902-911 - Universidade de Coimbra
902-911 - Universidade de Coimbra
902-911 - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
solo pareça abrir-se para <strong>de</strong>ixar "erguerse<br />
a <strong>de</strong>sejada e bemdita seara, não nos<br />
revoltemos, não lancemos sobre ele a<br />
nossa maldição indignada, não o abandonemos<br />
ao ataque das ervajens parasitas.<br />
Não. Esperemos. Continuemos a atáolental-o<br />
com o suor do nosso esforço<br />
perseverante, crendo sempre que um<br />
dia ele será á terra fecunda e imensa<br />
on<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> bracejar,<br />
sob bênçãos <strong>de</strong> luz creadora, na plena<br />
força do seu triunfo formidável.<br />
Sejamos omens ! Sejamos omens !<br />
Parece estar resolvido, <strong>de</strong>finitivamente,<br />
que o sr. Croneau do<br />
Arsenal da Marinha, abala para<br />
França.<br />
Ora é sabido que o ilústre enjenheiró<br />
se abonava com protéções<br />
<strong>de</strong> alta valia; e como no nosso país,<br />
extranjeirinho que <strong>de</strong> tal se gabe,<br />
só transpõe fronteira mediante abundoza<br />
in<strong>de</strong>mnisação, — vi<strong>de</strong> trombones<br />
e tenores vários — sempre <strong>de</strong>sejaríamos<br />
saber quanto custa a<br />
retirada do sr. Croneau. . .<br />
Estiveram nesta cida<strong>de</strong> os nossos<br />
prestimozos correlijionarios srs. dr,_ Florido<br />
Toscano, <strong>de</strong> Vila Nova <strong>de</strong> Gaia e<br />
Manuel Antonio das Neves, <strong>de</strong> Santarém.<br />
Também esteve nesta cida<strong>de</strong> o nosso<br />
prezado assignante sr. João Alçada Mouzaco,<br />
da Covilhã.<br />
Enlace<br />
0 sr. Viscon<strong>de</strong> da Marinha Gran<strong>de</strong><br />
pediu em casamento para seu filho sr.<br />
Enrique <strong>de</strong> Barros, a sr. a D. Maria<br />
Cristina Arriaga, filha do nosso venerando<br />
correlijionario sr. dr. Manuel d'Arriaga.<br />
Tem experimentado algumas melhoras<br />
o sr. dr. Luís Pereira da Costa, exgovernador<br />
civil d'este distrito.<br />
Vae ser lançado a publico, pela co-<br />
' missão administrativa da Associação Académica,<br />
um largo manifesto encarecendo<br />
as vantagens da associação e apelando<br />
para a aca<strong>de</strong>mia afim <strong>de</strong> que preste todo<br />
o seu concurso para o seu levantamento.<br />
Joaquim António dl'Aguiar<br />
Passou no dia 26 o aniversário<br />
da morte <strong>de</strong>ste estadista liberal que<br />
refrendou o <strong>de</strong>creto que abolia as<br />
or<strong>de</strong>ns relijiózas em Portugal.<br />
Mais <strong>de</strong> uma vês, em <strong>Coimbra</strong>,<br />
se comemorou esta data, tomando<br />
parte nessa comemoração a Associação<br />
Liberal e outras que mantinham<br />
um culto sagrado pela liberda<strong>de</strong>.<br />
Este ano passou indiferente; e<br />
para que festejar aquela data, se a<br />
liberda<strong>de</strong> e os <strong>de</strong>cretos contra as<br />
or<strong>de</strong>ns relijiózas já não existem ?<br />
Comercio do Porto<br />
Comemora no dia I e 2 <strong>de</strong> junho<br />
proximo, as suas bodas d'oiro, o nosso<br />
presa do colega portuense « O Comercio<br />
do Porto, » realisando-se nesse dia<br />
gran<strong>de</strong>s festejos em sua onra.<br />
0 programa dos festejos é o seguinte:<br />
No dia 1 <strong>de</strong> junho, pelo meio dia —<br />
Na Sé Catedral, a ceremonia relijiosa,<br />
celebrada pelo Ex. mo prelado da diocese,<br />
em congratulação pelo aniversario que<br />
passa e em sufrajio pelos batalhadores<br />
do jornal, que <strong>de</strong>sapareceram no tumulo.<br />
