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17/10/2001 - Câmara dos Deputados

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CÂMARA DOS DEPUTADOS<br />

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO<br />

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES<br />

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL<br />

COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO<br />

EVENTO: Audiência Pública/Reunião<br />

ordinária<br />

N°: 001143/01 DATA: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

INÍCIO: <strong>10</strong>:03 TÉRMINO: 12:25 DURAÇÃO: 02:22<br />

TEMPO DE GRAVAÇÃO: 2:25 PÁGINAS: 62 QUARTOS: 29<br />

REVISORES: PAULO DOMINGOS, MONICA, IRMA, ANNA AUGUSTA<br />

SUPERVISÃO: SEM SUPERVISÃO<br />

CONCATENAÇÃO: DANIEL<br />

DEPOENTE/CONVIDADO – QUALIFICAÇÃO<br />

FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Secretário do Tesouro Nacional.<br />

SUMÁRIO: Esclarecimentos sobre os reflexos nos bancos oficiais federais e nos fun<strong>dos</strong><br />

constitucionais da Medida Provisória nº 2.196/01, que estabelece o Programa de<br />

Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais e autoriza a criação da Empresa Gestora<br />

de Ativos<br />

OBSERVAÇÕES<br />

Há oradores não identifica<strong>dos</strong>.<br />

Há intervenção inaudível.<br />

Houve projeção de “slides”.<br />

Após o encerramento da Audiência Pública, teve início a 30ª Reunião ordinária da Comissão<br />

de Finanças e Tributação.


CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL<br />

Nome: Comissão de Finanças e Tributação<br />

Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Declaro abertos os<br />

trabalhos da presente reunião de audiência pública conjunta da Comissão de<br />

Finanças e Tributação e da Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento Regional,<br />

destinada a obter esclarecimentos sobre os reflexos nos bancos oficiais federais e<br />

nos fun<strong>dos</strong> constitucionais da Medida Provisória nº 2.196/01, que estabelece o<br />

Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais e autoriza a<br />

criação da Empresa Gestora de Ativos.<br />

Já se encontra ao nosso lado o Dr. Fábio de Oliveira Barbosa, Secretário do<br />

Tesouro Nacional.<br />

Babá.<br />

Os autores do requerimento são os Deputa<strong>dos</strong> José Pimentel, Paulo Rocha e<br />

Esclareço ao senhor convidado e aos Srs. Parlamentares que a reunião está<br />

sendo gravada, para posterior transcrição. Por isso, solicito que falem ao microfone<br />

e se identifiquem ao iniciar as interpelações.<br />

Para melhor esclarecimento <strong>dos</strong> nossos trabalhos, adotaremos os seguintes<br />

critérios: o expositor disporá de até 20 minutos, prorrogáveis por mais 5, para fazer<br />

sua exposição. Somente após a exposição é que passaremos ao debate. Os Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong> terão o tempo de 5 minutos para interpelações. Serão permitidas réplica<br />

e tréplica, pelo prazo de 3 minutos. Para responder a cada interpelação, o expositor<br />

terá o mesmo tempo.<br />

Serão autorizadas inscrições na seguinte seqüência: autores do<br />

requerimento, membros da Comissão e, havendo tempo, os outros Parlamentares.<br />

minutos.<br />

Passo a palavra ao Sr. Fábio de Oliveira Barbosa, que disporá de até 20<br />

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CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINAL<br />

Nome: Comissão de Finanças e Tributação<br />

Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Exmo. Sr. Presidente da Comissão<br />

de Finanças e Tributação, Deputado Jorge Tadeu Mudalen, Srs. Parlamentares,<br />

senhoras e senhores, gostaria de agradecer a oportunidade de comparecer a esta<br />

Comissão para tentar prestar alguns esclarecimentos sobre o Programa de<br />

Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais, que lançamos ao final de<br />

junho, por meio da Medida Provisória nº 2.196.<br />

Se o Sr. Presidente estiver de acordo, trouxe uma exposição em slides, que<br />

gostaria de apresentar.<br />

(Projeção de slides.)<br />

Esta apresentação é uma pequena introdução, depois mostraremos um<br />

sumário das principais medidas e seus impactos sobre as quatro instituições<br />

financeiras federais, um balanço consolidado sobre essas instituições e, finalmente,<br />

algumas medidas complementares que adotamos.<br />

O Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais decorre<br />

de uma iniciativa inédita, realizada pelo Governo Federal, através do Banco Central,<br />

que visa exatamente estender às instituições financeiras públicas o mesmo<br />

tratamento dado às instituições privadas.<br />

O Banco Central realizou inspeções nas quatro instituições — é a primeira<br />

vez que isso acontece — e identificou necessidades de adequação patrimonial da<br />

Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNB e BASA, tudo isso com base numa<br />

regulamentação prudencial que refletiu os acor<strong>dos</strong> internacionais, no caso, da<br />

Basiléia, ou seja, requerimentos de capital mínimo à luz da ponderação de risco <strong>dos</strong><br />

seus ativos e, em particular, da Resolução nº 2.682, de 1999, que definiu como os<br />

ativos deveriam ser trata<strong>dos</strong> em termos de provisões e classifica<strong>dos</strong> de acordo com<br />

seu risco para a instituição financeira.<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

Com base nesse escopo de regulamentação, foram realizadas essas<br />

inspeções que apontaram diversas deficiências das instituições financeiras federais.<br />

Lidar com essas deficiências constituiu o terceiro estágio de um processo de<br />

consolidação do Sistema Financeiro Nacional, iniciado com o PROER, em 1995/96,<br />

e, posteriormente, com o saneamento e privatização ou liqüidação de bancos<br />

estaduais, o PROES. O Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras<br />

Federais é exatamente a terceira etapa.<br />

Observem os senhores que recentemente saiu um relatório indicando<br />

problemas no sistema bancário de diversos países, e o caso brasileiro foi apontado<br />

como exemplo positivo de saúde do sistema, que é um bem público. Não é questão<br />

de estarmos tratando com instituições financeiras ou especuladores. O fato de<br />

termos um sistema financeiro capaz de intermediar a poupança realizada pelos<br />

agentes econômicos e de direcionar essa poupança para investimentos, e mesmo<br />

gastos de consumo da população, é uma grande vantagem comparativa que temos.<br />

Isso permite, inclusive, termos um grau de desenvolvimento do mercado de capitais<br />

no Brasil superior a diversos países de renda comparável à brasileira.<br />

Vamos descrever as grandes linhas do Programa de Fortalecimento das<br />

Instituições Financeiras Federais. Tínhamos um problema muito grande a ser<br />

resolvido — e tínhamos várias restrições — e definimos cinco grandes linhas de<br />

atuação para lidar com essas dificuldades. Primeiro, o Tesouro Nacional assumiu<br />

diversos riscos que anteriormente eram banca<strong>dos</strong> por instituições financeiras<br />

federais. Em condições de mercado, esses riscos não seriam assumi<strong>dos</strong> pelas<br />

instituições financeiras, mas o foram em função da natureza dessas instituições.<br />

Uma outra parte da nossa atuação envolveu a segregação de ativos de<br />

propriedade das instituições financeiras federais. O fato de esses ativos estarem<br />

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incluí<strong>dos</strong> numa instituição financeira — devido às regras de prudência adotadas para<br />

todas as instituições financeira — implicava um nível de provisão elevadíssimo, ou<br />

seja, necessidade de aporte de recursos do contribuinte, de capital efetivo para lidar<br />

com essas provisões. Numa instituição não-financeira não haveria esse problema.<br />

Troca de ativos.<br />

Tínhamos vários direitos ativos das instituições financeiras federais com<br />

remuneração inferior às taxas de mercado e também com prazos incompatíveis em<br />

relação aos prazos efetivamente pratica<strong>dos</strong> em mercado. Tivemos que fazer<br />

também essa troca por letras do Tesouro Nacional, oferecidas regularmente em<br />

leilões todas as terças-feiras.<br />

Além disso, utilizamos a capitalização. Existe no Congresso Nacional uma<br />

proposta de abertura de crédito orçamentário no valor de 3,5 bilhões de reais, para<br />

capitalização do BNB e do BASA. Também conseguimos a aquiescência do Banco<br />

Central para considerar determina<strong>dos</strong> recursos de captação <strong>dos</strong> bancos como uma<br />

espécie de capital de segundo nível, chamada dívida subordinada, que explicaremos<br />

mais à frente.<br />

Com relação à Caixa Econômica Federal, fizemos o seguinte: em primeiro<br />

lugar, identificamos cerca de 27 bilhões de reais em ativos da Caixa Econômica<br />

Federal. É importante frisar que os ativos da Caixa Econômica Federal, antes da<br />

operação, montavam a 130 bilhões de reais. Identificamos 26,7 bilhões de reais em<br />

ativos, principalmente em operações para o setor imobiliário e de saneamento, que<br />

implicariam, pelas regras de provisão e dadas as características desses créditos —<br />

créditos de longo prazo, com taxas inferiores às de mercado —, provisões da ordem<br />

de 22 bilhões de reais. Esses ativos da Caixa foram adquiri<strong>dos</strong> por uma nova<br />

empresa não-financeira, a EMGEA, que os pagou assumindo obrigações da Caixa<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

Econômica Federal para com o FGTS, passando a ser a devedora do FGTS com<br />

garantia plena do Tesouro Nacional, ou seja, se por algum acaso essa empresa não<br />

tiver recursos para lidar com essas obrigações, nós, do Tesouro Nacional, vamos<br />

bancar e cobrir, sem qualquer prejuízo para o FGTS. Isso eliminou, portanto,<br />

necessidades de provisão bastante significativas.<br />

Além disso, o Tesouro Nacional adquiriu ativos referentes ao refinanciamento<br />

da Lei nº 8.727, que são também ativos de longo prazo, no valor de 13 bilhões e<br />

comprou outras operações — a chamada massa nova de contratos —, com lastro<br />

em recursos do FGTS, no valor de 8 bilhões, pagando com títulos com<br />

características de mercado. Além disso, prometemos trocar os títulos referentes à<br />

novação do Fundo de Compensação de Variações Salariais por títulos em condições<br />

de mercado.<br />

A Caixa detém cerca de 23,3 bilhões de reais desses ativos. Esses títulos<br />

pagam a remuneração da TR mais 3% e TR mais 6% — são dois títulos diferentes<br />

— com prazos de 30 anos, com carência de 8 anos para juros e 12 para o principal.<br />

É um título negociado no mercado secundário com deságio expressivo e esse<br />

deságio se refletiria numa necessidade de provisão para a Caixa Econômica<br />

Federal, talvez da ordem de 50%. Então, o que fez o Tesouro Nacional? Trocou ou<br />

vai trocar esses papéis, uma vez que são da carteira da Caixa Econômica Federal,<br />

por papéis em condições de mercado evitando, portanto, a provisão que seria<br />

necessária de acordo com a legislação prudencial.<br />

Além disso, o Tesouro Nacional assumiu o risco das operações do FGTS que<br />

remanesceram na Caixa Econômica Federal e que eram bancadas por esta. Com o<br />

intuito de preservar o caráter social dessas operações e eliminar o risco comercial<br />

para a Caixa Econômica Federal, assumimos o risco dessas operações.<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

Dadas todas essas operações e dentro do processo de ajuste, a Caixa ainda<br />

teve de realizar provisões de <strong>10</strong>,7 bilhões de reais. Essas provisões foram<br />

financiadas, vamos chamar assim, com a capitalização de 9,3 bilhões de reais. A<br />

diferença foi bancada com a liberação de outras provisões, em função do risco<br />

assumido pelo Tesouro Nacional. O Tesouro Nacional capitalizou a Caixa<br />

Econômica Federal em 9,3 bilhões de reais. Como o Tesouro fez isso? O Tesouro<br />

comprou um crédito que o Banco Central detinha contra a Caixa Econômica Federal<br />

neste valor e converteu esse crédito — que passou a ser crédito do Tesouro<br />

Nacional com a Caixa Econômica Federal — em capital. Com isso, a Caixa pôde<br />

absorver essas provisões realizadas. Em linhas gerais, esse foi o ajuste da Caixa<br />

Econômica Federal.<br />

Vamos ao Banco do Brasil.<br />

No caso do Banco do Brasil, não houve capitalização. É importante frisar isso.<br />

No caso da securitização agrícola, desoneramos o risco do Banco do Brasil nessas<br />

operações, seja com recursos próprios, seja com recursos da União, do orçamento e<br />

das operações oficiais de crédito. Estes são os estoques da securitização agrícola<br />

na posição de 30 de junho. Além disso, recebemos em pagamento de dívidas para<br />

com o Tesouro Nacional, que o Banco do Brasil tinha, créditos do FAT, do BNDES,<br />

de fundo constitucional e do FUNCAFÉ. Com isso, o Banco do Brasil saiu de uma<br />

posição em ativos que geraria necessidade de provisão. Portanto, eliminamos<br />

também a necessidade de provisão.<br />

Além disso, fizemos a recompra <strong>dos</strong> chama<strong>dos</strong> bradies em carteira do Banco<br />

do Brasil desde a renegociação da dívida externa, em 1994. Os bradies, como os<br />

senhores se recordam, têm a característica de pagarem juros abaixo <strong>dos</strong> valores de<br />

mercado. Portanto, são negocia<strong>dos</strong> por um valor inferior ao de face. Os bradies,<br />

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além da taxa abaixo da de mercado, são mais longos e implicariam também, da<br />

mesma forma que o FCVS, necessidade de provisão para fazer a marcação ao<br />

mercado. O que é marcação ao mercado? É exatamente dar o preço do ativo, do<br />

ponto de vista de um potencial comprador, a cada dia, de acordo com o que ele teria<br />

que fazer de financiamento para comprar esse ativo. É o custo de oportunidade do<br />

capital que estava empregado nos papéis bradies e que geraria necessidade de<br />

provisão para o Banco do Brasil. Trocamos, então, por Letras Financeiras do<br />

Tesouro, também em condições de mercado.<br />

Além disso, pelo mesmo motivo de evitar provisões, trocamos os ativos<br />

referentes às renegociações da dívida rural do PESA também por LFTs. Compramos<br />

esses ativos do Banco do Brasil evitando, assim, a necessidade de provisão, dado<br />

que também são ativos de longo prazo e que os colaterais que embasam essas<br />

operações só vão gerar o seu valor de face equivalente ao principal devido pelo<br />

agricultor ao final de 20 anos. Isso levaria a uma necessidade de provisão pelo valor<br />

presente, que implicaria custo para o contribuinte, o que evitamos com essa<br />

operação.<br />

Além disso, desoneramos o Banco do Brasil, assim como todas as instituições<br />

que gerem os fun<strong>dos</strong> constitucionais, <strong>dos</strong> riscos das operações que tinham até<br />

1998. Com isso, eliminamos a necessidade de provisão em operações de crédito<br />

fundeadas com esses recursos até essa ocasião.<br />

Como já havia mencionado, conseguimos autorização do Banco Central para<br />

considerar o fundo constitucional como integrante da base de capital do Banco do<br />

