Or<strong>de</strong>m Internacional da Informação (NOII).<br />

Ela correspon<strong>de</strong>ria, no plano do fluxo internacional <strong>de</strong> "notícias" a uma segunda<br />

redistribuição da riqueza. E na UNESCO, o foro privilegiado <strong>de</strong>ssa discussão, com<br />

todas as contradições que marcam um organismo internacional, heterogêneo e quase<br />

diplomático, <strong>de</strong>bateu-se o relatório Mcbri<strong>de</strong> que acabava, passando ao largo <strong>de</strong> ques-<br />

tões teóricas fundamentais, tornando proposta política a idéia pouco <strong>de</strong>finida das cha-<br />

madas Políticas Nacionais <strong>de</strong> Comunicação, tão pouco <strong>de</strong>finidas que permitia concei-<br />

tuações superficiais como a <strong>de</strong> L. R. Beltrán: "uma política nacional <strong>de</strong> Comunicação é<br />

um conjunto integrado, explícito e duradouro <strong>de</strong> políticas parciais <strong>de</strong> comunicação<br />

harmonizadas num corpo coerente <strong>de</strong> princípios e normas dirigidas a guiar a conduta<br />

das instituições especializadas no manejo do processo geral <strong>de</strong> comunicação em um<br />

país".<br />

Assim, ao lado <strong>de</strong> uma persistente fragilida<strong>de</strong> teórica que reforça ainda mais a<br />

distância que separa os estudiosos dos problemas da comunicação dos cientistas políti-<br />

cos, acreditava-se (e talvez ainda se acredite) que uma política nacional, à margem <strong>de</strong><br />

uma reflexão mais profunda sobra o caráter do Estado, especialmente nos anos 70,<br />

quando a prática do totalitarismo se disseminava na América Latina, era suficiente para<br />

"reequilibrar o <strong>de</strong>sequilíbrio dos sistemas <strong>de</strong> comunicação". E libertar, portanto.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, não libertava, Nem mesmo apontava rumos para a formulação <strong>de</strong><br />

uma teoria crítica da comunicação, já que a proposta não se articulava — como lemb-<br />

brou Mattelart na República Dominicana — com "uma teoria acerca das formações na-<br />

cionais (. . .) acerca dos partidos (. ..) acerca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia". Po<strong>de</strong>-se até arriscar a no-<br />

ção <strong>de</strong> que a proposta reproduzia os mesmos esquemas verticais que sempre legitima-<br />

ram a teoria da opinião pública burguesa no campo capitalista.<br />

Aliás, nem mesmo Cuba, on<strong>de</strong> se supõe a presença <strong>de</strong> uma Política Nacional <strong>de</strong><br />

Comunicação mais próxima do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> efetivamente <strong>de</strong>mocrática, fi-<br />

caria livre <strong>de</strong> contradição já que "a mudança da estrutura econômica <strong>de</strong> uma socieda-<br />

<strong>de</strong> não implica que automaticamente existam novos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> mas-<br />

sas".<br />

Nesse sentido, a ilusão que a tese da NOII permitiu foi também responsável pelo<br />

renascimento <strong>de</strong> um certo ranço "nacionalista" que pensa que a questão da informação<br />

voltada para os interesses populares é uma questão <strong>de</strong> localização — nas mãos do setor<br />

público e não nas mãos do setor privado —, como se não bastassem, para negar essa<br />

idéia, as alinaças entre os Estados latino-americanos e o imperialismo, ou antes, como<br />

se não bastasse o trágico processo <strong>de</strong> repressão aos movimentos populares que esses<br />

Estados promoveram. Nas mãos <strong>de</strong> quem estariam essas Políticas Nacionais <strong>de</strong> Comuni-<br />

cação!<br />

Tudo isso, enfim, para comentar a obra editada pelo CIESPAL, que não apenas re-<br />

produz como ainda amplia as lacunas apontadas acima. Composta com a contribuição<br />

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