No mesmo dia pelas 3 horas da tar<strong>de</strong>—Nas<br />
salas da redação do Comercio<br />
do Porto, a distribuição dos prémios conferidos<br />
aos concorrentes aos concursos<br />
literário e <strong>de</strong> antiguida<strong>de</strong>, que este jornal<br />
abriu.<br />
No dia 2 <strong>de</strong> junho, pela '1 hora da<br />
tar<strong>de</strong>—No Monte das Antas, a inauguração<br />
solemne do primeiro núcleo do Bairro<br />
Operário do Bomfim—o terceiro dos<br />
bairros operários fundados no Porto, por<br />
•ntciativa do Comercio do Porto.<br />
RE2EISTEWC1A — Oninta-feira, «le Maio «le S»OÍ<br />
^Palavras <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida<br />
Julgo que a minha constante abstenção,<br />
em cinco anos, <strong>de</strong> tudo que se referisse<br />
a estudantes e a Aca<strong>de</strong>mia, me<br />
confere uma excepcional e previlijiada<br />
situação <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong>, sempre que<br />
queira falar <strong>de</strong>les. E é néssa certeza que<br />
pela primeira vês o faço<br />
E para mim, que não concorri para<br />
recitas <strong>de</strong> quintanistas, que não chorei<br />
compunjidamente na óra fatal da Balada,<br />
que não me embebe<strong>de</strong>i com tristeza e<br />
vinho, na classica noite <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida aos<br />
salgueiros do Mon<strong>de</strong>go, para mim, serão<br />
as imperfeitas, as poucas palavras d'este<br />
artigo o meu a<strong>de</strong>us a <strong>Coimbra</strong>. E penso<br />
que ellas significarão mais sauda<strong>de</strong>, mais<br />
amor á doce e amorosa paizajem, e até<br />
mais respeito pela tradição — do que<br />
essa pública noite <strong>de</strong> pan<strong>de</strong>ga rija, em<br />
que se dá o abraço final entre as expontâneas<br />
ternuras, que o Champagne da<br />
Vinícola provoca em larga escála.<br />
Assim seja 1<br />
Não vale a pena repetir aqui que<br />
muita e muita da jente que uza capa e<br />
batina é covar<strong>de</strong>, imbecil, sem dignida<strong>de</strong>,<br />
sem corajem, sem audacia. Todos o sabem.<br />
E não é para ela que estou a escrever,<br />
porque <strong>de</strong>certo per<strong>de</strong>ria o meu<br />
tempo. Mas para a meia dúzia <strong>de</strong> onestos<br />
e <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes — ou que o preten<strong>de</strong>m<br />
ser -que ficão ainda em <strong>Coimbra</strong>.<br />
Nas mãos d'esses está a força capás<br />
<strong>de</strong> melhorar o meio -assim eles tenhao<br />
a enerjia, a corajem preciza para dominar<br />
os outros. Dominá-los com orientação<br />
e com razão-pois o que falta á maioria,<br />
facilmente impressionavel, — irijénua e<br />
sincera, afinal <strong>de</strong> contas—-é quem a leve<br />
para o bom caminho. Por isso eu venho<br />
aqui falar aos que talvês tenhão envergadura<br />
para a dirijir.<br />
Mas que as minhas observaçõis não<br />
vão parecer conselhos pedantes; quereria<br />
que élas caíssem nas consciências <strong>de</strong>spretenciozamenle—<br />
e tão naturalmente<br />
como cáem das arvores os frutos muito<br />
maduros, pelas serenas tar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outon o,<br />
luminozas e discretas.<br />
O que falta em <strong>Coimbra</strong> é entuziásmo,<br />
dignida<strong>de</strong>, e a convicção arreigada e segura<br />
<strong>de</strong> que a mocida<strong>de</strong> portuguêza <strong>de</strong>ve<br />
educar-se a si própria.<br />
Entuziásmo — não á, porque todo o<br />
caloiro vem para aqui com a mira no<br />
emprego publico. E' o que lhe ensinárão<br />
