4 REZISTENCIA — Quinta-fcira, 24$ <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1904 Água da Curia (Mogofores—Anadia) Sulfatada—Calcica A única anaiysada no paiz, similhante á afamada agua <strong>de</strong> CONTREXÉVILLE, nos Vosges (França) GNlabelecimento balnear a 2 kilometros da estação <strong>de</strong> lloffofore» Can o» á ebegada <strong>de</strong> todos OH comboio»* INDICAÇÕES Para USO interno:—Arthritismo, Gotta, Lithiase urica, Lithiase biliar, Engorgitamentos hepathicos, Catarros vesieaes, Catarrho uterino. Para USO externo:—Em differentes especies <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatoses. Como purificadora do sangae, não ha nenhuma no paiz qne se lhe avantaje As analyses chimica e microbiologica foramjfeitas pelo professor da Escola Brotero, o ex. m0 sr. Charles Lepierre. A agua da Curia não se altera, nem pelo tempo, nem pelo transporte A' venda em garrafas <strong>de</strong> litro-Preço 200 réis Deposito em <strong>Coimbra</strong>—PHARMACIA DONATO 4, Rua Ferreira Borges filos ia Empreza Vinícola <strong>de</strong> Salvaterra <strong>de</strong> laoos Vinhos tintos...< PREÇOS CORRENTES Palhete . . Trinca <strong>de</strong>i ro . Clarete . Marialva . Fernão Pires. Vinhos brancos-) S&uterne. Diagalves. Marialva . (SEM GARRAFA) Licoroso branco Vinhos licorozos!*, , * lnt0 ; • • • • , • Moscatel-Favaios (Douro) da lavra <strong>de</strong> Theodonco Pimentel Vinagre \ Branco Azeite ) Aze:ite d'01iveira (da lavra do Prof. Dr. Francisco ) d'01iveira Feijão) PJ^oQ^EDl VINHOS DISTRIBUIÇÃO DIARIA AOS DOMICÍLIOS EXPORTAÇÃO SEM ALTERAÇÃO DE TYPOS Garafa |y, gar 110 130 150 170 140 170 180 180 260 250 500 90 300 Preços espeefaes para exportação Depozito em COIMBRA — João Borjes Sucursal na Alta 27 —RUA FERREIRA BORJES — 29 RUA INFANTE D. AUGUSTO CÂZÀ ACADÉMICA, <strong>de</strong> J. A. da Costa Pinto C O I M B R A Installação provisoria: rua da Sota n 0 8. ———* iwr—— DE PASTO a-EKTXJinsros» GO 70 80 90 80 90 100 100 BRANCOS E TINTOS Para consumo e exportação Vendas por junto e a miúdo Tabella <strong>de</strong> preços <strong>de</strong> Tenda a miúdo (1 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>
Editor MANUEL DOLIVEIRA AMARAL PUBLICA-SE AOS DOMINGOS E QUINTAS-FEIRAS Redacção e Administração = Rua Ferreira Borges Typ. Democratica ARCO DE) ALMEDINA, IO N.° 906 COIMBR×Domingo, 29 <strong>de</strong> maio áe 1904 IO. 0 ANO 0 ACORDO Está feito o acordo entre rejeneradores e progressistas para as próximas eleições, e para quem tenha conhecimento dos processos á muito em voga na politica portuguêza não representa esse acontecimento uma aberração propicia a estranhezas e a comentários indignados. Sem duvida certos fatos á que, ainda que velhos e <strong>de</strong> nossa muita intimida<strong>de</strong>, nos revoltam e enojam quando se exhibem; mas o que nós preten<strong>de</strong>mos acentuar é que o accôrdo, mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem já voado pelo ar setas, farpões e vários tiros inimigos, não dão matéria nova para afogueamentos <strong>de</strong> cólera puritana. Porque, reparando bem na istotoria da politica do rejimen, acharemos que o acordo <strong>de</strong> todos os seus ómens data <strong>de</strong> lonje, e que a momentanea diverjencia em questõis <strong>de</strong> lana caprina não exclue < concordância fundamental <strong>de</strong> pro cessos e orientação pelo que toca á exploração do país. As ameaças <strong>de</strong> ostilida<strong>de</strong>s feras que uns aos outros fazem é uma velha comedia. Pó<strong>de</strong>m ter amúos. Exijencias não satisfeitas pó<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar caseiras tempesta<strong>de</strong>s Mas porque um procedimento mais estrondoso, no sentido <strong>de</strong> difficultar a acção governativa do grupo no po<strong>de</strong>r, importaria para o grupo ba rulhento o perigo <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sconceituado