Brasil. O que significa isso? O fundo constitucional não é um capital pleno, como o<br />

Tesouro Nacional aportou em 1996 mas, para efeito da fiscalização, da supervisão<br />

bancária, ele pode ser considerado, dadas suas características – é um fundo<br />

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público, gerido pela União e não tem vencimento determinado – como constituinte<br />

da base de capital com algumas restrições, entre as quais, a de que não pode ser<br />

superior a 50% do patrimônio líquido de nível 1 (o patrimônio líquido constituído<br />

normalmente). Com isso, permite-se a recomposição da base de capital do Banco<br />

do Brasil e seu pleno enquadramento nos Índices de Basiléia, sem qualquer<br />

dispêndio adicional pelo Tesouro Nacional.<br />

No caso do Banco do Nordeste, fizemos também a desoneração do risco do<br />

Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, um estoque de referência de 7<br />

bilhões de reais. Para que os senhores tenham uma idéia, esse risco eliminado retira<br />

a necessidade de provisão da ordem de 4,3 bilhões de reais. O fato de o Tesouro<br />

Nacional ter assumido esse risco retirou do Banco do Nordeste a necessidade de<br />

provisão dessa magnitude.<br />

Apesar disso, novos ajustes se fizeram necessários em função do<br />

aperfeiçoamento da legislação de supervisão bancária. O fato é que o Banco do<br />

Nordeste teve ainda de realizar provisões que podem chegar a 2,1 bilhões. Como<br />

estamos lidando com isso? Com a proposta de abertura de crédito orçamentário de<br />

capitalização do Banco do Nordeste em 2,1 bilhões e também com a consideração<br />

do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste como integrante da sua<br />

base, permitindo ao Banco do Nordeste a plena operação em suas funções<br />

precípuas. Com isso, vamos recompor — se o Congresso Nacional aprovar essa<br />

proposta de crédito orçamentário — a base de capital do Banco do Nordeste, para<br />

que possa operar plenamente.<br />

Com relação ao Banco da Amazônia, utilizamos o mesmo procedimento que<br />

adotamos para o Banco do Nordeste e o Banco do Brasil, ou seja, desoneramos o<br />

risco do Banco da Amazônia do estoque até 1998, que era da ordem de 1,4 bilhão<br />

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de reais. Além disso, da mesma forma que fizemos com a Caixa Econômica Federal,<br />

compramos o ativo da carteira do banco referente à Lei nº 8.727, que gerava lucro<br />

econômico, mas gerava deficiência de caixa, na medida em que esse lucro tinha de<br />

ser distribuído com os acionistas, com pagamento de dividen<strong>dos</strong>, de imposto de<br />

renda, etc. Foi identificada, pelo Banco Central, a necessidade de provisão<br />

exatamente para adequar o resultado econômico ao resultado financeiro. Vamos<br />

adquirir esse ativo, e o resultado dessa venda será integralmente utilizado para o<br />

pagamento de dívidas do banco junto à Caixa de Previdência e Assistência aos<br />

Funcionários do Banco da Amazônia S.A. Além disso, solicitamos ao Congresso<br />

Nacional a abertura de crédito orçamentário no valor de 1 bilhão de reais.<br />

Como menciono na terceira linha, temos de fazer provisões para o Fundo<br />

Constitucional de Financiamento do Norte depois da data de corte e exoneração de<br />

risco — 31 de dezembro de 1998. Há também despesas com aposenta<strong>dos</strong> que não<br />

estão incluídas na CAPAF, mas na folha do Banco da Amazônia, e a própria<br />

despesa da CAPAF, gerando o total de aprovisionamento de 1,1 bilhão.<br />

Como lidamos com isso? Com capitalização direta do Tesouro Nacional de 1<br />

bilhão de reais e consideramos também o Fundo Constitucional de Financiamento<br />

do Norte como capital de nível 2. Isso acresce mais 0,23 bilhão de reais à base de<br />

capital do BASA.<br />

Agora vamos passar à visão consolidada...<br />

(Não identificado.) - O que é CAPAF?<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Caixa de Previdência e Assistência<br />

aos Funcionários do Banco da Amazônia S.A.<br />

Vou apresentar uma visão consolidada em termos da dívida pública. O<br />

impacto, em termos da dívida líquida do setor público, é de 12,5 bilhões de reais.<br />

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Toda as demais operações envolvem troca de ativos entre o Tesouro Nacional e as<br />

instituições, não onerando a dívida pública, apesar de envolverem emissões de<br />

títulos. Por exemplo. Compramos o PESA, que não é um título, mas um crédito, que<br />

passa a constar da carteira do Tesouro Nacional. O impacto na dívida líquida, na<br />

verdade, é referente à capitalização feita na Caixa Econômica Federal e à que<br />

pretendemos fazer no BASA e no BNB, uma vez aprovado o crédito pelo Congresso<br />

Nacional.<br />

Como estavam os bancos e como ficaram agora?<br />

Caixa Econômica Federal: o patrimônio líquido de 2 bilhões 800 mil de reais<br />

passou a 4 bilhões 500 milhões de reais. Antes, a Caixa estava completamente<br />

desenquadrada do Índice de Basiléia, com o índice de 5. Depois dessas operações,<br />

a Caixa apresenta um índice de 16.<br />

Banco do Brasil: patrimônio líquido de 8 bilhões 200 milhões de reais. Com a<br />

consideração do capital de nível 2 do Fundo Constitucional de Financiamento do<br />

Centro-Oeste, esse capital pôde ser elevado a <strong>10</strong>,1 bilhões. Algumas provisões que<br />

tiveram de ser feitas também. O Índice da Basiléia sai 7,6 e passa a 11,5, estando<br />

plenamente enquadrado.<br />

Banco do Nordeste: patrimônio líquido de quase 1 bilhão de reais. Se<br />

realizadas todas as capitalizações e consideração do capital de nível 2, passará<br />

para 1 bilhão 440 milhões de reais aproximadamente. Sai do índice desenquadrado<br />

de Basiléia de 7,4 para 20, com grande capacidade de alavancar operações naquela<br />

região.<br />

O BASA, apesar de ter tido um importante acréscimo de patrimônio líquido, já<br />

estava enquadrado no Índice de Basiléia, de 13, e passa ao índice de <strong>17</strong>, saindo de<br />

um patrimônio de 0,26 milhão de reais para 0,68 milhão, depois das operações.<br />

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As quatro instituições financeiras federais estão plenamente enquadradas na<br />

regulamentação prudencial, sem nenhuma distinção em relação às instituições<br />

privadas.<br />

Além de todas essas medidas, adotamos uma série de outras, adequadas, no<br />

nosso entendimento, para assegurar que esse ajuste não será necessário no futuro,<br />

ou seja, é um ajuste estrutural permanente e que envolve medidas complementares<br />

tais como a mudança de estatuto do Banco do Brasil, inclusive aperfeiçoando as<br />

regras de governança corporativa. A intenção do Banco do Brasil em aderir ao novo<br />

mercado pressupõe uma série de procedimentos em termos de transparência, de<br />

informação ao mercado, regras de negociação de ações, etc.<br />

Quanto à Caixa Econômica Federal, criamos uma diretoria de controle que<br />

supervisionará os resulta<strong>dos</strong> da empresa para verificar se está de acordo com aquilo<br />

que o acionista, o Tesouro Nacional, espera da empresa. Estão sendo feitas<br />

revisões profundas de to<strong>dos</strong> os processos, em particular de controles internos. Há<br />

todo um planejamento dessas ações que será gerenciado pela diretoria de controle<br />

da Caixa Econômica Federal, além de uma série de outras mudanças em<br />

andamento.<br />

Quanto ao BNB, também fizemos uma mudança no estatuto. As reuniões do<br />

conselho de administração do BNB eram semestrais. Mudamos o estatuto e<br />

determinamos a realização de reuniões mensais do conselho de administração e<br />

criação de uma diretoria de controle com a finalidade exclusiva de acompanhar as<br />

contas e verificar o bom andamento das operações do banco sob a perspectiva do<br />

acionista.<br />

Essa Diretoria de Controle não se confunde com a parte de auditoria, que é a<br />

auditoria interna do banco e a auditoria externa, feita por empresas eventualmente<br />

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contratadas, pela CISET, pela Secretaria Federal de Controle e pelo próprio Tribunal<br />

de Contas da União. Esse controle tem foco no resultado do negócio, diferente do<br />

controle da auditoria.<br />

Além disso, propusemos a explicitação no Orçamento Geral da União de<br />

gastos típicos de políticas públicas antes embuti<strong>dos</strong> nas operações das empresas.<br />

Criamos o programa de subsídio habitacional e sugerimos ao Congresso Nacional a<br />

alocação de 350 milhões de reais para o subsídio à habitação de baixa renda. A<br />

proposta está em discussão no Congresso Nacional, no contexto do Orçamento<br />

Geral da União para o ano que vem. Ou seja, aquilo que antes era feito via resultado<br />

da Caixa Econômica Federal, de forma discricionária, sem nenhum crivo por parte<br />

do Congresso Nacional, que é quem tem a prerrogativa de alocar os recursos, agora<br />

está sendo explicitado.<br />

Há uma política de subsídios criada e estamos explicitando a dotação no<br />

Orçamento. Com base nesse subsídio previsto é que será possível implementar os 3<br />

bilhões e 300 milhões de reais em operações do FGTS, no ano que vem. A esse<br />

subsídio de 350 milhões de reais, soma-se o subsídio de 260 milhões que o próprio<br />

FGTS aprovou para as operações de baixa renda. É um esforço que a União está<br />

fazendo, agora de forma transparente, clara, dentro do Orçamento Geral da União,<br />

que vai concorrer com outras prioridades do Congresso ao longo deste segundo<br />

semestre.<br />

Também estamos “reprecificando” produtos e serviços dessas empresas.<br />

Para operar em determinada linha, muitas vezes o custo de captação é superior ao<br />

que seria compatível com a clientela. Nesses casos, precisamos do subsídio no<br />

Orçamento, mas há casos em que ainda não há possibilidade de consegui-lo. Cito o<br />

caso da habitação para a classe mais elevada. A Caixa Econômica Federal está<br />

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sobreenquadrada nos critérios de captação de poupança. Ela não está mais<br />

captando em poupança, e sim em CDB, que paga a taxa SELIC, então não pode<br />

tomar dinheiro a 19% ao ano e emprestar a 12%. A mudança teria de constar do<br />

Orçamento Geral da União, e os Congressistas diriam se é possível e necessário o<br />

subsídio, que não pode ser feito dentro de uma estrutura burocrática, de forma<br />

pouco transparente.<br />

Finalmente, as instituições financeiras federais passam a ter o mesmo<br />

tratamento dispensado aos bancos priva<strong>dos</strong>, o que foi comprovado com a realização<br />

dessas inspeções e a manutenção dessa rotina. Não haverá mais o vácuo em<br />

termos de fiscalização, observado desde 1808, quando foi criado o Banco do Brasil.<br />

Haverá uma fiscalização estrita, nos mesmos moldes em que é feita a fiscalização<br />

pelo Banco Central em outras instituições.<br />

Era isso o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Encerrada a<br />

exposição, passaremos ao debate.<br />

Obedecendo à ordem de inscrição, concedo a palavra ao Deputado José<br />

Pimentel, autor do requerimento.<br />

O SR. DEPUTADO JOSÉ PIMENTEL – Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, Dr. Fábio Barbosa, os objetivos dessa medida provisória são, na sua<br />

maioria, importantes e necessários, tendo em vista que grande parte das operações<br />

realizadas pelos quatro bancos oficiais federais, em especial pelo Banco do Brasil e<br />

pela Caixa Econômica Federal, foram decididas nesta Casa, como é o caso das<br />

securitizações e do subsídio à moradia, que equalizava o Plano de Equivalência<br />

Salarial, entre uma série de outras questões. Outras foram decididas pelo próprio<br />

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Executivo, a exemplo das aquisições do Fundo de Compensação de Variação<br />

Salarial por um valor acima do de mercado.<br />

Com essa medida provisória estamos mostrando com transparência o que foi<br />

feito nos últimos tempos, ou ao longo da história dessas instituições, já que o Fundo<br />

de Compensação de Variação Salarial reporta à política habitacional do antigo BNH.<br />

A medida provisória tem esse grande mérito.<br />

Outro fator de importância é que, com a inclusão no Orçamento, há mais<br />

transparência para o controle público, para a sociedade, para o Congresso Nacional.<br />

O Partido <strong>dos</strong> Trabalhadores apóia a medida provisória, em grande parte, mas<br />

questiona alguns itens.<br />

O primeiro ponto de divergência diz respeito aos arts. 13 e 14 da medida<br />

provisória, que determinam que os riscos que eram <strong>dos</strong> bancos operadores, <strong>dos</strong><br />

fun<strong>dos</strong> constitucionais, até novembro de 1998, sejam transferi<strong>dos</strong> para o fundo<br />

constitucional. Não está claro se os bancos terão de devolver ao fundo o del<br />

credere que haviam cobrado. Minha primeira pergunta, Dr. Fábio, é sobre o del<br />

credere cobrado pelos bancos desde a origem <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong>, em 1989, até novembro<br />

de 1998, quando o risco passa para o fundo.<br />

O segundo ponto é que, no dia 29 de dezembro de 2000, esta Casa<br />

converteu em lei a medida provisória que tratava da equalização da taxa de juros<br />

<strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> constitucionais. A medida era de janeiro de 2000 e foi transformada na<br />

Lei nº <strong>10</strong>.<strong>17</strong>7. Esta Casa aprovou dispositivo que previa que as dívidas de até 50<br />

mil reais para com os fun<strong>dos</strong> seriam prorrogadas e, no pagamento, teriam um rebate<br />

a fundo perdido de 30%. A área econômica recomendou o veto desse dispositivo<br />

argumentando que ele descapitalizaria os fun<strong>dos</strong> e foi atendida.<br />

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O art. 13 da medida provisória determina que todas as operações de difícil<br />

recebimento feitas com recursos <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> das Regiões Norte, Nordeste e Centro-<br />

Oeste serão debitadas no próprio fundo.<br />

No dia 22 de junho de <strong>2001</strong>, os bancos que são sociedade anônima —<br />

Banco do Brasil, BNB e BASA — publicaram seus fatos relevantes. O Banco do<br />

Brasil informa que o montante a ser debitado do fundo é da ordem de 670 milhões<br />

de reais, mas BNB e BASA não informam esse valor.<br />

Pergunto a V.Sa., Dr. Fábio, se a Secretaria do Tesouro já tem o montante de<br />

recursos que o BNB e o BASA debitarão, uma vez que o único que publicou os<br />

valores do fato relevante foi o Banco do Brasil.<br />

O terceiro item refere-se à política de fiscalização, de transparência e de boa<br />

gestão. Os acor<strong>dos</strong> precisam ser aprimora<strong>dos</strong>. Temos uma série de preocupações,<br />

que ficaram mais transparentes com as operações de fiscalização no Banco<br />

Nacional e no Banco Econômico. Esta Casa tem agora maior domínio do assunto.<br />

