902-911 - Universidade de Coimbra
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Editor<br />
PUBLÍCA-SE A O S D O M I N G O S E QUINTAS-FEIRAS<br />
MANUEL D OLIVEÍRA AMARAL Redacção e Administração — Rua Ferreira Borges<br />
RECORDANDO...<br />
Assinalava á tempos um publi<br />
cista ilústre uma enlermida<strong>de</strong> grave<br />
da nossa jente — fatal <strong>de</strong> memória<br />
— enfermida<strong>de</strong> que têm<br />
ativamente colaborador com a cor<br />
rução dos governos para ésta nossa<br />
situação mizeranda.<br />
O pôvo português sófre, <strong>de</strong> facto,<br />
a influencia nociva <strong>de</strong>ssa moléstia.<br />
Esquece lacilmente, como quem<br />
não tem escrupulos, nem assomos<br />
<strong>de</strong> pudor, nem revoltas <strong>de</strong> brio, todas<br />
as afrontas <strong>de</strong> que o fazem alvo,<br />
todos os ludíbrios <strong>de</strong> que o tórnão<br />
vitima.<br />
Momentaneamente exaspera-se<br />
grita, ameaça: é um <strong>de</strong>zafôgo efemero:<br />
a tranquilida<strong>de</strong> fas-se rápido,<br />
rápido se fas o esquecimento.<br />
Ora o esquecimento, se em da<br />
dos cazos pô<strong>de</strong> significar clemencia,<br />
jenerosida<strong>de</strong>, grandêza <strong>de</strong> alma,<br />
implica em jeral — e nos povos<br />
principalmente — talta <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>.<br />
Esquecer nesses cazos é perdoar;<br />
e o perdão, levado alem <strong>de</strong><br />
certos limites, é uma indignida<strong>de</strong><br />
e uma covardia.<br />
Assim tem esquecido, assim tem<br />
perdido o nosso pôvo; indignamente<br />
e . covar<strong>de</strong>mente.<br />
Tem-lhe feito tudo, e, se por vêzes<br />
as afrontas, os atentados, as infamias,<br />
o inflâmão,e á logar a supôr<br />
onrados <strong>de</strong>zagravos, pouco tempo<br />
volvido êle mostra-se esquecido <strong>de</strong><br />
tudo, prestando aos seus insulta<br />
dôres o apoio da sua simplicida<strong>de</strong><br />
Factos e princípios que <strong>de</strong>veríão<br />
ter sempre prezêntes, como<br />
reguladores fieis <strong>de</strong> sua atitú<strong>de</strong>, não<br />
lhes os recorda a sua débil memória,<br />
compromissos publicamente assumidos,<br />
e cujo cumprimento, se impõi<br />
como uma terminante exijencia<br />
<strong>de</strong> onra, para logo os esquece, um<br />
triste <strong>de</strong>sprêezo por si proprio, pela<br />
sua dignida<strong>de</strong> pelos seus interésses,<br />
seu futuro.<br />
Tudo lhe tem feito. Por vêzes<br />
promete vingar-se — e então á palavras<br />
fortes <strong>de</strong> protesto, claras pro<br />
messas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sforço, propózitos <strong>de</strong><br />
permanente inconciliação. Mas a<br />
sua memoria atraiçoa-o: êle esquece<br />
logo/E anda assim, como um<br />
velho maníaco, inofensivo <strong>de</strong><br />
quem nada se tema, <strong>de</strong> quem todos<br />
riem, que se explora e se cóbre <strong>de</strong><br />
zumanamente <strong>de</strong> vaias.<br />
Assim, pelos proce<strong>de</strong>ntes numerózos,<br />
— a istória dos últimos anos<br />
é uma constante prova da falta <strong>de</strong><br />
memoria da nossa jente; não é afrontôzo<br />
supôr que esse gran<strong>de</strong> movimdhto<br />
contra as propostas <strong>de</strong> fazenda,<br />
e em jeral contra os processos<br />
administrativos <strong>de</strong> todos os governos,<br />
estará já esquecido, e que,<br />
o proximo ato eleitoral, a celebrar<br />