os páis. E veja-se a sabujice, o carinho,<br />
o olho esbogalhado que á sempre em<br />
volta do filho do Sr. Ministro cfEstado<br />
ou do Sr. Titular Influente. Decerto não<br />
me quérem persuadir—não é verda<strong>de</strong>?—<br />
<strong>de</strong> que os barulhos dos últimos dois<br />
anos, em que a valente Aca<strong>de</strong>mia se<br />
meteu, tivérão outro fim que não fosse<br />
arranjar umas feriazinhas inesperadas...<br />
Educação — ainda menos á. Não lh'a<br />
dando aquêles que lh'a <strong>de</strong>vião dar, não<br />
tendo nobres e alevantados exemplos a<br />
seguir, o estudante encontra-se <strong>de</strong>zamparado<br />
num meio dissolvente e estéril,<br />
em que é necessariamente conduzido á<br />
batota e ao vinho. Isto mesmo disse Alberto<br />
Pinheiro, á cinco anos, no Correio<br />
da Noite. •<br />
E' precizo vir para aqui disposto a<br />
lutar contra todas as más influencias —<br />
<strong>de</strong> professores e condiscípulos — influencias<br />
<strong>de</strong>primentes para o carater, para a<br />
intelijencia, para a livre expansão do<br />
pensamento. Só com o proprio esforço<br />
<strong>de</strong>ve contar o estudante português, e<br />
principalmente o da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>, para<br />
se fazer ornem- — consciente, onesto e<br />
forte.<br />
Emquanto á dignida<strong>de</strong> —basta dizer<br />
que o ano passado, quando foi das reuniõis<br />
académicas por cauza do novo regulamento<br />
das faltas, alguém <strong>de</strong> muita<br />
e reconhecida autorida<strong>de</strong>, lembrou a dois<br />
rapazes que propuzessem numa assembleia<br />
jeral o pedido <strong>de</strong> cursos livres ao<br />
governo, em logar duma modificação<br />
qualquer no regulamento. Assim, todos<br />
se compromelerião a aceitar, na maxima<br />
liberda<strong>de</strong>, a maxima responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Ficárão furiozos, os dois, sintetizando<br />
vigorozamente a opinião <strong>de</strong> todos: «que<br />
a vida não está para massadas! que tinhão<br />
<strong>de</strong>pois muito que fazer! que já não<br />
avia o <strong>de</strong>scanso do ponto <strong>de</strong>corado com<br />
vagar!» etc, etc...<br />
Ora, á em <strong>Coimbra</strong>* um grupo <strong>de</strong><br />
inteletuais — grupo mesclado e <strong>de</strong> tendências<br />
varias, mas que é unizono em<br />
<strong>de</strong>clarar que isto ê tudo uma tropa, que<br />
não vale a pena trabalhar peles outros,<br />
que não se consegue nada que seja bom<br />
ou justo na estupidês ambiente. Assim é.<br />
E assim pensei eu também — do que não<br />
me arrependo, porque nunca me arrependo<br />
do que não tem remedio; mas<br />
muito gostaria agora <strong>de</strong> convencer os<br />
que ficão <strong>de</strong> que fis mal e <strong>de</strong> que me<br />
n'este teatro tem resoado, e a incondi-<br />
custa olhar para trás sem ver, nos cinco TEATRO cional admiração d'este publico.<br />
anos que passarão, um <strong>de</strong>zejo <strong>de</strong> ação<br />
(por <strong>de</strong>svalioza, por ineficás que fosse) 'ADELINA ABRANCHES Restanos dizer da Fédora na ultima<br />
noite.<br />
em toda a minha vida <strong>de</strong> estudante. Mea<br />
culpa I<br />
IA ilustre atris A<strong>de</strong>lina Abranches, Má peça, trabalho fraco <strong>de</strong> Lucília e<br />
que acaba <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>ixar, foi recebida regular <strong>de</strong> Brazão. Cáza ás moscas, e<br />
Mas quero ao menos que n meu erro<br />
em <strong>Coimbra</strong> com excecionais manifesta- maçada no restrito auditório.<br />