Para o caso <strong>dos</strong> bancos oficiais federais, temos feito uma série de ajustes, mas<br />

preocupa-nos muito o caso específico do BNB. No balanço publicado pelo banco no<br />

dia <strong>17</strong> de agosto de <strong>2001</strong>, referente a 30 de junho de <strong>2001</strong>, há uma série de fatores<br />

que demonstram que o banco tem passivo a descoberto, ao contrário do que foi<br />

divulgado, um patrimônio líquido em torno de 1 bilhão de reais. As notas explicativas<br />

<strong>dos</strong> auditores independentes declaram que nesse patrimônio deixou de ser<br />

aprovisionada a quantia de 1 bilhão 372 milhões de reais, que necessariamente<br />

deveriam ter sido aprovisiona<strong>dos</strong>. Declaram também que, nas operações com o FNE<br />

de dezembro de 1998 até 30 de junho de <strong>2001</strong>, 50% do risco ficou com o banco, e<br />

deveriam ter sido aprovisiona<strong>dos</strong> 300 milhões de reais, operações feitas a partir de<br />

30 de dezembro de 1998 que, segundo auditores independentes, não serão<br />

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recebidas ou são de difícil recebimento. Também deixaram de ser aprovisiona<strong>dos</strong><br />

425 milhões para contingências fiscais, cíveis e trabalhistas. Esses montantes<br />

somam cerca de 2 bilhões, o que se aproxima do que V.Sa. disse sobre o aporte de<br />

capital, 2 bilhões 556 milhões, para zerar.<br />

Nossa grande preocupação é que a medida provisória é de junho, e no dia 30<br />

do mesmo mês, ou seja, já à luz dessas novas regras, um banco frauda o balanço<br />

para tentar negar a existência do passivo a descoberto. O auditor independente foi<br />

muito criterioso na sua análise do balanço, e não poderia ser diferente. Pergunto a<br />

V.Sa. o que fazer para resolver essa pendência e, a partir daí, ter tranqüilidade.<br />

Por último, Sr. Presidente, indago sobre as operações com os fun<strong>dos</strong><br />

constitucionais, que muito nos preocupam. A medida provisória declara que, a partir<br />

de dezembro de 1998, 50% do risco é do fundo e 50% do banco. No caso concreto<br />

do FNE, a Secretaria do Tesouro transferiu para o banco 1 bilhão e 59 milhões de<br />

reais em 1999. Desse montante, o banco emprestou 650 milhões. No ano de 2000, a<br />

Secretaria do Tesouro repassou 1 bilhão 181 milhões, e o banco emprestou 424<br />

milhões. Isso totaliza as operações de 1999 e 2000 em 1 bilhão e 74 milhões. Do<br />

total emprestado, as notas explicativas do balanço de 30 de junho determinam que<br />

300 bilhões deveriam ser aprovisiona<strong>dos</strong> — são de difícil recebimento os 50% de<br />

risco do banco — e 300 milhões seriam risco do fundo. Em outras palavras, de<br />

operações que somam 1 bilhão e 74 milhões de reais, 600 milhões são de difícil<br />

recebimento. Eu indago se a Secretaria do Tesouro tem mais informações sobre<br />

isso, porque 55% das operações de 1999 e 2000 feitas com recursos do FNE são de<br />

difícil recebimento, conforme atesta o auditor independente do BNB.<br />

Obrigado, Sr. Presidente.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Concedo a palavra<br />

ao Dr. Fábio de Oliveira Barbosa.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Muito obrigado, Deputado José<br />

Pimentel. Fico feliz que projeto tão importante deste Governo receba acolhida<br />

positiva <strong>dos</strong> mais diversos segmentos da vida partidária deste País. É importante o<br />

crescimento das propostas e da qualidade do debate. Agradeço-lhe as palavras<br />

gentis.<br />

Deputado José Pimentel, já tivemos oportunidade de conversar em detalhes<br />

sobre essa medida. V.Exa. faz uma série de perguntas importantes, cobrando<br />

esclarecimentos que devem ser presta<strong>dos</strong>.<br />

O del credere <strong>dos</strong> bancos operadores é uma remuneração pelo período em<br />

que se encontra o risco dessa operação a cargo do banco; ou seja, não há por que<br />

os bancos devolverem o del credere pago no passado pelos fun<strong>dos</strong>, porque de fato<br />

os bancos arcaram com esse risco até junho de <strong>2001</strong>. A devolução não faz sentido<br />

lógico, além de afetar as finanças das instituições, que voltariam a não poder operar.<br />

Maior do que isso é o conceito de que, enquanto o banco carregou o risco, recebeu<br />

a remuneração devida.<br />

Com relação à equalização, o dispositivo da Lei nº <strong>10</strong>.<strong>17</strong>7 que foi objeto de<br />

veto representa uma despesa que não estava prevista no Orçamento. Como os<br />

fun<strong>dos</strong> constitucionais fazem parte da União, a despesa realizada por um fundo<br />

constitucional é também gasto fiscal. É um pouco diferente o que estamos fazendo<br />

com os fun<strong>dos</strong> constitucionais. Estamos permitindo o uso da rubrica contábil Fundo<br />

Constitucional como capital de segunda linha, ou seja, capital de segundo nível, que<br />

integra o patrimônio do banco mas tem regras distintas do capital de primeiro nível.<br />

Não estamos afetando em nada o patrimônio do fundo.<br />

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Além disso, o risco passa a ser assumido pelo fundo constitucional. Deixa de<br />

ser pago o del credere sobre esse estoque até 1998 e não há nenhum aporte<br />

efetivo em dinheiro <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> constitucionais além do que já está disponível para<br />

os bancos. Ou seja, em princípio não há despesa fiscal decorrente das medidas que<br />

adotamos.<br />

Não tenho informação sobre o débito e o fato relevante publicado, mas vou<br />

procurar saber.<br />

Com relação ao balanço do BNB, tenho uma visão mais geral do processo.<br />

Havia um processo de inspeção consolidada no Banco do Nordeste. Como<br />

representante do acionista controlador, em março deste ano recebi comunicação<br />

formal do Banco Central acerca de problemas com os quais precisávamos lidar.<br />

Recebi informação sobre o BNB, o BASA, o Banco do Brasil e a Caixa. Confirmamos<br />

ao Banco Central o recebimento dessa correspondência e anunciamos a adoção das<br />

providências necessárias para o saneamento do problema.<br />

Com relação à fraude no balanço, temos divergência. Havia um processo de<br />

inspeção em curso e um processo de comunicação com o acionista controlador, que<br />

tomou as providências no dia 22 de junho. Com isso o banco pôde apresentar uma<br />

estrutura patrimonial saudável. Se o banco fizesse essas provisões, deveria ter sido<br />

liqüidado, o que acredito não seja o seu desejo. Com base na identificação desses<br />

problemas, tomamos as devidas providências. Depende do Congresso Nacional<br />

decidir se vai ou não aprovar a capitalização do Banco do Nordeste. Uma vez<br />

aprovado esse crédito, fazemos a capitalização. Com isso será possível realizar<br />

todas as provisões mencionadas por V.Exa., o que está de acordo com a<br />

fiscalização do Banco Central. É prerrogativa do Congresso Nacional decidir sobre<br />

essa despesa. Nós propusemos o crédito. Uma vez que o Congresso Nacional tome<br />

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sua decisão, fazemos o aporte. O Banco Central, nas sua instância de fiscalização,<br />

achou aceitável a explicação e concordou com o procedimento. Essa situação<br />

deverá estar resolvida até o final do ano, e, mais importante, com to<strong>dos</strong> os critérios<br />

de rigor na apresentação <strong>dos</strong> balanços.<br />

Com relação ao desembolso das operações <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> constitucionais,<br />

V.Exa. fez menção de que seriam de difícil recebimento cerca de 60% desses<br />

créditos. Se me permite, Deputado, o fato de ser necessária uma provisão não<br />

significa necessariamente risco de crédito. O que são os FCVS que nós estamos<br />

trocando? São os títulos que têm o melhor risco do mercado, o risco do Tesouro<br />

Nacional, com taxa de remuneração muito inferior à taxa de mercado, atualmente de<br />

19%. Portanto o investidor que deseja vender esse título não vai vendê-lo pelo valor<br />

de face. Ele tem um deságio. O mesmo procedimento pode ser necessário para<br />

créditos de longo prazo, com taxas privilegiadas, até mesmo para atender o foco no<br />

desenvolvimento da região. Isto é, na hipótese de o banco querer se desfazer<br />

daquele crédito, por quanto o mercado compraria esse crédito? Significa dizer que<br />

nem tudo que é provisão refere-se a crédito de qualidade duvi<strong>dos</strong>a ou de difícil<br />

recebimento.<br />

Tenho informações do Banco do Nordeste de que houve nesses últimos anos<br />

grande pulverização da concessão de crédito. Parece-me que o valor médio da<br />

operação de crédito é hoje inferior a 8 mil reais, muito superior antes de 1994. Enfim,<br />

uma série de da<strong>dos</strong> indicam melhoria da qualidade do crédito do ponto de vista da<br />

pulverização de risco na carteira.<br />

Faço este reparo sem saber exatamente o que V.Exa. aponta como de difícil<br />

recebimento. Não se trata necessariamente do chamado risco de crédito, mas pode<br />

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ser o chamado risco de mercado, ou seja, a diferença da taxa de juros do crédito<br />

para a taxa de mercado.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado José Pimentel.<br />

O SR. DEPUTADO JOSÉ PIMENTEL - Sr. Presidente, se existe um<br />

segmento nordestino que tem preocupação com as instituições regionais, ele é o<br />

Partido <strong>dos</strong> Trabalhadores.<br />

No dia 4 de fevereiro de 1999, o DNOCS foi extinto por medida provisória,<br />

então com 89 anos de existência. Apresentamos, em fevereiro daquele ano, projeto<br />

de conversão, que conseguimos aprovar na Comissão Mista em maio. Em fevereiro<br />

de <strong>2001</strong>, conseguimos acabar com o processo de extinção do DNOCS.<br />

Fizemos uma série de debates sobre a boa aplicabilidade <strong>dos</strong> recursos do<br />

FINOR, desde 1995. Depois de feito o levantamento — chegamos a uma série de<br />

identificadores —, a SUDENE foi extinta, sem sucessora, transferidas suas<br />

obrigações para a União.<br />

No caso do BNB, a boa técnica contábil não deixa outra alternativa: ou<br />

registramos nos balanços aquilo que deveria ser provisionado, ou encontramos uma<br />

alternativa, até a regularização, e essa alternativa é extracontábil. O correto teria<br />

sido fazer um aporte de capital antes do balanço de junho de <strong>2001</strong>. Ninguém quer a<br />

extinção do BNB, mas também não podemos ignorar o que é mal feito.<br />

O que nos chama a atenção é que, de 1989 para cá, houve uma série de<br />

mudanças nas resoluções do Banco Central sobre essas aplicações. A auditoria<br />

consolidada do Banco Central, concluída em dezembro de 1999, identifica uma série<br />

de irregularidades no mercado: de um montante de 1 bilhão e 74 milhões, estão<br />

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sendo aprovisiona<strong>dos</strong> 600 milhões. Esses créditos são feitos com a iniciativa<br />

privada, à luz do mercado.<br />

E mais: o Ministério da Integração Nacional, que supervisiona os fun<strong>dos</strong>,<br />

publica o Boletim nº 23, de março de <strong>2001</strong>, comprovando que, no balanço de<br />

dezembro de 2000, 45% de to<strong>dos</strong> os recursos do FNE estavam nas mãos de 1%<br />

<strong>dos</strong> tomadores. O TCU também tem da<strong>dos</strong> sobre isso. Há, portanto, uma forte<br />

concentração do crédito do FNE, e isso quem afirma é o próprio Ministério da<br />

Integração Nacional, que analisa os três fun<strong>dos</strong>; os outros dois não apresentam a<br />

mesma concentração. Além disso, que os outros dois fun<strong>dos</strong> também não registram<br />

alto risco no mesmo período.<br />

São preocupações a superar, para amanhã o Tesouro não necessitar de<br />

aporte de novos recursos com a mesma finalidade. Esse é o objetivo de to<strong>dos</strong> nós<br />

desta Casa, e imagino que da Secretaria do Tesouro Nacional.<br />

Obrigado, Sr. Presidente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Dr.<br />

Fábio de Oliveira Barbosa.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Deputado José Pimentel, com<br />

respeito à idéia de que o aporte de capital poderia ter sido feito antes de junho,<br />

tenho duas coisas a dizer. Primeiro, seria necessário, em vez da edição da medida<br />

provisória com o crédito extraordinário, o Congresso discutir com tempo e<br />

tranqüilidade a conveniência da capitalização das instituições federais, no caso<br />

específico do Banco do Nordeste. O processo teria sido muito mais rápido se houve<br />

sido adotado o procedimento que V.Exa. mencionou, mas achamos que seria melhor<br />

o Congresso Nacional apreciar a matéria por meio de um projeto de lei.<br />

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A medida provisória também é discutida pelo Congresso, mas cria-se um fato,<br />

porque o crédito está sendo colocado. Além disso, a fiscalização do Banco Central,<br />

com todo o seu rigor, entendeu que as medidas que estávamos adotando eram<br />

necessárias e que a dimensão <strong>dos</strong> ajustes tinha de envolver uma certa distribuição<br />

no tempo <strong>dos</strong> eventos a serem realiza<strong>dos</strong>. Ou seja, fizemos um esforço muito<br />

grande. V.Exa. deve ter observado que algumas dessas instituições têm ação em<br />

bolsa. Não houve vazamento de informação. Nós trabalhamos nisso durante três<br />

meses, com grande esforço de uma equipe muito grande, tanto do Tesouro Nacional<br />

quanto das instituições envolvidas e do próprio Banco Central. Tomamos uma série<br />

de cuida<strong>dos</strong> para minimizar o dano às instituições e ao mercado financeiro, do ponto<br />

de vista de percepção de solvência, e ao contribuinte. Essa foi a nossa grande<br />

preocupação. Tivemos de negociar com o Banco Central um cronograma de<br />

implementação compatível com o tempo necessário para o Congresso apreciar essa<br />

proposta de aporte de capital.<br />

Com relação às resoluções do Banco Central, é importante que V.Exa. faça<br />

uma distinção. Sei que dispõe de informação sobre o estoque do fundo<br />

constitucional até 1994, início da gestão do Presidente Fernando Henrique, e<br />

também a partir da sua gestão. Os números são muito claros. Houve, efetivamente,<br />

um processo de pulverização na distribuição de crédito, uma ampliação no volume<br />

de operações e uma redução drástica do nível médio de operações, além de um<br />

ajuste importante na estrutura de custo da instituição.<br />

V.Exa. fala no período de 1989, com a criação do fundo, até os dias de hoje.<br />