em 26 do corrente, em vês <strong>de</strong> ser o<br />
pretexto <strong>de</strong>ssa afirmaçãojiotavel <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>coro e <strong>de</strong> patriotismo, que altivamente<br />
marcasse a coerencia'dos protestantes,<br />
será simples motivo para<br />
muitas <strong>de</strong>stas provárem que já se<br />
esquecerão da campanha ruidóza<br />
em que se metêrão, uns ficando in-<br />
diferentes, outros não <strong>de</strong>zitando em<br />
apoiar nas urnas o governo.<br />
E' cruel a afirmação! A lição dos<br />
fatos autoriza a julgá-la exáta.<br />
Muitos protestos se têm levantado<br />
a falta <strong>de</strong> perzeverança <strong>de</strong> coerência-,<br />
<strong>de</strong> brio, o que tudo se pô<strong>de</strong> <strong>de</strong>zignar<br />
com a expressão—falta <strong>de</strong><br />
memoria — tem feito, porem, que<br />
eles passem <strong>de</strong>pressa, sem efeito,<br />
improfícuos, estereis.<br />
Mas, como ainda na ipóteze<br />
mais <strong>de</strong>sfavorabel, algumas excéçóis<br />
po<strong>de</strong>mos todavia resalvar, aos<br />
que pròventura ainda têm memoria<br />
e consciência e dignida<strong>de</strong>, nos<br />
dirijimos,lembrando-lhes o compromisso<br />
soléne e publico que sobre si<br />
tomárão.<br />
Vão realizar-se brevemente as<br />
eleiçõis jerate. São aprezentados os<br />
mesmos candidatos monárquicos,<br />
isto é reprezentantes <strong>de</strong> todos aquêles<br />
partidos cuja obra governativa<br />
foi justa e cruélmente dissecada em<br />
todos os comícios, maniféstos e representaçóis:<br />
serão aprezentados<br />
também 'candidatos republicanos,<br />
isto é, reprezentantes dum partido<br />
que, sem as responsabilida<strong>de</strong>s ignominiózas<br />
<strong>de</strong> qualquer dos bandos<br />
do existente, têm sempre estado<br />
ao lado do pais, <strong>de</strong>ien<strong>de</strong>ndo-o contra<br />
todós. os vexamçs e extorsõis.<br />
Entre esses candidátos do acordo<br />
monárquico, prontos a sancionar<br />
todos os vilêzas do govêrno, e<br />
os candidatos do partido republicano,<br />
os únicos aptos para uma campanha<br />
<strong>de</strong> saneamento, têm os que<br />
ainda não perdêrão a memoria, <strong>de</strong><br />
escolher,<br />
Essa escolha tem lójicamente <strong>de</strong><br />
recair nos candidatos republicanos.<br />
Ou então nós temos <strong>de</strong> assentar que<br />
todos esse protestos e todos esses<br />
ruidos fôrão uma mizeravel comédia.<br />
AGRADECIMENTO<br />
Os proprietários do Comércio do POKlo,<br />
reconhecendo a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
agra<strong>de</strong>cer direta e pessoalmente a todos<br />
os seus colegas da imprensa, ás corporaçôis<br />
e pessoas que ms cumprimentárão<br />
por motivo do qninquajenario da fundação<br />
do Comércio do Porto, servem-se d'este<br />
meio para tributar publicamente a todos<br />
o mais profundo reconhecimento.<br />
Porto, 4 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1904.<br />
Ijsfersra© Shislre<br />
Francisco Carqueja<br />
Bento Carqueja.<br />
Continua a experimentar melhoras<br />
o sr. Con<strong>de</strong> da Covilhã, que se<br />
encontra ospedado no otel BragançU,<br />
on<strong>de</strong> foi acometido da doença<br />
que o retem nesta cida<strong>de</strong>. Seus<br />
filhos srs. Con<strong>de</strong> do Refujio, Alexandre<br />
e Candido Calheiros viérão<br />
vizitar seu pai, em companhia do<br />
sr. dr. Alberto Rato.<br />
Estimamos as melhoras do ilustre<br />
infermo.<br />