sirva para alguma coisa; quero que esse<br />
çõis <strong>de</strong> agrado, bem po<strong>de</strong>ndo dizer-se<br />
grupo que se julga superior aos outros,<br />
que nunca o nosso publico <strong>de</strong>monstrou João Rosa, no papel <strong>de</strong> Custodia, da<br />
—e em que só um ou dois rapazes teem<br />
a algum artista <strong>de</strong> teatro a sua admi- Sevéra, foi merecida e justamente muito<br />
tentado impôr as .mas i<strong>de</strong>ias á multidão,<br />
ração, a sua estima e o seu entuziásmo, aplaudido.<br />
<strong>de</strong>zanimando logo, — quero que esse grupo<br />
por uma forma tão brilhante e unanime.<br />
entenda quanto é inútil a sua tarefa <strong>de</strong><br />
malidicencia, e como é incoerente dizer<br />
Na primeira noite, a seguir ao Adver- Tanto no hotel, como no seu camarim,<br />
mal dum meio que êles — os superiores I<br />
sário, a que o publico assistiu com certa A<strong>de</strong>lina Abranches foi cumprimentada e<br />
frieza, apezar do belo trabalho <strong>de</strong> Bra- felicitada por um sem numero <strong>de</strong> pessoas,<br />
— ajúdão largamente a corromper.<br />
zão no encantador dialogo <strong>de</strong> toda a peça quasi excluzivamente académicos.<br />
Disto não me acuzo eu—porque nunca<br />
surjiu em scena a gran<strong>de</strong> atris para re-<br />
disse a ninguém o que não pensasse,<br />
prezentar a Anedota, <strong>de</strong> Marcelino. Ao Na primeira noite, em que A<strong>de</strong>lina<br />
nunca neguei, por trás das costas dum<br />
seu aparecimento foi vibrantemente sau- reprezentou a Anedota, foi profusamen-<br />
camarada, o que frente a frente afirmára;<br />
dada por uma salva <strong>de</strong> palmas prolon te distribuido no teatro um numero úni-<br />
nem nunca tive da Arte a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />
gadissima, que obrigou A<strong>de</strong>lina a <strong>de</strong>scer co, em luxuoza edição, consagrado á<br />
éla é uma coiza boa para discussõis <strong>de</strong><br />
repetidas vêzes á ribalta, sendo-lhe já gran<strong>de</strong> atriz, e colaborado pelos distin-<br />
café. Acuzo-me somente <strong>de</strong> não ter lu-<br />
nessa ocazião lançados alguns ramos <strong>de</strong> tos aca<strong>de</strong>mieos, alguns bem conhecidos<br />
tado. E' precizo combater sempre, lutar<br />
rozas. A extraordinaria artista foi admi- no mundo d is letras: Annibal Soares,<br />
sempre. Aos vinte anos nunca á motivos<br />
ravel no <strong>de</strong>zempenho d'esse pequeno ato, Mauuel <strong>de</strong> Sousa Pinto, Gomes da Silva,<br />
para <strong>de</strong>zesperar. E não fica bem evocar<br />
em que tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do talento do inter- Antonio Maria Pereira Júnior, Manuel<br />
tão liricamente a paizajem <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
prete.<br />
Monteiro, Carlos Amaro, Mário <strong>de</strong> Vas-<br />
e não se importar que éla seja apenas<br />
um cenário bom em que reprezenta uma<br />
Não houve minúcia, o mais insigniconcelos,<br />
Alvaro <strong>de</strong> Castro, Carlos Olavo<br />
companhia reles.<br />
ficante <strong>de</strong>talhe que escapasse á sua finís-<br />
Carlos <strong>de</strong> Mendonça, Alberto Costa (Padsima<br />
observação, para nos dar, cheio <strong>de</strong><br />
Zé) e Campos Lima.<br />
E'precizo onrá-la — fazendo-a amar<br />
naturalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, Era illustrado com um <strong>de</strong>senho—ca-<br />
pela beléza que éla <strong>de</strong>ixa nos coraçõis.<br />
esse garoto que á viva força quer entrar ricatura <strong>de</strong> A<strong>de</strong>lina, a quem foi olíereci-<br />