Acho necessário fazer uma distinção entre antes e depois de 1994, por causa da<br />

inflação.<br />

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A administração do Presidente Fernando Henrique introduziu mudanças<br />

expressivas na gestão do Banco do Nordeste. Esse 1% de tomadores que estaria no<br />

relatório do Ministério da Integração precisa ser analisado fazendo-se uma distinção<br />

entre os dois perío<strong>dos</strong>, para efetiva compreensão do que de fato está acontecendo<br />

ou já aconteceu. Estamos lidando com fatos existentes.<br />

Muito obrigado, mais uma vez, pelas perguntas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Peço aos<br />

Deputa<strong>dos</strong> que sejam mais sucintos, porque pretendo encerrar a exposição do Dr.<br />

Fábio por volta de 11h30min, para podermos dar início à pauta do dia. Precisamos<br />

discutir hoje as propostas do Orçamento, uma vez que a reunião prevista para a<br />

quarta-feira da próxima semana deverá ser prejudicada em virtude da realização do<br />

seminário “O Brasil e a ALCA”.<br />

Passo a palavra ao Deputado Luiz Carlos Hauly.<br />

O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, em primeiro lugar eu gostaria de parabenizar o Dr. Fábio pela<br />

exposição, que atende aos requisitos da Comissão, ao pleito do Deputado José<br />

Pimentel de ampla transparência de todas as informações referentes ao saneamento<br />

das instituições federais. Estamos participando do PROER e das discussões sobre<br />

os bancos federais. Ainda faltam os estaduais.<br />

Sabemos que a engenharia montada para o saneamento das instituições<br />

federais chegou a algo em torno de 75 bilhões, pelo que pude somar. Imaginando<br />

que o PROER custou cerca de 20 ou 22 bilhões, o problema das instituições<br />

federais é muito maior, até pela dimensão <strong>dos</strong> bancos. O Banco do Brasil é o maior<br />

do País, e ainda temos a Caixa Econômica.<br />

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O mesmo problema que afetou os bancos particulares e estaduais afetou<br />

também os bancos federais. Com o fim da inflação, os bancos tiveram de reaprender<br />

a ganhar dinheiro, economizando e vendendo com crédito garantido, antes<br />

camuflado pelo processo inflacionário.<br />

O Banco do Nordeste, referido pelo Deputado Pimentel, parece-me que é<br />

quase <strong>10</strong>0% do Governo Federal, salvo engano, como é a Caixa Econômica<br />

Federal. O Banco do Brasil é uma sociedade anônima, com ações no mercado, e<br />

acredito que o BASA também seja um banco <strong>10</strong>0% estatal. Portanto não há a quem<br />

fraudar, a não ser operações irregulares, fraudulentas, que estão sob permanente<br />

fiscalização do Banco Central e do Congresso Nacional, através de suas comissões<br />

de fiscalização, como é o caso desta, e das CPIs, como as que investigam FINOR e<br />

FINAM.<br />

Com relação à saúde da empresa, a engenharia que os senhores criaram<br />

adapta o sistema financeiro federal àquilo de que o Brasil precisa. Coloca as<br />

instituições em situação positiva, para benefício do Brasil e de to<strong>dos</strong> aqueles que<br />

nelas trabalham.<br />

O Governo Federal está atento. Essa engenharia é difícil, mas foi elaborada<br />

para resolver todo o problema das instituições financeiras.<br />

Acredito que a avaliação de desempenho é hoje a tônica central <strong>dos</strong> quadros<br />

de funcionários dessas instituições. Cada gerente, cada administrador tem seu<br />

contrato de gestão. A melhoria é evidente, mas é um processo. Por que não foi feito<br />

antes? Tudo poderia ter sido feito antes, desde Cabral, mas vem sendo feito aos<br />

poucos, de acordo com a demanda. São muitos os problemas de um país em<br />

desenvolvimento e formação.<br />

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Para finalizar, muito me satisfez a explanação do Dr. Fábio. Confio muito na<br />

sua capacidade técnica à frente do Tesouro Nacional. É preciso haver essa<br />

preocupação e zelo, especialmente a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal, e<br />

cada vez mais apuração do controle e da fiscalização. É esse o nosso papel no<br />

Congresso Nacional.<br />

Obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Dr.<br />

Fábio de Oliveira Barbosa.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Muito obrigado, Deputado Luiz<br />

Carlos Hauly, pelas palavras generosas de sempre.<br />

Vou fazer alguns comentários sobre a sua exposição. É importante distinguir<br />

o valor envolvido nas diversas operações do chamado custo das operações.<br />

Fizemos operações que de fato envolvem várias dezenas de bilhões de reais, mas o<br />

custo direto para o contribuinte, no curto prazo, é aquele da capitalização da Caixa,<br />

de 9,3 bilhões, mais 2 bilhões para o Banco do Nordeste e 1 bilhão e <strong>10</strong>0 milhões<br />

para o BASA, ou seja, 12,5 bilhões.<br />

Ao longo do tempo, a diferença de juros que absorvemos, ou eventuais<br />

perdas <strong>dos</strong> créditos que adquirimos pode gerar algum custo adicional, que será<br />

tanto menor quanto melhor for a qualidade original do crédito e quanto mais rápidas<br />

as taxas de juros convergirem para aquelas taxas <strong>dos</strong> ativos.<br />

V.Exa. tem razão. Um montante bastante expressivo de recursos foi utilizado<br />

para viabilizar essa operação, que, como eu mencionei anteriormente, é o<br />

complemento das duas etapas anteriores do PROER e do PROES.<br />

V.Exa. também menciona os bancos estaduais. Além do fim da inflação, com<br />

a necessária adaptação da estrutura de custos, inadequada para enfrentar um<br />

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ambiente de inflação baixa, os programas eram utiliza<strong>dos</strong> como mecanismos<br />

alternativos de financiamento, ou mecanismos de um orçamento quase fiscal. Não<br />

passava pelo crivo das Assembléias Legislativas a aprovação das despesas<br />

realizadas por essas instituições. Considera<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os aspectos, houve um<br />

grande avanço.<br />

Com relação às participações acionárias, V.Exa. tem razão. A Caixa é<br />

integralmente do Tesouro Nacional; o Banco do Brasil, 72%, aproximadamente; BNB<br />

e BASA, próximos a <strong>10</strong>0%, com acionistas minoritários. O Banco do Nordeste eu<br />

acredito que tenha 2%, mas o Deputado José Pimentel deve saber informar com<br />

mais detalhes.<br />

O SR. DEPUTADO LUIZ CARLOS HAULY – É só para atendimento da<br />

legislação societária.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – De fato existe participação de<br />

minoritários que, se não me engano, participam do conselho fiscal.<br />

V.Exa. também mencionou o fato de essa medida provisória ter preservado e<br />

fortalecido essas instituições. Ao contrário do que foi mencionado em alguns fóruns,<br />

nunca foi intenção deste Governo privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica<br />

Federal, o BASA ou o BNB. Pelo contrário, o que fizemos foi exatamente fortalecer a<br />

base patrimonial dessas instituições e com isso permitir uma plena operação, com<br />

base nos critérios que prevalecerão para as instituições privadas. Ou seja: tem de<br />

ter ciência, transparência. Se é uma despesa pública, não vamos utilizar o balanço<br />

da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil, mas vamos realizar através do<br />

orçamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Fetter Júnior.<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, Sr. Secretário, a<br />

Medida Provisória nº 2.196 tem causado muitas dúvidas porque é uma operação<br />

grande, que envolve volumes expressivos e mexe com interesses diversos. Fica<br />

evidente que o Governo Federal está buscando sanear o balanço de suas<br />

instituições e sob esse ponto de vista acredito que não existe nenhuma dúvida de se<br />

tratar de iniciativa positiva, principalmente porque grande parte desses ativos de<br />

difícil recebimento foram operações patrocinadas pelo Governo, que levou essas<br />

instituições a securitizar dívida, a financiar produtores rurais, imóveis de baixa renda.<br />

Fez, por exemplo, a Caixa Econômica adquirir esses créditos de difícil recebimento<br />

de outras entidades. Então, a idéia da medida provisória de equacionar o balanço<br />

<strong>dos</strong> bancos é extremamente positiva.<br />

As dúvidas que permanecem são mais em relação ao crescimento da dívida<br />

pública. V.Sa. disse que a dívida total é de cerca de 30 bilhões — 29,8 — e a dívida<br />

líqüida seria a emissão de títulos, 12,5 bilhões. Gostaria de confirmar esses dois<br />

valores, é uma quantia expressiva e a sociedade terá que arcar com o aumento do<br />

endividamento. E ainda gostaria de que me esclarecessem a respeito de duas<br />

questões.<br />

No caso da EMGEA, empresa não-financeira que vai receber os títulos, a<br />

dúvida que fica é: eu, produtor rural, mutuário do sistema financeiro, era devedor da<br />

Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. A partir dessa transferência de<br />

dívida, sou devedor da EMGEA ou do Tesouro? Minha dívida continua sendo de<br />

financiamento ou dívida fiscal? Isso tem enormes implicações para o mutuário. Sou<br />

devedor de financiamento habitacional junto a Caixa Econômica Federal, se sou<br />

devedor de financiamento agrícola junto ao Banco do Brasil e passo a ser devedor<br />

de uma dívida fiscal, como uma dívida tributária, quais as implicações para o<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

mutuário? Como a EMGEA vai efetuar essa cobrança? Pelo que entendi de uma<br />

leitura rápida da medida provisória, ela vai terceirizar o recebimento para as próprias<br />

instituições financeiras. Isso não ficou muito claro, ou seja, a EMGEA vai receber<br />

esses ativos e vai cobrar <strong>dos</strong> mutuários, <strong>dos</strong> devedores, através das próprias<br />

entidades que repassaram a dívida para ela? Como funciona esse mecanismo?<br />

Qual o custo disso?<br />

Por fim, a última observação que eu gostaria de fazer: o Governo tem que<br />

pensar concreta e especificamente no crédito rural. Foram feitas duas tentativas de<br />

reequacionar a dívida agrícola, que foram a securitização e o PESA. Sentimos que<br />

nenhuma dessas duas renegociações efetivamente resolveu o endividamento<br />

agrícola.<br />

Se isso é verdade — e acredito que seja —, o Governo Federal vai ter que<br />

enfrentar, dentro desse contexto, o endividamento. Não adianta apenas resolver a<br />

questão do banco se não resolver a de quem paga para o Banco.<br />

Dou um exemplo muito simples. Estamos hoje comemorando quase cem<br />

milhões de toneladas de grãos — 97 milhões. Por que estamos comemorando isso?<br />

Porque durante dois anos não foi preciso pagar a dívida agrícola, ou seja, a<br />

securitização teve dois anos de carência, só que começa a pagar agora, no dia 31<br />

de outubro.<br />

A agricultura vinha patinando no Brasil, em grande parte, porque tinha uma<br />

dívida insolúvel. Quando deu um oxigênio, um prazo de carência, a coisa funcionou.<br />

Mas o problema estrutural continuou existindo. Então, vamos ter agora que começar<br />

a pagar essa securitização e o Governo deveria, ao sanar os bancos, sanar também<br />

quem paga os bancos, porque senão vamos ter um novo problema de créditos<br />

podres.<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

Eram essas provocações que eu queria fazer, Dr. Fábio.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, pela ordem, só<br />

para agregar uma questão à pergunta do Deputado Fetter, que até ajuda.<br />

Particularmente, no que tange aos contratos habitacionais da Caixa<br />

Econômica Federal. A maior parte do desequilíbrio entre ativo e passivo da Caixa se<br />

deve a uma série de fatos que ocorreram nos últimos vinte ou mais anos em relação<br />

à adequação de prestação, mudanças em critérios de correção do saldo devedor,<br />

etc.<br />

De certa forma, a medida provisória resolveu o problema da Caixa, que está<br />

solucionado. No entanto, o problema continua, ou seja, o mutuário final continua<br />

com um problemão e, do ponto de vista do ativo, o Tesouro assumiu esses créditos.<br />

Isso resolveu o problema da instituição financeira Caixa.<br />

O Governo tem algum tipo de estudo, alguma proposta para buscar<br />

equacionar a situação <strong>dos</strong> mutuários, que é dramática em todo o País, envolvendo<br />

inclusive COHABs em várias cidades?<br />

Fábio.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Sr.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Muito obrigado.<br />

Vou tentar responder rapidamente ao Deputado Fetter Júnior, atendendo ao<br />

apelo do Sr. Presidente.<br />

O efeito na dívida pública, Deputado, é de 12,5 bilhões. Esse é o crescimento<br />

da dívida. As operações que fizemos envolvem emissões de papéis, de títulos do<br />

Tesouro Nacional, mas têm como contrapartida um outro ativo que vem para o<br />

Tesouro, ou seja, temos um passivo, o papel emitido, mas temos um ativo do outro<br />

lado. Então, o efeito...<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

(Intervenção inaudível.)<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Não, já compramos o crédito, não<br />

é isso? Então, o crédito está na carteira do Tesouro Nacional e tem em contrapartida<br />

a emissão de papel, ou seja, eles se cancelam a curto prazo. O efeito imediato é o<br />

da capitalização, que foi feita no valor de 9,3 bilhões para a Caixa e 3,5 bilhões<br />

aproximadamente, porque estamos aguardando autorização do Congresso Nacional.<br />

Em relação à dívida do mutuário, temos que fazer distinção, ou seja, quem<br />

cuida dessa dívida. A dívida do produtor rural já era propriedade do Tesouro, mas<br />

passou a ser risco do Tesouro Nacional para a diferença do passado, que era risco<br />

da própria instituição financeira, para os casos do Banco do Brasil e das instituições<br />

federais, ou seja, isso não está na EMGEA, mas no Tesouro Nacional. É um crédito<br />

do Tesouro Nacional que temos aí.<br />

O mutuário da Caixa Econômica tem duas frações: uma parte, que é a massa<br />

velha de contratos, foi para a EMGEA, para a chamada Empresa Gestora de Ativos.<br />

Foram adquiri<strong>dos</strong> 8 bilhões diretamente pelo Tesouro Nacional.<br />

É um crédito do Tesouro Nacional para com os mutuários. A cobrança<br />

exatamente que pretendíamos que fosse uma empresa pequena, limitada, vai ser de<br />

fato terceirizada, preferencialmente para as instituições originalmente detentoras do<br />

crédito.<br />

Do ponto de vista do mutuário, não vai haver nenhum problema de<br />

descontinuidade operacional para satisfação de suas obrigações. A terceirização<br />

para instituições federeis está autorizada pela própria medida provisória.<br />

Finalmente, em relação ao crédito rural, V.Exa. mencionou uma série de<br />

medidas ou a securitização e o PESA, no setor agrícola. V.Exa. não mencionou o<br />