0 rendimento do imposto do real dágua<br />
do concelho <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, no mês <strong>de</strong><br />
maio foi <strong>de</strong> 782$778 reis, menos reis,<br />
2.90766, do que ren<strong>de</strong>u no mesmo mêz do<br />
ãno passado.<br />
Mauzoléu <strong>de</strong> ÁIYCS Correia<br />
Do Debate:<br />
A Patria — suprimida pelo atual govêrno—a<br />
que suce<strong>de</strong>u o Mando, abriu<br />
urna subscrição para ser levantado um<br />
monumento a Alves Corrêa, o intrépido<br />
, ornalista republicano que sempre com-<br />
)ateu Com tenacida<strong>de</strong>, correndo os maiores<br />
perigos e suportando os maiores<br />
sacrifícios, pela cauza republicana.<br />
A piedóza iniciativa dos seus amigos,<br />
entre os xquais, dos mais <strong>de</strong>dicados<br />
foi, por certo, França Borjes, não foi<br />
improfícua.<br />
Brevemente <strong>de</strong>ve estar concluído o<br />
monumento cujo <strong>de</strong>zenho—segundo se<br />
rezolven em assembleia dos subscritores<br />
—é <strong>de</strong> Antonio Augusto Gonçalves a<br />
quem pô<strong>de</strong> eli imar-se, com justiça, um<br />
gran<strong>de</strong> artista.<br />
Da fátura tio mauzoleu se encarregou<br />
o nosso correlijionário Cazimiro Ji.zé<br />
Sabidoque.com um raro <strong>de</strong>sprendimento,<br />
se <strong>de</strong>zempénha da tarefa em condiçõis<br />
não vulgares. O mauzoléu valerá mi ito<br />
mais do que, a importância da subscrição,<br />
acrescida dos respétivos juros.<br />
Depen<strong>de</strong>, pois, apenas, da concluzão<br />
do mauzoléu, a trasladação dos ré-tos<br />
mdrtais <strong>de</strong> Alves Corrêa, ôje <strong>de</strong>pozitádos<br />
no jazigo d'um seu amigo provado e<br />
correlijionário <strong>de</strong>dicadíssimo, o sr. Magalhãis<br />
Ba^to.<br />
Justo é que. no dia em que se inau<br />
gure o monumento, prestem omenajem<br />
á memoria tio intemerato jornalista<br />
républicano e' mais ima vès louvem os<br />
que soubèrão ourar essa memoria.<br />
Grupo do Livre Pensamento<br />
Goníereaoia inaagaral<br />
No proximo sabado, 11, pelas 8<br />
e meia da noite, terá logar a inauguração<br />
d'este grupo, com uma<br />
conferencia do ilustre jornalista <strong>de</strong><br />
Lisboa, Eliodoro Salgado, que para<br />
isso virá expréssámente a esta ci<br />
da<strong>de</strong>.<br />
O tema da conferencia é—o livre<br />
pensamento—e o local da reunião<br />
o Centro Eleitoral Republicano, no<br />
largo da Freiria.<br />
A entrada é franca.<br />
O sr. Eliodóro Salgado é um<br />
dos vultos mais conhecidos do par<br />
tido republicano pela sua intranzijencia<br />
e pela <strong>de</strong>dicação partidária<br />
<strong>de</strong> todos os momentos.<br />
Como propagandista o sr. Eliodoro<br />
Salgado é dos primeiros, falando<br />
sempre com elevação e raros<br />
conhecimentos dos assuntos que<br />
tráta.<br />
Curso dísiriílico <strong>de</strong> 4§S5§ e Sfrií<br />
Não publicamos ôje uma noticia<br />
sobre as festas promovidas por este<br />
Curso, por que adoeceu inesperadamente<br />
osr. Dr. Teixeira <strong>de</strong> Carvalho.<br />
Por este motivo pedimos <strong>de</strong>sculpa<br />
<strong>de</strong> qualqur erro <strong>de</strong> revizão.<br />
Cla»c© IPoríHeuse<br />
Este circo continua bastante animado<br />
dando espetáeulos, como já aqui noticiamos,<br />
todas as noites ás 9 óras.<br />
Na passada terça-feira apareceu em<br />
publico, pela primeira vès, o Cão Touro<br />
domesticado pelo clonw Martini.<br />
Consta-nos que é no proximo domingo<br />
1 2, que