Passamos aqui a mocida<strong>de</strong>—como dizem<br />
para o teatro, e improvisa, á pressa, do um exemplar especial, em papel do Ja-<br />
as baladas — e da mocida<strong>de</strong> não fica um<br />
uma trajedia que enternece o impiedozo pão, assinado pelos autores.<br />
rasto luminozo, a memoria dum entu-<br />
emprezário.<br />
A todos os artistas do teatro D. Améziásmo<br />
sincéro. E' triste. E os únicos<br />
Foi grandioza, imponente, a manilia foi egualmente oferecido um exemplar<br />
culpados são aquêles que, julgando-se<br />
festação final.<br />
bem como ao Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> S. Luiz <strong>de</strong><br />
superiores, nada fazem para isso. Des<strong>de</strong><br />
que partiu d'aqui o grito violento e livre<br />
A<strong>de</strong>lina, obrigada a permanecer em<br />
Braga.<br />
da Escola <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> — tudo emu<strong>de</strong>ceu,<br />
cêna mais <strong>de</strong> uni quarto d'óra, era acla-<br />
para todo o sempre.<br />
mada entuziásticamente, n'um <strong>de</strong>lírio, ao A ilústre atris A<strong>de</strong>lina Abran-<br />
passo que <strong>de</strong> todos os lados choviam<br />
Não pensem os literatos académicos<br />
ches, antes <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>,<br />
sobre ela, juncando o palco, braçados<br />
— reclames vivos aos cafés da Baixa —<br />
<strong>de</strong> flores, linoissimos ramos, e <strong>de</strong>zê- enviou ao nosso amigo sr. Anibal<br />
que, por terem estudado na <strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
nas <strong>de</strong> capas dos estudantes, no meio Soares a seguinte cárta.<br />
Antéro, João <strong>de</strong> Deus, Teófilo Braga e<br />
<strong>de</strong> salvas <strong>de</strong> palmas estrondózas, e vivas<br />
tantos outros, isto <strong>de</strong> escrever se bebe<br />
freneticos ao seu nome gloriosíssimo.<br />
« <strong>Coimbra</strong>, 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1904.<br />
no ar do Penedo da Sauda<strong>de</strong> ou na agua<br />
Ela agra<strong>de</strong>cia, sorrindo, comovida,<br />
da Lapa dos Esteios. E' precizo trabalhar,<br />
Ill.<br />
essa vibrantíssima ovação, como <strong>de</strong>gual<br />
e amar, mais do que a própria vaida<strong>de</strong>,<br />
não á memoria <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os saudózos tempos<br />
a sua Arte — sem se fiar em elojios <strong>de</strong><br />
do teátro académico.<br />
companheiros das noitadas, nem nas palavras<br />
amaveis <strong>de</strong> jornais. E amar a sua<br />
Ao fim, como a gran<strong>de</strong> atris fôsse<br />
Arte — não é somente fazer apoteózes ao<br />
esperada no átrio do teátro por uma<br />
sr. Julio Dantas e coroa-lo pagãmente <strong>de</strong><br />
enorme massa <strong>de</strong> estudantes, saiu por<br />
flores — o que, se lhe dava o ar dum<br />
outra porta, acompanhada até ao ótel por<br />
Baco anémico e <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte, não podia<br />
um grupo <strong>de</strong> amigos e admiradores.<br />
senão entristecê-lo pela nenhuma autori-<br />
Em a noite seguinte, representação<br />
da<strong>de</strong> das pessoas que lhe fizérão a mani-<br />
do Amlet, a tal classica corôa <strong>de</strong> glória<br />
festação. Amar a Arte — é viver por éla<br />
do Brazão, que passaremos em claro.<br />
com todas as forças do espirito, com todo<br />
Dizêr mal é sempre dolorozo.<br />
o entuziásmo, com todas as crenças, e<br />
A trajédia <strong>de</strong> Shakspeare apenas serve<br />
ter por êla uma adoração diversa do que<br />