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RECOOP, outra iniciativa do Governo Federal; o PRONAF, no caso da agricultura<br />

familiar. Enfim, há uma série de programas importantes para a agricultura.<br />

Eu me lembro de que na securitização houve um rebate, no início, de cerca<br />

de 30% do estoque. E foi concedido prazo de dez anos, com carência de três, se<br />

não me engano, inicialmente, e com taxas de juros equivalentes à variação do preço<br />

mínimo do produto de escolha do produtor, mais 3% ao ano, ou seja, condições<br />

extremamente favoráveis, a despeito das dificuldades que V.Exa. está mencionando<br />

em relação à agricultura.<br />

Nós entendemos essas dificuldades, mas gostaria de registrar que não há<br />

outros mutuários no País com essas condições de financiamento, apesar de<br />

compreender as dificuldades mencionadas por V.Exa.<br />

O PESA foi um programa destinado a agricultores com dívida superior a 200<br />

mil, ou seja, médios e grandes produtores, ou mais para grandes produtores, dívida<br />

acima de 200 mil na data de corte, em 1996. Com isso, o Tesouro Nacional vendeu<br />

um título de vinte anos para servir de garantia à instituição financeira e, em 1999, foi<br />

concedido rebate da taxa de juros de 1.098 para 876 por cento, ou seja, variação<br />

monetária mais 6%, 7%, 8%, sendo que o agricultor, ao adquirir o título, se<br />

desobriga do principal e tem que pagar apenas os juros anuais. Uma condição<br />

bastante razoável — não vou entrar no mérito da situação do setor especificamente.<br />

O RECOOP é outro programa com taxas de juros nominais bastante baixas,<br />

que permitiu o fortalecimento de vários setores do cooperativismo. O PRONAF é um<br />

subsídio direto do Governo Federal ao setor.<br />

Tem havido grande empenho da nossa parte. V.Exa. pode até ter a visão de<br />

que ainda não é o suficiente, mas quero registrar o esforço que o Governo do<br />

Presidente Fernando Henrique tem feito em benefício do desenvolvimento da<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

agricultura. Tem havido essa resposta que V.Exa., de uma safra de 97 milhões de<br />

reais, mas gostaria de analisar essa visão numa perspectiva mais ampla.<br />

Em relação à pergunta do Deputado Ricardo Berzoini, sanear o Banco e não<br />

sanear os contratos de habitação. Mencionaria o fato de que o próprio Fundo de<br />

Compensação de Variações Salariais foi o subsídio concedido aos mutuários do<br />

Sistema Financeiro da Habitação para lidar com as dificuldades de correção das<br />

prestações e <strong>dos</strong> contratos. Há um problema criado por esse subsídio, o FCVS, que<br />

é uma despesa fiscal estimada hoje — o déficit potencial do fundo, o déficit atuarial<br />

— em 65 bilhões de reais. Isso é subsídio à habitação, e acho que esse subsídio já<br />

custou muito caro para o País.<br />

Para a habitação de baixa renda, estamos propondo, para o Orçamento de<br />

2002, rubrica específica para atender aos financiamentos de baixo valor, atender à<br />

população de baixa renda.<br />

Se o Congresso Nacional entender necessário e adequado conceder subsídio<br />

adicional para a classe média, ou para financiamentos maiores, vamos discutir no<br />

contexto do Orçamento, alocar recursos e traçar a despesas, mas isso tem que estar<br />

no Orçamento e não no balanço da Caixa Econômica Federal ou da EMGEA — tem<br />

que haver transparência nessa despesa.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Félix Mendonça, por três minutos, por gentileza.<br />

O SR. DEPUTADO FÉLIX MENDONÇA – Obrigado.<br />

Dr. Fábio, entendo que os fun<strong>dos</strong> constitucionais são administra<strong>dos</strong> pelo<br />

Banco do Nordeste, Banco do Brasil e Banco da Amazônia. E esses bancos cobram<br />

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uma taxa para administrar os recursos do Fundo. Provavelmente têm, além disso, a<br />

responsabilidade com os empréstimos feitos e isso ficou por conta do Banco.<br />

Entendo que isso resultou nesse débito do Tesouro Nacional com os bancos<br />

— e V.Sa. mostrou, através dessa medida provisória, que está havendo uma<br />

compensação.<br />

No meu entender, o fundo constitucional deve pagar essa taxa ao Banco. O<br />

Banco deve ter parte da responsabilidade, correspondente talvez à taxa, se ele<br />

administrou mal, se as inadimplências ocorrem. E se ele administrou mal, deve<br />

pagar uma parte disso, pelo menos sua taxa; o restante, é claro que faz parte do<br />

Fundo. Todo Banco tem esse risco, mas está emprestando um dinheiro que não é<br />

dele. Esse risco não depende só do Banco, mas das conjunturas econômicas, do<br />

País, enfim.<br />

O que quer dizer? É absolutamente certo que o Tesouro assuma isso. Acho<br />

que deve haver um critério permanente para a solução desse problema, ao invés de<br />

no final o Tesouro assumir o prejuízo acumulado <strong>dos</strong> bancos. O Banco Central e o<br />

Tesouro Nacional devem orientar nesse sentido. É esse o meu pensamento quanto<br />

aos fun<strong>dos</strong> constitucionais e à administração pelos bancos <strong>dos</strong> recursos desse<br />

fundo.<br />

O Fundo de Variação das Compensações Salariais tem característica<br />

diferente, porque é dado ao mutuário. E quem pode dar? Não é a Caixa Econômica<br />

nem os bancos particulares. Quem deu foi uma lei e, no caso, o Tesouro é o<br />

responsável por isso.<br />

O que me surpreende nisso tudo é o montante que atingiu o estoque da<br />

dívida que tem hoje o Tesouro Nacional para com esses bancos. E mais: muitos<br />

desses bancos, alguns em liquidação, passaram para a Caixa Econômica Federal —<br />

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e não sei por que valor, provavelmente pelo valor de face — o crédito que tinham<br />

para com o Tesouro Nacional e a Caixa Econômica administra esse fundo de<br />

compensação salarial. Não entra no bojo e no contexto <strong>dos</strong> recursos da Caixa<br />

Econômica, mas é apenas um fundo que ela administra e cobra também uma taxa<br />

para administrá-lo.<br />

O montante desses fun<strong>dos</strong>, segundo consta, vai chegar a 60 bilhões de reais.<br />

Isso quer dizer que, com esse valor, se resolve o problema habitacional do País<br />

inteiro. E o número de habitações que geraram esse fundo não representa sequer<br />

<strong>10</strong>% do valor inicial. Não é o diferencial, é o mesmo número total de habitações. Há<br />

uma distorção fantástica.<br />

Os bancos particulares, muitos deles, fizeram composições paralelas com os<br />

mutuários e ficaram com esses créditos.<br />

O Banco diz “Não cobramos nada, pode ir lá que sua dívida está líquida”, mas<br />

na verdade transfere tudo isso para o Tesouro.<br />

Esses os dois aspectos que quero levantar, são distorções que deveriam ter<br />

regras bem definidas pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional.<br />

Fábio.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Dr.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Muito obrigado, Deputado Félix<br />

Mendonça. Vou tentar ser breve também.<br />

Duas perguntas básicas: primeira, a existência de um critério permanente, de<br />

uma ação preventiva para evitar a recorrência desses eventos que originaram essa<br />

despesa ou toda essa operação para os Bancos.<br />

Estamos atuando em várias linhas: um aperfeiçoamento generalizado do<br />

sistema de controles internos; a criação da Diretoria de Controladoria; a definição<br />

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mais clara das regras de governança corporativa; fiscalização permanente do<br />

Banco Central, até a possibilidade da figura de um fiscal residente, vamos chamar<br />

assim, nessas instituições, não só pelo peso específico delas no mercado como<br />

também pelo fato de estarmos lidando com recursos públicos.<br />

Acredito, Deputado, que não eliminamos to<strong>dos</strong> os riscos — isso depende<br />

inclusive desta Casa na avaliação de suas políticas, é importante esse<br />

acompanhamento pelo Congresso Nacional —, mas criamos barreiras importantes<br />

para que eventos como aconteceram no passado não se repitam.<br />

Nossa expectativa é a de que não se repitam mesmo. Não se cogita de usar<br />

— isso é um Brasil velho — Bancos para realizar despesas que devem ser<br />

apreciadas e aprovadas pelo Congresso Nacional. Isso não cabe mais neste País,<br />

que aprovou a Lei de Responsabilidade Fiscal, e que está administrando de forma<br />

bastante eficiente a política fiscal do País como um todo, com indispensável<br />

participação do Congresso Nacional.<br />

Em relação ao FCVS, Deputado, a dívida é muito grande. Esse é o tamanho<br />

do subsídio a habitações, em grande medida de classe média, ou seja, foi subsídio<br />

regressivo, do ponto de vista da distribuição de renda. Várias pessoas que tinham<br />

condições de pagar receberam o mesmo benefício. Foi uma canetada, um decreto-<br />

lei, e depois decisões da própria Caixa Econômica Federal ou do Conselho Superior<br />

do Sistema Financeiro de Habitação. Enfim, o fato é que há essa conta a ser paga.<br />

Isso está dado — V.Exa. tem razão é muito dinheiro. O valor de 65 milhões é quanto<br />

vamos gastar para pagar todo o funcionalismo público federal ao longo deste ano. É<br />

muito dinheiro, é quase o equivalente a todo o volume de benefícios da Previdência<br />

Social.<br />

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Isso foi dado no passado, apropriado pelos mutuários, não tem volta,<br />

infelizmente. É uma dívida que vai ter que ser paga. Quem são os credores? Em<br />

grande medida, a Caixa Econômica Federal; uma parte, o Banco Central.<br />

Quanto à sua observação de como a Caixa adquiriu esses ativos, foi a valor<br />

de mercado em boa parte, se não me engano, com a devida consideração <strong>dos</strong><br />

deságios <strong>dos</strong> preços relativos de mercado.<br />

Além disso, adotamos uma série de medidas para reduzir o déficit potencial.<br />

Entre elas, a possibilidade de liquidação antecipada do débito do mutuário, de <strong>10</strong>0%.<br />

Basta aderir e liquidar. É mais barato, para nós, travarmos o valor do FCVS agora do<br />

que deixá-lo correr ao longo do tempo e virar uma conta muito maior. Tomamos uma<br />

série de medidas no sentido de agilizar, estimular a liquidação antecipada e reduzir<br />

essa conta. Mas, ela é, de fato, muito elevada.<br />

O SR. DEPUTADO FÉLIX MENDONÇA - Sr. Presidente, permita-me<br />

comentar a resposta.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Félix Mendonça.<br />

O SR. DEPUTADO FÉLIX MENDONÇA - Eu centrei minha observação no<br />

fato de que o Banco Central e o Tesouro Nacional deveriam ter regras definidas para<br />

a administração desses fun<strong>dos</strong> pelos bancos oficiais e particulares também. Isso<br />

seria muito fácil de ser feito, é muito simples: define-se a taxa que vai cobrar; no<br />

risco, com quanto o banco entra no empréstimo, assumindo as inadimplências. É<br />

claro que os Bancos não podem assumir, senão vão à falência. Inadimplência há,<br />

sem dúvida, e parte disso deve ser debitada ao fundo.<br />

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No caso, o Banco não pode sofrer nada, porque vai administrar um fundo,<br />

cobrar uma taxa, prestar um serviço e não deve ser penalizado por isso, sobretudo<br />

bancos oficiais, que na verdade pertencem ao País.<br />

Esse é o fulcro, não é só a fiscalização. Ouvi V.Sa. falar da criação de uma<br />

Coordenadoria. Está muito bem posicionada a posição do Tesouro Nacional em<br />

relação ao problema. Só que eu acho que de agora em diante deveria ter, com muito<br />

mais clareza, essas definições para que não ocorra novamente.<br />

Quanto à segunda parte, minha surpresa é com o montante. Como o número<br />

de habitações, que corresponde a <strong>10</strong>% disso, cinco bilhões, vamos dizer, hoje vale<br />

um montante de sessenta.<br />

Eu acho que o Tesouro Nacional e o Banco Central deveriam fazer estudo<br />

mais acurado para ver como se chegou a esse número. Não é possível sair de cinco<br />

bilhões para chegar a 62 bilhões de reais. Isso é, sem dúvida, alguma coisa<br />

esdrúxula que deve ser apurada, primeiro, pelo sistema econômico brasileiro e,<br />

segundo, pelo Congresso Nacional.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Dr.<br />

Fábio de Oliveira Barbosa.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Perdão, Deputado, se não entendi<br />

bem sua pergunta anteriormente, mas há hoje regras para aplicação <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong><br />

constitucionais até a Lei nº <strong>10</strong>.<strong>17</strong>7, se não me engano, que veio substituir a Lei nº<br />

7.827. Há uma regra, um conjunto de normativos que estabelecem como operar com<br />

esses fun<strong>dos</strong>.<br />

Entendo que V.Exa. está propondo aperfeiçoamentos adicionais na regra de<br />

aplicação, ainda que eu não consiga partilhar da mesma visão sobre a isenção <strong>dos</strong><br />

bancos quanto às operações. Eles têm que ter efetivamente responsabilidade pelas<br />

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operações também — 50% no caso <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> constitucionais — para ter um zelo<br />

maior pela qualidade das operações concedidas.<br />

Nesse caso, no limite da sua participação no risco, deve permanecer assim.<br />

Nós adotamos essa medida extrema de desoneração do risco do estoque muito<br />

mais em função de evitar uma provisão do que por uma questão conceitual. É muito<br />

mais evitar despesa para o contribuinte do que uma questão conceitual. É<br />

importante que o risco seja absorvido pela instituição que concede o crédito. No<br />

caso das instituições <strong>dos</strong> fun<strong>dos</strong> constitucionais, temos aí 50% de risco absorvido, a<br />

partir de 1998.<br />

Em relação ao montante, Deputado, é muito dinheiro, de fato. Não sei qual a<br />

quantia inicial, mas é só perguntar a mutuários que compraram alguma casa ou<br />

apartamento de 50 mil reais, que no final acabaram pagando 5 mil reais, ou menos,<br />

e capitalizar esse dinheiro por um prazo de vinte anos. Foram perdões mesmo de<br />

dívidas. Foi concedida não só redução na prestação, mas redução do saldo devedor.<br />