perante a suprema torça que presi<strong>de</strong> á rotação, rezulta que o ataqueque se fazem tem o caracter duma leve escaramuça para inglez ver, lembra uma manobra com tiroteios <strong>de</strong> polvora seca. O acôrdo dos monárquicos velho, é <strong>de</strong> sempre, e o que á tal vez a distinguir é a abilida<strong>de</strong> em disfarçal-o melhor ou peior, o cuidado maior ou menor em vestir-lhe 'aparências guerreiras., Um <strong>de</strong>putado <strong>de</strong>clarou, na ul tima lejislatura, que não conhecia ninguém no seu circulo e que se estava ali era tão somente por ace <strong>de</strong>ncia jentil do Ministério do reino E todos sabem <strong>de</strong> resto que os go vernos, e não o pais, é que faz as eleições, <strong>de</strong> tal forma que a maioria <strong>de</strong> ôje é a minoria <strong>de</strong> ámanhã; e todos sabem também que é firme o acôrdo entre todos os monárquicos para manter este statu-quo, obstando por todas as formas a que a manifestação livre do sufrajio possa perturbar esta cómoda e pacífica funçanata. Depois ão-<strong>de</strong> ter notado que os que na opozição combatem a obra dos governos, raríssimo <strong>de</strong>stroem, quando guindados ao po<strong>de</strong>r, essa obra; e, bem ao contrario, a <strong>de</strong>fendam e ampliam, esquecendo as suas fogosas <strong>de</strong>blaterações, os seus compromissos, as suas promessas. O que significa esta atitu<strong>de</strong>, senão a existencia dum acôrdo fundamental <strong>de</strong> processos ? Os attentados, os <strong>de</strong>satinos, as imoralida<strong>de</strong>s com tanto ardôr <strong>de</strong>nunciados, para logo se esquecem; e, no po<strong>de</strong>r, os bravos poritanos não fazem mais do que augmentar o numero <strong>de</strong>ssas feias cousas, tão combatidas, tão verberadas. Não á liberda<strong>de</strong>s, porque os partidos monárquicos acordárão em suprimil-as. Golpe que um lhes vibrasse, era golpe que os outros secundaríão, com raiva. Não á credito, porque os partidos monárquicos acordárão em fazel-o <strong>de</strong>saparecer pela pratica igual <strong>de</strong> <strong>de</strong>satinos semelhantes, ístamos reduzidos á condição <strong>de</strong> um povo miserável, sem nada que o imponha ao respeito <strong>de</strong> extranhos mesmo ao entuziástico amôr dos seus, porque os partidos monárquicos acordárão na adoção duma mesma politica, que avia <strong>de</strong> leval-o fatalmente a este fim in<strong>de</strong>coroso. Emfim, o acôrdo vem <strong>de</strong> lonje, tem existido sempre. Nas pequenas terreolas provinciànas, os políticos ainda se esmurram por vêzes com alma. Mas na alta política todos êles se enten<strong>de</strong>m, porque existe o acôrdo que lhes garante a fruição <strong>de</strong> regalias e benesses mesmo em tempo <strong>de</strong> ostracismo. E <strong>de</strong> acôrdo com os partidos monárquicos, sancionando-lhes os processos, exorando-os com ã sua confiança, está a Corôa, sem a qual êles não po<strong>de</strong>ríão vivêr. De fórma que o acôrdo está <strong>de</strong> á muito estabelecido entre os partidos monárquicos e a Corôa contra o paiz, que para êles nada reprezenta, e entra como ínfima comparsaria nas baixas comedias que promovem. O acôrdo <strong>de</strong> agora não é, pois, um fato novo, para admirações cóleras, mas é um fato que convém pôr em <strong>de</strong>staque, para que o país compreenda a triste figura que está fazendo. -^Centra Eleitoral Republicano Jozé Falcão CONFERENCIA O nosso eminente correi! glossário sr. dr. BSernardino Is achado realiza ámanhã, se gnnda-feira, pelas 8 horas da laolle, «iaa conferencia no «Centro IíSeitoral Stepubllca no», cujo tema será: Eleições A esta eonfereueia outras se seguirão, feitos por vários republicanos prestijiozisslmos. Parece que estão quebradas as relações entre a Santa-Sé e a França— a filha primojenita