a Brazão, que ali anda, pela cena, sem-<br />
seja o amor aos colarinhos altos e aos<br />
pre <strong>de</strong> olhar parado, a modos <strong>de</strong> quem<br />
cigarros extranjeiros.<br />
não percebe nada d'aquilo, para cabalmente<br />
nos certificar da robustês dns seus<br />
Amem-na os moços Artistas como pulmõis e solidas articulaçõis <strong>de</strong> braços,<br />
<strong>de</strong>vem, e amem os outros a Vida, quei- Quanto a Boza Damasceno, com franrão-na<br />
digr.a e sincera e nobre, sem queza, o cazo rezulta simplesmente em<br />
tranzijencias nem mentiras. Gastem a <strong>de</strong>scaramento.<br />
sua enerjia numa áção persistente e se-<br />
E' ser injenua <strong>de</strong> mais.<br />
ria, que, por isso mesmo, será fecunda.<br />
Sueira a ilustre senhora abolir da<br />
Nada tão simples, nada tão claro como<br />
sua corôa <strong>de</strong> glorias esse <strong>de</strong>smantelado<br />
consegui-lo. E ser-lhes-á <strong>de</strong>pois uma glo-<br />
florão, ou annunciar-se nos programas<br />
rioza lembrança pensar que <strong>de</strong>ixárão em<br />
uma carinhoza avó da ofélia.<br />
<strong>Coimbra</strong> mais alegria e mais consciência<br />
A seguir, apparece nos novamente<br />
do que tinhão encontrado. Mais alegria,<br />
A<strong>de</strong>lina na Severa, do sr. Julio Dantas.<br />
mais consciência, mais entuziásmo; e<br />
também mais largo e livre movimento — De toda aquela farrapajem dramatica,<br />
e não apenas esse <strong>de</strong> curvar a espinha, é tão gran<strong>de</strong> o seu talento, que ela con-<br />
muito uzado, e que é, segundo dizem, o segue fazêr imenso.<br />
melhor para <strong>de</strong>zenvolver os músculos do Noite mais agitada que a primeira,<br />
estomago.<br />
d'aplauzos entuziasticos a A<strong>de</strong>lina, e <strong>de</strong><br />
pateada ao auctor, que á sombra d'uma<br />
Maio, 190i.<br />
gran<strong>de</strong> atriz, perante quem todos se curvam,<br />
quiz fazer colheita <strong>de</strong> loiros, com<br />
João <strong>de</strong> Barros. que entrásse gloriosamente em Lisboa.<br />
Enganou-se, porem. Ouve muito<br />
quem aplaudise, alguns por motivos bem<br />
curiosos e pitorescos, mas justiça foi<br />
Uma comissão da meza da ir- feita, como cumpria.<br />
manda<strong>de</strong> da Rainha Santa solicitou O sr. Dantas chegou a ser erguido<br />
dos srs. bispo con<strong>de</strong> e governador em braços, embrulhado n'uma meia dú-<br />
civil a sua cooperação valiosa para zia <strong>de</strong> admiradores (1). que tentaram me-<br />
os luzidos festejos que tenciona levar<br />
ter-lhe nas mãos ramos <strong>de</strong> flores, momentos<br />
antes oferecidos a A<strong>de</strong>lina, e que<br />
a efeito nos dias. 7 a 10 <strong>de</strong> julho. a gran<strong>de</strong> atriz colocara a um dos lados<br />
A corporação dos bombeiros da cêna. Mas a pateada era bem sono-<br />
voluntários tenciona abrilhantar ra.<br />
estas festas, com urrigran<strong>de</strong> festival, Apezar <strong>de</strong> todas estas escabrosida<strong>de</strong>s,<br />
em que haverá números diversos A<strong>de</strong>lina teve outra noite <strong>de</strong> ruidoso e incontestável<br />
triumfo.<br />
e atraentes.<br />
Como na primeira, foi coberta <strong>de</strong> ílôres<br />
e capas; como na primeira o seu nome<br />
foi gritido e aclamado por todas as<br />
bôcas.<br />
O oficial do exercito sr. Alfredo Leão<br />
A gloriosa Artista atravesou o átrio<br />
Pimentel publicou recentemente o Ma-<br />
do teatro, em meio <strong>de</strong> salvas <strong>de</strong> palmas,<br />
nual do Colono, construções, Estudo da<br />