Há milhões de mutuários que pagaram fração ínfima do empréstimo recebido e<br />

portanto gera essa conta de 60 milhões de reais.<br />

Como evitar isso, é o que estamos dizendo: se precisamos dar um alívio para<br />

a habitação de classe média, de classe mais elevada, além da de baixa renda, que<br />

já está na proposta do Governo para o Orçamento, vamos explicitar no Orçamento e<br />

vamos dizer “Olha, não vamos gastar com saúde, mas com subsídio à habitação de<br />

classe média”, mas dentro do Orçamento, não fora, como ocorreu no passado.<br />

Muito obrigado.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Sr. Secretário, V.Sa. me permite<br />

breve comentário sobre isso.<br />

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Compreendo perfeitamente e também acho que isso deve fazer parte de<br />

discussão orçamentária. Assim como houve em determina<strong>dos</strong> momentos, por<br />

conveniências políticas ou por outros motivos, redução de prestação ou de saldo<br />

devedor, também houve o efeito da política monetária no passivo <strong>dos</strong> mutuários que<br />

gerou um desequilíbrio entre o valor do imóvel, a renda do mutuário, a prestação<br />

original e o saldo devedor.<br />

A análise tem que ser bastante tranqüila. Assim como há pessoas que<br />

pagaram menos do que contratou, há pessoas que pagaram duas a três vezes<br />

aquilo que contrataram, exatamente pelo uso da TR como indexador, no período em<br />

que foi adotada. Hoje acredito que a política do Governo para a TR esteja correta.<br />

Do ponto de vista da política hoje adotada pelo Governo para a TR, no meu<br />

entendimento está correta, muito embora esteja inclusive abaixo da inflação, até<br />

porque a TR não é um indexador de inflação. Mas objetivamente há um processo de<br />

desequilíbrio e muitos não têm mais condições de pagar suas prestações e outros<br />

tantos não têm estímulo para pagar, porque o imóvel que garante a dívida vale muito<br />

menos do que o estoque da dívida.<br />

Esse é um problema concreto que temos que examinar. Poderá haver<br />

problemas no Orçamento de 2002, 2003, 2004 ou 2005, mas vamos ter que<br />

enfrentar essa questão cedo ou tarde.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Agradeço ao Deputado Berzoini a<br />

sua intervenção.<br />

Eu diria, Deputado Berzoini, que a questão permanece, ou seja, o<br />

descompasso entre a capacidade do mutuário em satisfazer sua obrigação: ou ele<br />

renegocia com o banco ou o banco entra num acordo ou se for criar uma despesa<br />

vamos discutir aqui no Congresso, mas outras despesas deverão deixar de ser<br />

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realizadas. Mas não dá para fazer é com uma “penada”, como no passado, criar<br />

despesa para o contribuinte sem nenhuma contrapartida. Vai doer em alguém o fato<br />

de estarmos dando subsídio à habitação. Alguém vai ter que pagar o preço. Qual o<br />

preço? Menos programas em outras áreas de Governo ou mais imposto. É assim<br />

que funciona. É uma escolha que o Congresso Nacional certamente saberá fazer.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Quanto a isso, temos acordo.<br />

Existe mágica. É uma escolha política a ser feita. Mas, no caso, a preocupação tem<br />

que ser evidente a fim de buscar solução para isso, porque há um estoque enorme<br />

de dívidas e muita gente com problema social grave. Tenho acompanhado, como<br />

Parlamentar, recentemente acompanhamos o caso da COHAB do Município de São<br />

Paulo¸ onde sessenta mutuários que têm cobertura pelo FCVS estão tendo a dívida<br />

quitada. No entanto, temos outros tantos milhares que não têm essa cobertura e que<br />

têm o mesmo problema de desequilíbrio. Infelizmente houve um desequilíbrio<br />

posterior, inclusive a 1994, por conta da TR.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Inclusive, Deputado, nesse caso<br />

da COHAB de São Paulo, que é o mesmo de Campinas, trabalhamos com afinco<br />

para tentar equacionar e resolver essa questão. Mas há contratos que não tinham o<br />

amparo do FCVS e não o têm — essa é uma despesa pública.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Sim.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Para estender essa cobertura,<br />

como disse, alguém vai ter que pagar, dentro do Orçamento da União.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Sou testemunha do seu empenho<br />

na questão das COHABs.<br />

O SR. DEPUTADO FÉLIX MENDONÇA – Quero chamar a atenção, porque o<br />

FCVS é apenas o diferencial. Não é a habitação total, mas o Fundo de<br />

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Compensação de Variações Salariais. E isso, nesse montante, há de ter grande<br />

divergência entre o que ocorreu e os débitos que estão sendo projeta<strong>dos</strong>.<br />

Tenha certeza de que isso é sem dúvida um escândalo nacional. V.Sa. deve<br />

examinar esse problema com mais profundidade. Não é só dizer “Não, isso aí foi o<br />

Tesouro que deu, tal.” Essa diferença é muito menor do que está projetado.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Perdoe-me, Deputado Félix, se eu<br />

dei a impressão de não estar tratando a matéria com a devida profundidade. Eu<br />

estava premido pelo tempo, em face <strong>dos</strong> compromissos de to<strong>dos</strong> aqui.<br />

No dia em que V.Exa. tiver oportunidade ou interesse, eu me proponho a<br />

mostrar para V.Exa. as etapas de fiscalização de controle <strong>dos</strong> valores a serem<br />

reconheci<strong>dos</strong> pelo FCVS.<br />

Quem trabalha com isso sabe que o processo é longuíssimo. Passa por<br />

auditorias na Caixa Econômica Federal, na Secretaria Federal de Controle,<br />

checagens no Tesouro Nacional, rechecagens na Caixa Econômica Federal e<br />

finalmente no Tribunal de Contas da União. Mas eu terei imenso prazer em mostrar<br />

a V.Exa. como é feito esse processo e tentar apresentar as informações para dirimir<br />

qualquer dúvida.<br />

Agora, é bom lembrar que, além de uma fração ínfima do capital inicial, esse<br />

capital tem que ser remunerado. Se alguém empresta dinheiro, vai cobrar<br />

remuneração por ele. Além <strong>dos</strong> cem reais hipotéticos, empresta<strong>dos</strong>, há os juros <strong>dos</strong><br />

cem reais. Seis por cento ao ano? Cento e seis. Agora, <strong>dos</strong> <strong>10</strong>6 reais, do primeiro<br />

ano, no vigésimo ano ele recebe cinco reais, a diferença é muito grande.<br />

Eu não teria nenhum problema em me sentar com V.Exa. — e também a<br />

minha equipe — para mostrar todo o processo de inovação e os mecanismos de<br />

segurança que temos para lidar com o Fundo.<br />

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Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Concedo a palavra<br />

ao último orador inscrito, Deputado Silas Brasileiro. Peço a V.Exa. seja breve, por<br />

gentileza, porque temos outra reunião e tínhamos estipulado o horário de 11h30<br />

para o encerramento da explanação do Dr. Fábio.<br />

O SR. DEPUTADO SILAS BRASILEIRO – Sr. Presidente, Sras. e Srs.<br />

Deputa<strong>dos</strong>, nosso Secretário Dr. Fábio, nós temos nos reunido constantemente para<br />

discutir emenda à Medida Provisória nº 2.196 e, mais uma vez, queremos dizer da<br />

nossa preocupação com o endividamento rural. Essa é a nossa grande<br />

preocupação.<br />

Somos inteiramente favoráveis à MP 2.196. Temos que resolver, sim, o<br />

problema das instituições federais financeiras. Isso é fundamental. Mas ao tratar do<br />

endividamento voltamos um pouquinho ao tempo do RECOOP e PESA. Quando<br />

conduzíamos isso junto ao Governo e tínhamos essa responsabilidade: previa-se<br />

que teríamos a correção do IGPM num caso, e TJLP no outro, de 6% mais o juro<br />

agregado, então o programa seria totalmente viável.<br />

Como temos hoje correção superior é impossível que se faça o cumprimento<br />

dessas obrigações por parte daqueles que contrataram. Nossa proposta é que haja<br />

limitação da correção até o juro agrícola, o que resolveria essa questão e atenderia<br />

aos dois la<strong>dos</strong>: o da produção e o das instituições financeiras. Somos totalmente<br />

favoráveis.<br />

A securitização foi o maior programa social do nosso Governo, sem dúvida<br />

alguma, porque atendemos produtores de até 200 mil reais. São os produtores de<br />

baixa renda quase enquadra<strong>dos</strong> à agricultura familiar. E realmente são muito<br />

sacrifica<strong>dos</strong>. Quando damos bônus e concedemos prazo maior é no sentido de<br />

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estimular esses que têm renda muito limitada. Essa é a razão de pedirmos que<br />

estenda mais o seu prazo.<br />

Voltando aos fun<strong>dos</strong>, Dr. Fábio, com toda a franqueza gostaria de dizer que,<br />

no caso do FUNCAFÉ , administrado pelo Banco do Brasil, por diversas vezes<br />

tentamos fazer com que o risco ficasse com o FUNCAFÉ , mas o Banco em nenhum<br />

momento admitiu isso, muito menos a Fazenda. Disseram ser inconstitucional.<br />

Então, agora, o decreto que quer transferir o risco para o FUNCAFÉ é totalmente<br />

inaceitável.<br />

Justificava-se o Banco por cobrar spread de 8,5%, numa inflação estável,<br />

dizendo que aquilo era para cobrir o risco da aplicação do fundo. Quando se aplicou<br />

e cobrou-se um spread alto, muito bem; agora quando vai transferir, transfere-se o<br />

risco também para o fundo. É totalmente inadmissível.<br />

Só uma proposta: esse impacto que causa a dívida da produção de 450 por<br />

ano, nove bilhões ao longo de vinte anos, demonstra termos condições de sentar —<br />

a parte da produção que representa esses segmentos cooperativa e os demais<br />

segmentos — junto com o Governo e achar uma solução intermediária em que se<br />

possa diminuir esse impacto e atender aos dois la<strong>dos</strong>. Mas se permanecermos, o<br />

Governo reunindo de um lado, nós reunindo de outro, nós apresentando alguns<br />

números, o Governo demora em contestar esses números e vem com outros que<br />

não concordamos, vamos ficar com muita dificuldade na aprovação da MP 2.196.<br />

A proposta que fazemos é que nós, Parlamentares, base do Governo,<br />

fôssemos convoca<strong>dos</strong> para participar, para resolver essa dificuldade. Se partir para<br />

isso, com a abertura necessária, vamos resolver, porque até que chegue ao senhor,<br />

que é Secretário, ou ao nosso Ministro Malan, demora muito.<br />

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Muitas vezes a assessoria segura o processo embaixo e, às vezes, as<br />

informações não refletem a realidade. As informações que passam para os senhores<br />

às vezes não são realmente aquelas que estão acontecendo no dia-a-dia e vai<br />

causando esse distanciamento.<br />

Temos que buscar uma política de resultado, e é em cima disso que estou<br />

propondo que nós, da base do Governo, juntamente com aqueles que quiserem<br />

participar da Oposição, assentarmos com os técnicos do Governo e resolvermos de<br />

uma vez por todas as nossas dificuldades. Essa é a nossa proposta. Muito obrigado.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o Dr.<br />

Fábio de Oliveira Barbosa para considerações finais.<br />

O SR. FÁBIO DE OLIVEIRA BARBOSA – Deputado Silas Brasileiro,<br />

estivemos ontem à tarde reuni<strong>dos</strong> para tratar do tema.<br />

Estamos trabalhando e temos uma reunião marcada. Os pontos apresenta<strong>dos</strong><br />

merecem uma avaliação melhor, não só isso como a questão fiscal também. Como<br />

registrei ontem na reunião, considero um grande avanço dessa representação<br />

parlamentar ter apresentado em paralelo o custo para o contribuinte adotar esse<br />

conjunto de medidas. Foi um grande avanço e é nesses termos que uma discussão<br />

envolvendo recursos públicos deve se dar.<br />

O custo é de 9, 8,5 bilhões/ano na proposta apresentada, um custo em 15<br />

anos, bastante representativo, corresponde na prática a um desconto de 85 a 90%<br />

de uma dívida que já foi descontada no passado. De qualquer maneira, estamos<br />

avaliando as propostas e vamos, com certeza, voltar a nos reunir para discutir esse<br />

assunto.<br />

Com relação ao FUNCAFÉ e ao spread do Banco do Brasil — não sei de<br />

detalhes dessa operação —, mas é lícito uma instituição financeira cobrar um<br />

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spread pelo risco que está assumindo. Se essa instituição não assume este risco,<br />

não tem o menor sentido a cobrança de um risco de crédito que não é assumido<br />

pela instituição.<br />

Através do Conselho Nacional de Política Cafeeira se estimularia uma<br />

observância estrita das regras de aplicação <strong>dos</strong> recursos do FUNCAFÉ, enfim, uma<br />

participação maior do setor na alocação <strong>dos</strong> recursos, porque é um setor que<br />

contribui para este fundo. É do melhor interesse do setor que esses recursos sejam<br />

bem aplica<strong>dos</strong> e que retornem para que sejam reaplica<strong>dos</strong> em condições<br />

satisfatórias para os cafeicultores e para os demais segmentos do setor agrícola.<br />

Muito obrigado, Sr. Presidente, pela oportunidade.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Antes de encerrar<br />

os trabalhos, colocaremos em votação a ata da presente reunião.<br />

Em votação.<br />

Os Deputa<strong>dos</strong> que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

Aprovada.<br />

Quero lembrar que amanhã se realizará uma audiência pública no Plenário nº<br />

4 com a presença do Sr. Raymundo Magliano Filho, Presidente da Bolsa de Valores<br />

de São Paulo, e do Sr. Gilberto Mifano, Superintendente Geral da Bolsa de Valores,<br />

para avaliar as conseqüências negativas para a BOVESPA e decorrentes da<br />

cobrança de Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, por volta de<br />

<strong>10</strong> horas.<br />

Encerro a presente reunião, agradecendo à presença do convidado e<br />

convocando os membros desta Comissão para reunião extraordinária em seguida,<br />

neste plenário, onde debateremos as emendas propostas para encaminhamentos à<br />

Comissão de Orçamento.<br />

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Agradeço ao Dr. Fábio de Oliveira Barbosa a presença.<br />

Está encerrada a reunião.<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Declaro aberta a<br />

30ª reunião extraordinária da Comissão de Finanças e Tributação, em <strong>17</strong> de outubro<br />

de <strong>2001</strong>.<br />

Leitura e votação da ata da 29ª reunião. (Pausa.)<br />

A pedido do Deputado Ricardo Berzoini, fica dispensada a leitura da ata.<br />

Em votação.<br />

Os Deputa<strong>dos</strong> que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)<br />

Aprovada.<br />

Sobre a mesa há seis propostas que deverão ser encaminhadas à Comissão<br />

de Orçamento. Deveremos aprovar cinco e tirar uma dessas que vamos propor.<br />

O Deputado Germano Rigotto propõe apoio financeiro à Fundação Getúlio<br />

Vargas. Lerei todas e depois as colocaremos em discussão. O Deputado José<br />

Pimentel propõe apoio à Receita Federal, ampliando a capacidade de fiscalização. O<br />

Deputado José Pimentel propõe apoio ao Banco Central do Brasil. O Deputado Luiz<br />

Carlos Hauly propõe apoio ao Tribunal de Contas da União. O Deputado Ricardo<br />

Berzoini propõe apoio à Secretaria de Previdência Complementar. O Deputado<br />

Mussa Demes pede o encaminhamento de um recurso de 12 milhões para<br />

construção da barragem de Riacho Fundo, situada nos Municípios de Santa Cruz do<br />