da Igreja. Nós sempre <strong>de</strong>sconfiamos que esta filha havia <strong>de</strong> envergonhar a familia, <strong>de</strong>ixando-se levar nos bra- ços do Satan revolucionário. Atinjiu a maiorida<strong>de</strong>, e Valeram as investações a retel lar domestico. Safou-se. Desgostos... nao a no Terminam no dia 21 <strong>de</strong> junho as aulas na Escola Nacional <strong>de</strong> Agricultura. « O MUNDO» Foi apreendido este nosso prezado colega e <strong>de</strong>nodado batalhador da causa republicana. Percorremos com escrupulosa inquizitorial atenção o numero vitimado pela fúria policiasca do sr. Intze Ribeiro: relemol-o com o interesse anciôzo <strong>de</strong> quem busca ilar as razôis dum fato insólito: e, mau grado todas as nossas pesquizas e longas cojitaçôis, não lobrigamos o motivo que justificasse a 3rutalissima medida. O Mundo tratava <strong>de</strong> cazos vários da nossa politica, sem exaltação, com um comedimento, que está lonje da linguajem <strong>de</strong>stemperada <strong>de</strong> certos senhores, em momento em que o ostracismo a prolonga em excesso, e o estomago bazio provoca tresloucamentos furiozos. Nada que explicasse a apreensão, avia, o que significa que o odio velho do sr. Intze Ribeiro não cançou e se dispôi a serias exibiçóis perseguidoras, no duplo intento <strong>de</strong> vingar antigos incomodos e obter o silencio pará certas tramóias. Escuzado será afirmar o nosso prezado coléga a nossa solidarieda<strong>de</strong> e o protesto veemente contra o covardíssimo atentado. Parece que o sr. Pequito se dispõe a apresentar plano fazendario <strong>de</strong> tomo. Mas Pequito provadamente débil para o esforço <strong>de</strong> altas cavalarias, é neste caso um pseudonimo. Quem será o autor da obra anunciada ? Não <strong>de</strong>sponta na imprensa oficiosa <strong>de</strong>smentido algum sobre a anunciada viajem rejia. Para tranquilizar os ânimos dos patriotas forretas digam ao menos que Sua Majesta<strong>de</strong> vae ao extranjeiro em. . . comissão gratuita. E fica tudo satisfeito. Se já lá tem ido tanta jente. O sr. Teixeira <strong>de</strong> Souza vae arpoar ovação rija em Celeiros, Sabrosa, Alijó, Sanfins, etc., etc. O sr. Campos Enriques anda por Santo Tirso e outras localida<strong>de</strong>s a colher o triumfo. Estão a ver a politica portuguêza reduzida a um combate <strong>de</strong> filarmónicas em arraial minhoto Anda em jornais que o financeiro Burnay vae <strong>de</strong> conta do go verno negociar um emprestimo no extranjeiro. Mais um serviço que o ilustre con<strong>de</strong> <strong>de</strong>bitará ao pais, a que com tão patrióticas intenções procura sempre ser util. Pelas intenções do nobre ju<strong>de</strong>u ficamos nós. Nele é tudo puro: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as intenções ás virjens do Centenario... Partido republicano Desataviadamente, em amotações simples, <strong>de</strong> lonje vimos prégando a necessida<strong>de</strong> do partido republicano se organizar solidamente, propondo-se a execução d'uma gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong> rejeneração e <strong>de</strong> justiça. Num momento <strong>de</strong> amargura e <strong>de</strong> <strong>de</strong>zalento, quando a consumação d'uma enorme infamia caia pezadamente, como uma <strong>de</strong>sgraça assoladora, sobre tantas almas crentes, á pouco ainda gritando cóleras e cantando esperanças, nós encontramos forças bastantes para opôr ao grito concitador da <strong>de</strong>bandada a vós animoza <strong>de</strong> reunir. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então que só palavras <strong>de</strong> incitamento temos <strong>de</strong>ixado aqui, tocadas da sincerida<strong>de</strong> que nasce da <strong>de</strong>voção pura e serena do nosso i<strong>de</strong>al. A patria sofrera mais um golpe brutal. Crescera a sua <strong>de</strong>sventura. E isso bastava para que d'ela nos aproximássemos mais, enternecidamente, na participação d'essa dôr que nos tocava, não com lagrimas nos olhos, dobrados por comoção entorpecedora, mas direitos e fortes, com a alma erguida e o espirito a retemperar-se num proposito <strong>de</strong> jeneroza vindita. Vieram com essas concitações <strong>de</strong> moço entuziásmo palavras melancólicas, notas azedas <strong>de</strong> ceticismo, duros conceitos <strong>de</strong> revolta ? E' que a obra a fazer exijia, para que não fosse uma artificioza construção, <strong>de</strong> aparências vistozas mas <strong>de</strong> alicerces oscilantes e vigamentos gastos, que se falasse alto a linguajem clara e ríspida da Verda<strong>de</strong>. Era preciso dizer tudo, confessar tudo, para que não continuas semos <strong>de</strong>sunidos e inúteis, mentindo uns aos outros, mentindo a nós proprios., repelindo como incomoda a realida<strong>de</strong> dos fatos, guardando com ardor a nossa intolerância, favorecendo por mil processos a nossa própria dissolução. Para os nossos omens apelamos, porque por eles essa obra <strong>de</strong>via começar. Que se juntassem todos, pedíamos, não para constituírem simplesmente um núcleo, um centro, uma comissão, não para se pren<strong>de</strong>rem pelos laços frágeis d'uma camaradajem aci<strong>de</strong>ntal; mas pata se confundirem na comunhão sincera d'um mesmo i<strong>de</strong>al, para se i<strong>de</strong>nti ficarem na mesma aspiração <strong>de</strong> o impo rem triunfante, pai»a que enfim d'esse amor a um principio luminozo e alto, pren<strong>de</strong>ndo-os na mesma sedução, viesse o mutuo amor entre eles, como um bom fruto nascido já d'um congraçarnento fecundo e belo <strong>de</strong> todos os espíritos sãos e.<strong>de</strong> todas as almas elevadas... Formar núcleos, exten<strong>de</strong>l-os, levar a toda a parte palavras <strong>de</strong> revolta e <strong>de</strong> crença, educar e levantar a massa indi ferente e ignorante, crear carateres, for mar corações, impor o nosso programa e os nossos omens, aproveitar todos os ensejos <strong>de</strong> protesto e <strong>de</strong> luta, fazer emfim um gran<strong>de</strong> e perseverante apostolado da nossa causa, tudo isso preconisamos e queremos. Mas preliminarmente reputamos que era preciso, para tal empreza, que nos robustecessemos, vestindo para a luta o arnez impervio d'urna autorida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> todos os pérfidos ataques viessem <strong>de</strong>sfa^ zer-se, armando-nos da arma po<strong>de</strong>rosa d'um exemplo dominador que vencesse <strong>de</strong>ciziv.imeute os nossos adversarios. Fazer omens, melhorar os omens Éramos fracos, vergavamoí , constranjidos, manietados, ao peso duro^ <strong>de</strong> mil preconceitos tristes, sob a carga <strong>de</strong> mil misérias ? Alijar esse gravame que nós. tolhia, endireitar o torso dobrado, reanimar a alma combalida <strong>de</strong> vicios e <strong>de</strong> azedas tristezas—eis o que nos cumpria fazer. E no mesmo ponto ôje e sempre insistiremos. Precizamos unir-nos, mas unirnos e enten<strong>de</strong>r-nos com a sincerida<strong>de</strong>, a lealda<strong>de</strong>, a justiça que <strong>de</strong>vem pôr na pratica os verda<strong>de</strong>iros omens <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> convicções. Nem vaida<strong>de</strong>s, nem invejas, nem ambições. Á' altura do nosso i<strong>de</strong>al, sempre, ganhando para nós proprios, pela norma da nossa vida, o respeito que lhe é <strong>de</strong>vido. Omens que se juntam para uma obra <strong>de</strong> Verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Justiça, nunca omens que se reúnem para o lance d'uma aventura em que os egoísmos <strong>de</strong> uns e a cupi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> outros tenham interesses ou ourarias a