pizando as capas dos estudantes, que lhe<br />
rejião, etc., etc., livro interesante e util<br />
eram arejadas aos pés, sendo acompanha-<br />
para todos que não servir no ultramar.<br />
da <strong>de</strong>pois por enorme multidão <strong>de</strong> académicos,<br />
que a vitoriavam durante todo o<br />
trajeto redobrando o entuziasmo á porta<br />
Finou-se no dia 26 a sr. D. Terêza do otel, cuja escada, coberta <strong>de</strong> capas,<br />
Carolina Pinto mãi do sr. Alfredo Maria ella subiu no meio d'um entusiasmo in-<br />
Pinto e sogra do sr. João Sarmento. <strong>de</strong>scritível.<br />
A finada era senhora <strong>de</strong> muitas vir- A sublime Artista, a primeira atriz<br />
tu<strong>de</strong>s e viuva do já falecido Abel Pinto portuguêza <strong>de</strong> hoje, pou<strong>de</strong> partir <strong>de</strong><br />
da Abrunheira.<br />
<strong>Coimbra</strong>, na convicção, <strong>de</strong> que triumfára<br />
A's famílias enlutadas, e especialmente absolutamente, conquistando pelo legiti-<br />
ao sr. João Sarmento e Alfrêdo Pinto, os mo direito do seu primacial talento, os<br />
nossos pezames.<br />
mais unanimes e calorosos aplausos que<br />
m0 e hxr Sr.<br />
Não encontro palavras que<br />
sejão bem a expressão do meu<br />
agra<strong>de</strong>cimento a V. Ex." e aos<br />
seus companheiros, pelas enternecedôras<br />
e inolvidáveis provas <strong>de</strong><br />
simpatia <strong>de</strong> que jenerosãmente fizérão<br />
alvo a minha umil<strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>.<br />
Entre as amarguras<br />
do passado e as que porventura<br />
meespérão no futuro, á-<strong>de</strong> lembrai -<br />
me sempre, compensando-as em<br />
gran<strong>de</strong> parte e servi?ido-me <strong>de</strong><br />
estimulo para o trabalho, o acolhimento<br />
calorôzo e amoravel dos<br />
estudantes <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>. Obrigada<br />
<strong>de</strong> todo o coração. — A<strong>de</strong>lina<br />
Abranches. »<br />
GONOL PAIVA<br />
Novida<strong>de</strong> farmacêutica —registado<br />
E' sem duvida o medicamento mais<br />
eficás no tratamento das purgaçõis agúdas<br />
e crónicas, sanguíneas ou purulentas.<br />
Cura rapida e radical, não dando<br />
orijem a qualquer encomodo do estomago.<br />
A' venda na farmácia e drogaria,<br />
Rodrigues da Silva, — <strong>Coimbra</strong>.<br />
Preço do frasco, 700 reis.<br />
Festas «la EiaiasSia Sa.5ia<br />
Continuam com ativida<strong>de</strong> os preparativos<br />
para as festas da Rainha Santa<br />
prometendo este ano ser brilhantes.<br />
A meza da Real Confraria está confecionando<br />
o programa oficial que breve<br />
será dado a publico, apresentando alguns<br />
números novos.<br />
0 fogo preso que se á-<strong>de</strong> queimar na<br />
ocasião, parece que será dado a um pirotécnico<br />
<strong>de</strong> Viana do Castelo.<br />
A' i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> iluminar á moda do Minho<br />
a Avenida Navarro, que seria <strong>de</strong> um<br />
efeito <strong>de</strong>slumbrante quando bem ezecutado.<br />
Na rua do Viscon<strong>de</strong> da Luz. constituiu-se<br />
a comissão, que ficou assim composta:<br />
Miguel José da Costa Braga, José<br />
Gomes da Cunha, Julio Machado Feliciano,<br />
Manuel Joaquim Vilaça, João Men<strong>de</strong>s,<br />
José Francisco, Manuel José Dantas Guimarães,<br />
Manuel Ferreira Mateus e Correia<br />
dc Borjes,<br />
Vai ser posto a concurso o logar <strong>de</strong><br />
amanuense da secretaria da camara <strong>de</strong><br />
<strong>Coimbra</strong> ;om o vencimento <strong>de</strong> 160#0QQ<br />
reis.