Piauí e Wall Ferraz.<br />

técnica.<br />

Estão colocadas as seis propostas sobre a mesa para discussão.<br />

Concedo a palavra ao nobre Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Apenas para uma questão<br />

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Queremos lembrar<br />

que temos um limite de cinco emendas e as propostas devem ser inerentes à<br />

Comissão.<br />

Concedo a palavra ao nobre Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – A questão técnica que eu ia<br />

fazer, com todo respeito ao Deputado Mussa Demes, é se, do ponto de vista técnico,<br />

podemos aprovar uma emenda com essa característica proposta pelo Deputado<br />

Mussa Demes.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Concedo a palavra<br />

ao nobre Deputado Mussa Demes.<br />

O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Fiz isso a partir de um raciocínio: qual<br />

é realmente o objeto da temática da Comissão? Onde é que isso está definido?<br />

Faço essa indagação porque vejo todo ano a Comissão aprovar, por exemplo,<br />

emendas para a Fundação Getúlio Vargas, como um órgão nacional, e não me<br />

parece que essa Fundação tenha ação em todo o território nacional. Quando peço<br />

para este açude, no meu Estado, é porque me sinto muito discriminado ultimamente<br />

pelo Poder Executivo nas emendas que venho apresentando e não tenho<br />

oportunidade de conseguir de outra maneira. Essa emenda seria para atender cerca<br />

de 12 mil famílias, distribuídas por cinco Municípios na região do semi-árido<br />

piauiense, onde falta água até para o consumo humano e o abastecimento por<br />

caminhões-pipas se torna difícil. Como não consigo de outra forma e não pertenço a<br />

outra Comissão, só me resta a Comissão de Finanças.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Pediria silêncio para<br />

ouvirmos o Deputado Mussa Demes.<br />

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O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES – Se for para se adotar um<br />

procedimento rigoroso em relação a tudo isso, não deveria dar para ninguém,<br />

porque não imagino o Banco Central precisando de dinheiro para nada, não imagino<br />

a Receita Federal, que tem o FUNDAF, um fundo específico para atender às<br />

despesas de fiscalização dela, inclusive para compra de equipamentos, estar<br />

precisando de 2 milhões de reais que o Deputado José Pimentel está propondo.<br />

Se é para adotar esse critério, prefiro que não se mande nada. Não existe<br />

nenhuma regra definida, nenhum parâmetro estabelecendo o que é a função<br />

temática de cada Comissão. Isso é muito vago. Todo ano se passa por cima disso,<br />

especialmente em relação a essa emenda. Não estou censurando. Espero até que<br />

seja aprovada. Dizer que a Fundação Getúlio Vargas tem ação em todo o território<br />

nacional, tenham paciência, mas me parece evidentemente um exagero.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Passaria a palavra<br />

ao Deputado Rodrigo Maia.<br />

O SR. DEPUTADO RODRIGO MAIA – Quero aproveitar as palavras do<br />

Deputado Mussa Demes para tratar desse tema. Sou favorável a essa emenda da<br />

Fundação Getúlio Vargas, mas acho que foi na época da Presidência da Deputada<br />

Yeda Crusius que houve um compromisso de que a Fundação daria<br />

assessoramento e apoio à Comissão de Finanças. Para isso, cabe uma emenda da<br />

Comissão de Finanças. Vejo, pela segunda ou terceira vez, que temos emendas da<br />

Fundação nesse meu primeiro mandato sem que haja nenhum retorno da Fundação<br />

que não a utilização da sua sede. Tudo bem, com certeza foi o próprio Governo que<br />

financiou a construção da sede da Fundação Getúlio Vargas.<br />

Só queria amarrar um pouquinho mais essa emenda para que a Comissão<br />

possa ter o benefício <strong>dos</strong> grandes estu<strong>dos</strong>, <strong>dos</strong> grandes quadros que hoje trabalham<br />

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na Fundação Getúlio Vargas. Essa é a minha única preocupação, porque colocamos<br />

a emenda e não vemos nenhum retorno para esta Comissão.<br />

As outras emendas da Receita e do Banco Central são temas relevantes e<br />

diretamente liga<strong>dos</strong> à Comissão de Finanças. Sou favorável a essa emenda da<br />

Fundação Getúlio Vargas, mas queria que a direção da Fundação ou que a<br />

Presidência entre em contato com eles para que dêem alguma posição sobre a<br />

forma que podem colaborar. A nossa assessoria técnica, que é de ótima qualidade,<br />

fica muito assoberbada de trabalho e essa assessoria da Fundação poderia<br />

colaborar muito com os trabalhos desta Comissão Permanente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – O autor do<br />

requerimento, que solicita a emenda para a Fundação Getúlio Vargas, é o Deputado<br />

Germano Rigotto, a quem passo a palavra.<br />

O SR. DEPUTADO GERMANO RIGOTTO – Sr. Presidente, acredito que as<br />

considerações que faz o Deputado Rodrigo Maia são importantes. Temos de ter uma<br />

parceria maior da Comissão de Finanças e Tributação com a Fundação e deve ser<br />

sempre em uma mão: assessoramento sempre que necessário da Fundação à<br />

Comissão. Isso é fundamental.<br />

Por que apresentei a emenda, Sr. Presidente? Porque esse requerimento,<br />

que solicita essa emenda à Comissão de Orçamento, tem uma justificativa que eu<br />

gostaria de ler. A Fundação Getúlio Vargas funciona para o Brasil inteiro, não para<br />

São Paulo ou Rio de Janeiro. O meu Estado do Rio Grande do Sul tem efeitos do<br />

trabalho da Fundação Getúlio Vargas. Quantos gaúchos vão buscar na Fundação<br />

Getúlio Vargas mais conhecimentos, uma formação profissional, um doutorado, um<br />

mestrado — o Deputado Fetter Júnior está dizendo que é o caso dele —, e assim<br />

em cada Estado da Federação.<br />

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Olhem a justificativa:<br />

A Fundação Getúlio Vargas é uma respeitada<br />

instituição e motivo de orgulho para os brasileiros, dentre<br />

outras razões, pela qualidade de seu ensino, pelas<br />

oportunidades de profissionalização que oferece aos seus<br />

alunos, principalmente de mestrado e doutorado,<br />

credenciando-os como bolsistas e professores nas mais<br />

exigentes universidades <strong>dos</strong> países desenvolvi<strong>dos</strong>, o que<br />

vem contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento<br />

da administração pública nos três níveis de Governo, para<br />

o avanço tecnológico e para a melhoria do gerenciamento<br />

e conseqüente sucesso de importantes segmentos da<br />

iniciativa privada do País.<br />

Com seriedade, competência e credibilidade, a<br />

Fundação Getúlio Vargas tem-se mantido na vanguarda<br />

do pensamento científico, através do ensino, da pesquisa,<br />

da informação, da preservação da memória nacional, da<br />

editoração de obras fundamentais e da consultoria técnica<br />

a órgãos e entidades das administrações públicas federal,<br />

estadual e municipal.<br />

Para que a Fundação Getúlio Vargas continue a<br />

manter o seu dinamismo e prestar serviços de excelência,<br />

é justo e pertinente que a sociedade brasileira e a União<br />

lhe aporte recursos complementares.<br />

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Sr. Presidente, essa é a justificativa. Há pouco, recebi, para mostrar o que é o<br />

trabalho da Fundação, um trabalho que ela está realizando para to<strong>dos</strong> os Municípios<br />

do Brasil sobre como eles podem organizar — e a maior parte <strong>dos</strong> Municípios não<br />

sabem como fazê-lo — o seu Plano Plurianual. Trata-se de um trabalho que a<br />

Fundação está colocando à disposição de to<strong>dos</strong> os Municípios do Brasil para que<br />

eles tenham condição de elaborar o seu Plano Plurianual.<br />

Não tenho dúvidas de que, se não houver um trabalho como esse, a maior<br />

parte <strong>dos</strong> Municípios não terão nem como respeitar a própria Lei de<br />

Responsabilidade Fiscal, porque não têm como preparar um Plano Plurianual.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Seria bom passar<br />

esse folder para to<strong>dos</strong> os Parlamentares. Só o senhor que teve o privilégio de<br />

recebê-lo.<br />

O SR. DEPUTADO GERMANO RIGOTTO - Esse é um trabalho que está<br />

sendo concluído pela fundação. Quero informar que não tenho maior relação com a<br />

direção da Fundação Getúlio Vargas, não tive nenhum pleito, nenhum pedido para a<br />

fundação. Na questão da reforma tributária, houve um assessoramento, um<br />

acompanhamento do trabalho da Comissão ao nosso pedido. Não tenho nenhum<br />

tipo de ligação maior com a Fundação Getúlio Vargas. Apresentei esse requerimento<br />

porque to<strong>dos</strong> os anos a Comissão de Finanças tem apresentado requerimentos<br />

como esse e tem encaminhado à Comissão de Orçamento pedido de recursos para<br />

a Fundação Getúlio Vargas.<br />

O que diz o Deputado Rodrigo Maia é procedente. O nosso Presidente da<br />

Comissão poderia ter um contato com a direção da Fundação Getúlio Vargas para<br />

ver a forma de termos não uma relação maior, mas um assessoramento maior da<br />

fundação com a própria Comissão, agilidade nas informações, acesso aos estu<strong>dos</strong>.<br />

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Esse contato, independente da aprovação ou não do requerimento, vai na direção<br />

do que diz o Deputado. Só quero dizer ao Deputado Mussa Demes que a Fundação<br />

Getúlio Vargas tem um trabalho voltado para o País inteiro.<br />

Com todo o respeito ao meu amigo, Deputado Mussa Demes, uma pessoa<br />

que admiro, um lutador pelo seu Estado, e o Piauí merece todo o apoio e todo o<br />

carinho, porque é o Estado brasileiro que mais necessita de recursos orçamentários<br />

da União dentro dessa necessidade de termos um País mais uniforme e com<br />

desenvolvimento não tão regionalizado.<br />

Essa emenda realmente não tem a ver com a Comissão de Finanças e<br />

Tributação. É uma emenda muito localizada. Vou ser o primeiro, Deputado Mussa<br />

Demes, a ajudar V.Exa. na Comissão de Orçamento no que puder. Acho que o<br />

Estado do Piauí tem sempre que olhar para V.Exa. como um <strong>dos</strong> grandes<br />

defensores que o Estado já teve no Congresso Nacional. Tanto é um grande<br />

defensor que aproveita uma brecha para apresentar uma emenda buscando mais<br />

um recurso para seu Estado.<br />

Era o que tinha a dizer.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Delfim Netto.<br />

O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO - Sr. Presidente, quero simplesmente<br />

apoiar a proposta que foi feita sobre a Fundação Getúlio Vargas. Realmente, é uma<br />

instituição da maior importância e merece nosso suporte. O que o Deputado Rodrigo<br />

Maia fala é uma verdade. Ninguém procura a fundação. Cada vez que precisei da<br />

fundação, em números ou estu<strong>dos</strong>, bastou dar um telefonema e eles se dispuseram,<br />

trabalharam e produziram seus documentos. Aqui mesmo, assistimos a um trabalho<br />

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muito interessante da fundação na tentativa de avaliar qual eram os efeitos do<br />

inesperado apagão sobre a indústria brasileira.<br />

Só acrescentaria, Sr. Presidente, que prefiro a emenda do ilustre Deputado<br />

Mussa Demes a devolvermos nossa grana para o Executivo.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Benito Gama.<br />

O SR. DEPUTADO BENITO GAMA - Sr. Presidente, também quero dar meu<br />

apoio a essa emenda da Fundação Getúlio Vargas, que é extremamente importante.<br />

O Deputado Delfim Netto fez uma referência muito especial, porque desde que aqui<br />

chegamos, na Constituinte, por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas tem tido um<br />

papel extremamente importante na discussão <strong>dos</strong> temas econômico, financeiro e<br />

tributário. Quero, Sr. Presidente e Srs. Deputa<strong>dos</strong>, dar também o meu apoio à<br />

emenda da Fundação Getúlio Vargas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Concedo a palavra<br />

ao Deputado Mussa Demes.<br />

O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES - Sr. Presidente, fui citado nominalmente<br />

e não quero aparecer nesta reunião como o algoz da emenda da Fundação Getúlio<br />

Vargas. Pelo contrário. Se se consultar as notas taquigráficas, vai-se observar que<br />

sou favorável à sua aprovação. Citei-a como referência apenas porque, volto a<br />

insistir, não me parece que a Fundação Getúlio Vargas tenha ação em todo o<br />

território nacional. Na minha região, por exemplo, não tem ação nenhum e nem por<br />

isso sou contra a sua aprovação.<br />

Agradeço a referência do Deputado Germano Rigotto. Sei que foi uma<br />

maneira elegante e delicada de dizer que não vai votar pela aprovação da proposta<br />

que fiz.<br />

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Benito Gama.<br />

O SR. DEPUTADO BENITO GAMA - Sr. Presidente, só quero dizer que a<br />

ponte de Wall Ferraz não atende à Fundação Getúlio Vargas e nem esta atende a<br />

Wall Ferraz. Se é assim, temos que apoiá-la também. A história da Comissão<br />

confunde-se com a do Deputado Mussa Demes. Acho também que é um<br />

precedente. Neste momento, entre voltar para o Banco Central ou ir para um<br />

Município do Piauí, fico com o Piauí.<br />

O SR. DEPUTADO DELFIM NETTO – Sem precedente não há progresso,<br />

Sr. Presidente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Temos que<br />

escolher uma para ser retirada, porque só podemos apresentar cinco.<br />

Com a palavra o Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, quero brevemente<br />

justificar a emenda que apresentei.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – A justificativa está<br />

implícita, Deputado.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI – Um minuto apenas, Sr.<br />

Presidente. Tenho acompanho, como Parlamentar, o setor de fun<strong>dos</strong> de pensão no<br />

Brasil, aliás, como sindicalista também. Desses órgãos to<strong>dos</strong> que estão relaciona<strong>dos</strong><br />

aqui, não existe nenhum que fiscalize um setor tão importante quanto o setor de<br />

previdência complementar e que seja tão desestruturado quanto a Secretaria de<br />

Previdência Complementar. Conversei com o Sr. Secretário, que demonstrou um<br />

interesse muito grande por trabalharmos essa emenda na Comissão. A emenda foi<br />

construída juntamente com a Secretaria. Nesse sentido, peço apoio <strong>dos</strong> demais<br />

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Número: 001143/01 Data: <strong>17</strong>/<strong>10</strong>/01<br />

Parlamentares para que possamos aprová-la como uma das emendas da Comissão<br />

de Finanças.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Gostaria de colocar<br />

em votação. Há duas propostas do Deputado José Pimentel, uma do Deputado Luiz<br />