arpoar. Eis o que precisamos <strong>de</strong> ser. O exemplo, por mais que o neguem, abala, comove, contajia. Ainda mesmo num meio dissoluto como o nosso, o exemplo exerce uma reação salutar, é um combate ao mal, é um meio <strong>de</strong> eficaz protesto. Sejamos o exemplo, para sermos os mais fortes, para sermos emfim os ven- í* cedores. Porque dos mais fortes será inevitavelmente, tar<strong>de</strong> ou cedo, a vitoria, e os mais fortes serão os mais onestos e os mais justos, todos os que viverem e lutarem com a pureza, o <strong>de</strong>sinteresse, a serenida<strong>de</strong> dos crentes. Ter um i<strong>de</strong>al, é viver para ele, e dar, para que ele triunfe, uma gran<strong>de</strong> abnegação, , a própria vida. E não se compreen<strong>de</strong> que sejampequenos os omens que se dizem a<strong>de</strong>ptos d'um gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al, porque, se o professam sinceramente, á sua gran<strong>de</strong>za á <strong>de</strong> refletir-se neles, eleval-os, transfigural-os. Sejamos o exemplo. Andão separados por egoísmos, ambições, intrigas, os nossos adversarios? Sejamos o exemplo da armonia, da união, da solidarieda<strong>de</strong>, o exemplo forte e enorme <strong>de</strong>' como a força d'uui gfSm<strong>de</strong> * principio aproxima os omens e os liga num entendimento seguro <strong>de</strong> in<strong>de</strong>strutível cordialida<strong>de</strong>. Combatemos a iniquida<strong>de</strong>, arremeçamos à corrução os farpões dos nossos escrupulos e m revolta, prégamos a guerra á intolerância feroz que asphixia e <strong>de</strong>prime, ferimos com dureza o abastardamento d'um povo bal<strong>de</strong>ado a uma abjeção profunda ? Sejamos o exemplo da justiça, da onestida<strong>de</strong>, da liberda<strong>de</strong>, do civismo. Tudo isto sinceramente, <strong>de</strong> toda a nossa alma, sem exibições pompozas, <strong>de</strong>ixando que o nosso alto exemplo resplan<strong>de</strong>ça e cative pelo seu brilho. Sem isto nada faremos. Jentilezas, amabilida<strong>de</strong>s, ipocrisia, mentira—tudo á marjem: a verda<strong>de</strong>, só a verda<strong>de</strong>, sempre a verda<strong>de</strong>. Doe, por vezes, ofen<strong>de</strong> melindres, amachuca vaida<strong>de</strong>s, pisa brios jentilhomescos ? Mas por fim triunfa, e convence, e é amada. Para nos lançarmos na gran<strong>de</strong> empreza precisamos , repetimos, robustecer-nos: ser verda<strong>de</strong>iros, ser fortes, ser omens. E esta união <strong>de</strong> nós todos obtem-se sem que ninguém precise abdicar opiniões sinceramente perfilhadas nem recalcar forçadamente melindres sentidos com onestida<strong>de</strong>. Opiniões afirmam-se e discutem-se. A' <strong>de</strong>sacordo? Muitas vezes a discussão, franca e sincera,serve a apagal-o. Ao contrario, o silencio fal-o viver. E importa acaso <strong>de</strong>saire para alguém ou é mostra <strong>de</strong> fraqueza a diverjencia inci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> doutrinas? Não. O que não é justo, e até é dissolvente, é a exijencia do silencio, a subordinação a maximas oficiaes por um obnoxio principio <strong>de</strong> disciplina atrofiante e barbara. Entendamo-nos assim, mantendo toda a nossa autonomia, e tendo como regulador da nossa atitu<strong>de</strong> um único interesse: o do nosso i<strong>de</strong>al. Vamos <strong>de</strong>pois para a luta, e o triunfo virá. Quando? Não importa. O nosso <strong>de</strong>ver é lutar: lutemos. Sem adiar, mas também sem precipitar. Com corajem, mas também com tatica. Com entuyasmo, mas também sem impaciências. Revolvamos o terreno, <strong>de</strong>sfaçamos-lhe as leiras aridas e duras, rasguemos-lhe o ventre em sulcos fundos e atiremos para lá a semente. Ela ha <strong>de</strong> jerminar e florescer. Quando? Não <strong>de</strong>sesperemos. Se estações passarem sem que o