Carlos Hauly, uma do Deputado Mussa Demes, uma do Deputado Germano Rigotto<br />

e uma do Deputado Ricardo Berzoini.<br />

Antes, porém, concedo a palavra ao Deputado Silvio Torres.<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Sr. Presidente, quero-me desculpar<br />

por ter chegado atrasado, mas estou chegando no momento em que vai se votar<br />

essas emendas e não sei se foi dado seu conhecimento na sessão anterior, de<br />

quinta-feira.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Já. Foi dado o<br />

conhecimento há duas sessões. Esta já é a terceira vez que a colocamos em pauta<br />

e temos que decidir, uma vez que, na semana que vem, não deveremos ter reunião<br />

devido ao encontro da ALCA.<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES – Sr. Presidente, vou-me somar àqueles<br />

que já manifestaram preocupação com a possibilidade de incluir uma emenda<br />

pontual, local, entre as emendas desta Comissão, pois acredito seja a primeira vez<br />

que isso esteja ocorrendo.<br />

vez.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Não é a primeira<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Pelo menos é a primeira vez que<br />

participo de uma reunião de votação de emenda em que isso ocorre. Não sei se<br />

V.Exa., nos anos anteriores, tenha participado de outras em que isso tenha ocorrido.<br />

No tempo em que estou aqui, não me lembro de ter votado nenhuma emenda dessa<br />

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natureza. Isso realmente me preocupa. Gostaria de ouvir também, se for possível,<br />

mais uma vez, a justificativa.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Concedo a palavra<br />

ao Deputado Germano Rigotto.<br />

O SR. DEPUTADO GERMANO RIGOTTO – Sr. Presidente, é apenas um<br />

aparte ao Deputado Silvio Torres.<br />

Sr. Presidente, faço uma consulta nesse aparte a V.Exa. e aos membros da<br />

Comissão. Só por um respeito muito grande ao Deputado Mussa Demes poderia<br />

votar a favor dessa emenda, porque acho que é um precedente que se abre e que<br />

no ano que vem vamos ter aqui to<strong>dos</strong> os Deputa<strong>dos</strong> apresentando emendas de<br />

interesse <strong>dos</strong> seus Esta<strong>dos</strong>, que não é o objetivo dessa emenda de Comissão.<br />

Para resolver o problema, não seria possível aprovarmos todas as emendas,<br />

já que tem uma sobrando, unindo a emenda do Deputado José Pimentel, não tirando<br />

o Banco Central fora, colocando-o e Receita Federal na mesma emenda,<br />

reestruturando o Banco Central e da Receita Federal na mesma emenda?<br />

Determinaríamos um valor, Deputado Fetter Júnior, que colocasse as duas<br />

instituições na mesma emenda?<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – O Deputado José<br />

Pimentel não se encontra presente, mas acho que o Deputado Ricardo Berzoini<br />

pode falar por S.Exa.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, na verdade, as<br />

emendas apresentadas pelo Deputado José Pimentel são similares às apresentadas<br />

e aprovadas no ano passado. Foram também para fortalecer a ação fiscalizatória do<br />

Banco Central e da Receita Federal. São dois órgãos cujo funcionamento podemos<br />

até questionar. Sou um <strong>dos</strong> maiores questionadores aqui. Estava até brincando com<br />

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o Deputado Fetter Júnior que o Banco Central precisa, mas não merece uma<br />

emenda que reforce sua atuação, porque, embora tenha um quadro de funcionários<br />

muito competentes, sua direção, no meu entendimento, tem deixado a desejar,<br />

inclusive em relação à supervisão bancária no nosso País. Creio que a proposta do<br />

Deputado Germano Rigotto é favorável, juntar as duas emendas numa só. Depois<br />

vai ficar para o Relator da Comissão de Orçamento decidir se essa emenda do<br />

Deputado Mussa Demes pode caminhar ou não.<br />

O SR. DEPUTADO GERMANO RIGOTTO - Acho que seria uma alternativa.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, solicito que antes<br />

de iniciar a votação, como o Deputado José Pimentel não está presente, que se<br />

examine se não há nenhum obstáculo técnico do ponto de vista técnico-<br />

orçamentário para colocar as duas numa só. Imagino que não possa colocar para<br />

dois órgãos diferentes a destinação da mesma emenda.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Silvio Torres.<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES – Sr. Presidente, para mim, trata-se<br />

realmente de uma votação inédita. Não sei se isso é possível.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Fetter Júnior.<br />

O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Sr. Presidente, inclui os dois no<br />

Ministério da Fazenda. Pronto. Está resolvido.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Silvio Torres.<br />

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O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES – Sr. Presidente, quero antes esclarecer<br />

uma dúvida: é possível ocorrer isso numa emenda de Comissão, ou seja, destinar<br />

especificamente para uma determinada obra em qualquer lugar? É regimentalmente<br />

correto?<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Não vejo problema<br />

nenhum, Deputado Silvio Torres. Se aprovarmos aqui e encaminharmos para a<br />

Comissão de Orçamento, o Relator é que vai analisar se cabe ou não.<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES – Nesse caso, Sr. Presidente, como<br />

to<strong>dos</strong> o demais estão fazendo uma homenagem ao Estado do Piauí e ao nosso<br />

companheiro Mussa Demes, acompanho a proposta do Deputado Germano Rigotto<br />

para não excluirmos uma emenda de um Deputado que não está presente,<br />

infelizmente, para poder aprovar todas.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Com a palavra o<br />

Deputado Fetter Júnior.<br />

O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR - Sr. Presidente, as homenagens ao<br />

Deputado Mussa Demes hoje estão pungentes. É um reconhecimento mais ao seu<br />

valor e à importância do Piauí. É muito complicado esta Comissão abrir uma<br />

exceção, porque, no ano que vem, estaremos to<strong>dos</strong> tentando fazer uma emenda<br />

para nossos Municípios.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – V.Exa. sabe que<br />

ficou aberto por três sessões. Ninguém o fez, mas o Deputado Mussa Demes o fez.<br />

O SR. DEPUTADO FETTER JÚNIOR – Claro! A gente entende que na<br />

Comissão de Finanças não caberia esse tipo de emenda, mas não vou ser contra o<br />

Estado do Piauí nem o Deputado Mussa Demes. A única solução é fazer uma<br />

emenda que aglutine as duas, a da Receita e a do Banco Central, só que não pode<br />

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juntar, tem que ser modernização tal, tal, tal, no âmbito do Ministério da Fazenda.<br />

Depois, o Ministro, se quiser, repassa recurso ao Banco Central. Tem de mudar a<br />

emenda. Não dá para juntar as duas emendas numa só. Tem de ser uma nova,<br />

substitutiva das duas, alocando esses recursos ao Ministério da Fazenda, porque<br />

são unidades orçamentárias diferentes. Não dá para fazer as duas numa só. O<br />

Ministro, depois, manda para a Receita ou para o Banco Central. Isso é possível, só<br />

que tem que ser uma emenda substitutiva. Pode-se fazer isso para atender o<br />

Deputado Mussa Demes e S.Exa. não ficar chateado conosco. Abrimos uma<br />

exceção complicada na Comissão. Como disse o Deputado Delfim Netto, sem<br />

precedente não há progresso. Então, vamos ao precedente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Nossa consultoria<br />

diz que, dessa maneira como coloca o Deputado Fetter Júnior, é possível se juntar e<br />

jogar no Ministério da Fazenda, uma vez que corre o risco da emenda do Deputado<br />

Mussa Demes ser prejudicada no Orçamento. Seria um outro problema.<br />

O SR. DEPUTADO SILVIO TORRES - Seria feita uma emenda aglutinativa,<br />

uma nova emenda?<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Seria feita uma<br />

emenda aglutinativa do Deputado José Pimentel ao Ministério da Fazenda,<br />

atendendo ao Banco Central e à Receita Federal. Ficariam aprovadas as cinco<br />

emendas, em homenagem ao Deputado Mussa Demes.<br />

Com a palavra o Deputado Mussa Demes.<br />

O SR. DEPUTADO MUSSA DEMES - Sr. Presidente, agradeço à Comissão<br />

pela sensibilidade. Saio daqui até emocionado e comovido com o tratamento que<br />

recebi de to<strong>dos</strong> os companheiros. Na verdade, tenho certeza de que se<br />

sensibilizaram também com a repetida e continuada desatenção <strong>dos</strong> órgãos do<br />

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Poder Executivo em relação às liberações das emendas que a gente apresenta e ao<br />

espaço mínimo que se tem nesta Casa para alterar o que vem da proposta<br />

orçamentária do Governo.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Então, ficam<br />

aprovadas as cinco emendas. Superado o problema técnico, vamos apresentá-la.<br />

Tem que haver uma conversa por parte da Comissão. Vamos fazê-la junto ao<br />

Relator para poder adaptá-la. Está acertado assim? (Pausa.)<br />

O consultor está explicando que há uma dificuldade de compatibilização por<br />

serem unidades orçamentárias distintas, mas há possibilidade de o Relator conciliá-<br />

las. Tudo bem?<br />

Com a palavra o Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, solicito que<br />

garanta que sai como indicação da Comissão para conciliação no Orçamento.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Vou, inclusive, levar<br />

essa preocupação ao Relator, Deputado Sampaio Dória, juntamente com o<br />

Deputado José Pimentel. Farei isso.<br />

Ficam aprovadas as cinco emendas. (Pausa.)<br />

Em votação, em bloco, pela não implicação da matéria com o aumento ou<br />

diminuição da receita ou da despesa, não cabendo pronunciamento quanto à<br />

adequação financeira e orçamentária; no mérito, pela rejeição, itens 5, 7 e 8.<br />

Com a palavra o Deputado Ricardo Berzoini.<br />

O SR. DEPUTADO RICARDO BERZOINI - Sr. Presidente, quero adiantar que<br />

a bancada do Partido <strong>dos</strong> Trabalhadores, em função do impasse que ocorre hoje na<br />

negociação com os funcionários em greve, tanto na área da previdência como na da<br />

educação, e também em função do impasse que ocorre hoje em relação à<br />

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renegociação das dívidas <strong>dos</strong> pequenos agricultores, está em obstrução em todas<br />

as Comissões. Portanto, já nessa votação em bloco, pedirei verificação de quorum<br />

e votação nominal.<br />

(Não identificado) - Quero saber se em São Paulo estão junto com os<br />

professores também.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Então, vamos<br />

proceder à chamada nominal.<br />

(Não identificado) - Professores da rede municipal, porque o procedimento<br />

aqui é um e lá é outro.<br />

fazer.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Sou obrigado a<br />

Deputado Antonio Kandir. (Pausa.)<br />

Deputado Félix Mendonça. Presente.<br />

Deputado José Aníbal. (Pausa.)<br />

Deputado José Militão. (Pausa.)<br />

Deputado Rodrigo Maia. Presente.<br />

Deputado Sampaio Dória. (Pausa.)<br />

Deputado Silvio Torres. Presente.<br />

Deputada Yeda Crusius. (Pausa.)<br />

Deputado Chico Sardelli. (Pausa.)<br />

Deputado João Carlos Bacelar. (Pausa.)<br />

Deputado João Mendes. Presente.<br />

Deputado Jorge Khoury. (Pausa.)<br />

Deputado José Carlos Fonseca Jr. (Pausa.)<br />

Deputado Mussa Demes. (Pausa.)<br />

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Deputado Pauderney Avelino. (Pausa.)<br />

Deputado Armando Monteiro. (Pausa.)<br />

Deputado Germano Rigotto. (Pausa.)<br />

Deputado Michel Temer. (Pausa.)<br />

Deputado Milton Monti. (Pausa.)<br />

Deputado Pedro Novais. (Pausa.)<br />

Deputado Carlito Merss. Presente.<br />

Deputado João Coser. (Pausa.)<br />

Deputado José Pimentel. (Pausa.)<br />

Deputado Ricardo Berzoini. (Pausa.)<br />

Deputado Edinho Bez. (Pausa.)<br />

Deputado Enivaldo Ribeiro. (Pausa.)<br />

Deputado Fetter Júnior. (Pausa.)<br />

Deputado Max Rosenmann. (Pausa.)<br />

Deputado João Eduardo Dado. (Pausa.)<br />

Deputado Pedro Eugênio. (Pausa.)<br />

Deputado Eujácio Simões. (Pausa.)<br />

Deputado Roberto Argenta. (Pausa.)<br />

Vou proceder à lista de suplentes:<br />

Deputado Adolfo Marinho. (Pausa.)<br />

Deputado Anivaldo Vale. (Pausa.)<br />

Deputado Antonio Cambraia. (Pausa.)<br />

Deputado Basílio Villani. (Pausa.)<br />

Deputado Juquinha. (Pausa.)<br />

Deputado Luiz Carlos Hauly. (Pausa.)<br />

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Deputado Magno Malta. (Pausa.)<br />

Deputado Sebastião Madeira. (Pausa.)<br />

Deputado Walfrido Mares Guia. (Pausa.)<br />

Deputado Darci Coelho. (Pausa.)<br />

Deputado Euler Ribeiro. (Pausa.)<br />

Deputado Marcos Cintra. (Pausa.)<br />

Deputado Moreira Ferreira. (Pausa.)<br />

Deputada Nice Lobão. (Pausa.)<br />

Deputado Osório Adriano. (Pausa.)<br />

Deputado Osvaldo Coelho. (Pausa.)<br />

Deputado Benito Gama. (Pausa.)<br />

Deputado João Henrique. (Pausa.)<br />

Deputado José Lourenço. (Pausa.)<br />

Deputado Clóvis Ilgenfritz. (Pausa.)<br />

Deputado Geraldo Magela. (Pausa.)<br />

Deputado Ivan Valente. (Pausa.)<br />

Deputado José Dirceu. (Pausa.)<br />

Deputado Delfim Netto. (Pausa.)<br />

Deputado Salomão Cruz. (Pausa.)<br />

Deputado Gonzaga Patriota. (Pausa.)<br />

Deputado Emerson Kapaz. (Pausa.)<br />

Deputado Rubens Furlan. (Pausa.)<br />

Havendo doze presenças e não tendo sido atingido o quorum necessário,<br />

vou encerrar a presente reunião.<br />

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O SR. DEPUTADO JOÃO EDUARDO DADO - Sr. Presidente, permita-me<br />

apenas registrar que falei com o Deputado José Pimentel, que concordou para que<br />

conste das notas taquigráficas, que na emenda que trata de recursos para a Receita<br />

Federal seja incluída a Escola Fazendária do Estado de São Paulo como participe<br />

dessa emenda.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) – Deputado, já foi<br />

aprovada. Inclusive, fundimos duas. O Deputado José Pimentel não estava presente<br />

até para fazer essa justificativa.<br />

O SR. DEPUTADO JOÃO EDUARDO DADO – Obrigado pela sua atenção,<br />

Sr. Presidente.<br />

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jorge Tadeu Mudalen) - Infelizmente, V.Exa.<br />

também não estava.<br />

Srs. Deputa<strong>dos</strong>, não se esqueçam da audiência pública marcada para<br />

amanhã com o Presidente da BOVESPA.<br />

Está encerrada a reunião.<br />

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