902-911 - Universidade de Coimbra
902-911 - Universidade de Coimbra
902-911 - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
3<br />
A obra do sr. Julio Dantas<br />
ii<br />
Na esteira dos principios espostos no<br />
numero antece<strong>de</strong>nte, vamos ver como a<br />
peça do sr. Julio Dantas não é nem po<strong>de</strong><br />
ser consi<strong>de</strong>rada uma boa obra <strong>de</strong> teatro.<br />
Sendo, manifestamente, o intuito do autor<br />
cerzir historias, umas <strong>de</strong>scritas em<br />
folhetins, outras recolhidas da tradição<br />
oral, a respeito <strong>de</strong> dois dos personagens<br />
da peça; adubando tudo com um mau<br />
calão; e <strong>de</strong>ixar entrever, aqui e ali,<br />
uma in<strong>de</strong>cenciasita, não po<strong>de</strong> ter-se outra<br />
i<strong>de</strong>ia senão que o sr. J. Dantas procurou<br />
agradar ao publico, lisonjeando o<br />
seu gosto <strong>de</strong>pravado.<br />
O fado, <strong>de</strong> vez em quando, a quebrar<br />
a monotomia <strong>de</strong> Indo aquilo, e<br />
mãos cheias <strong>de</strong> dinheiro a dar brilho á<br />
festa constituem os maiores atrativos da<br />
peça.<br />
Visando somente a puchar a atenção<br />
do espetador, pelo escabrozo das cenas<br />
e pela ru<strong>de</strong>za da frase, construída em<br />
calão, é até mal feita tecnicamente.<br />
E' d'uma carpinteiragem rudimentar<br />
própria d'um principiante. Abusa do<br />
truc, da repetição da mesma frase para<br />
tirar valor <strong>de</strong> certas situações; e, como<br />
em todas as peças do sr. J. Dantas, ha<br />
um maniaco para expremer a sentimentalida<strong>de</strong><br />
do espetador. Emfim!<br />
A obra funda-se toda num principio<br />
<strong>de</strong> exploração.<br />
O publico gosta <strong>de</strong> fado? Gosta <strong>de</strong><br />
calão e touradas, faias e rameiras? Então<br />
é um instante, pensou o sr. J. Dantas,<br />
e fez esta linda coisa que se viu.<br />
Não quiz moralisar, educar, levantar o<br />
nivel ihteletual <strong>de</strong> tudo isto: serviu-se<br />
das condições que existiam para fazer<br />
mercantilismo.<br />
Patuou com a pouca vergonha para<br />
por ela ganhar. Não procurou bater o<br />
vicio, lutar contra a <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ncia; auxiliou-a<br />
para por ella viver.<br />
Só os fracos, os inermes, se <strong>de</strong>ixam<br />
ir na corrente que procura arrasta-los<br />
para uma triste queda.<br />
Os fortes lutam, agitam por cima <strong>de</strong><br />
tudo as suas convicções, evangelisam<br />
pela i<strong>de</strong>ia e levam pureza ás almas pela<br />
palavra: são os revoltados.<br />
E' ver esse gran<strong>de</strong> vulto nacional<br />
que se chama Gil Vicente verberando e<br />
zurzindo a malva<strong>de</strong>z e os prejuízos d'um<br />
TTTTTo lio l n lllli.' llrl!^ CII1 cozida<br />
uzada pele bom &il, porque nesse<br />
tempo não estavam ainda creadas estas<br />
estratificações <strong>de</strong> linguajem, ôje corres<br />
pon<strong>de</strong>nles a cada classe da socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
tal maneira que é um dos aspetos mais<br />
carateristicos d'elas e constituindo a sua<br />
fisionomia.<br />
E não se vá imajinar que este fato<br />
da linguajem não tem importancia como<br />
fator sugestivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradamento, pois<br />
está <strong>de</strong>monstrada a influencia enorme<br />
que exerce nos indivíduos esta adaptação<br />
moral a um calão nascido e frutificado<br />
num meio cheio <strong>de</strong> vicios e <strong>de</strong> tôrpe<br />
existencia. E' mais <strong>de</strong> meio caminho<br />
andado para o <strong>de</strong>scalabro final a incrustação<br />
no cerebro d'alguem, essa linguajem<br />
quasi sempre pitoresca e muitas<br />
vezes naturalista com que os da vida<br />
imunda se fazem enten<strong>de</strong>r.<br />
A espressão, a forma <strong>de</strong> traduzir<br />
pelo pensamento um certo numero <strong>de</strong><br />
fatos, torna-se natural e o espirito aceita-a.<br />
Mais tar<strong>de</strong> a pratica do facto, abituado<br />
como está o espirito á sua reprezentação,<br />
faz-se sem repugnancia e sem<br />
nojo.<br />
Fica-se preparado a praticar atos qne,<br />
sem este treno, inspirariam mais furte<br />
repugnancia.<br />
E' olhando, por este ponto <strong>de</strong> vista,<br />
que eu reprovo mais uma vez a peça do<br />
sr. J. Dantas.<br />
Alvaro <strong>de</strong> Castro.<br />
<strong>Universida<strong>de</strong></strong><br />
Reuniu ontem o conselho da faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> teolojia, que distribuiu pelo seu<br />
corpo docente o serviço <strong>de</strong> exames e<br />
átos pela seguinte forma :<br />
1." ano — l. a ca<strong>de</strong>ira —Drs. Men<strong>de</strong>s<br />
dos Remedios, Alves da Ora e Araujo e<br />
Gama.<br />
1." ano - 2. a ca<strong>de</strong>ira — Drs. Araujo<br />
e Gama, Alves da Ora e Men<strong>de</strong>s dos<br />
Remedios.<br />
I o ano - Grego — Drs. Araujo e Gamn,<br />
Bernardo Madureira e Alves dos<br />
Santos.<br />
2.° ano — 3. a ca<strong>de</strong>ira — Drs. Porfírio<br />
da Silva, Araujo e Gama e Alves dos<br />
Santos.<br />
2." ano — Ebreu—Drs. Oliveira Guimarães,<br />
Porfírio da Silva e Men<strong>de</strong>s dos<br />
Remedios,<br />
REZISTENCIA<br />
2." ano (antigo rejimen) Drs. Porfírio<br />
da Silva, Avelino Calisto e Alves<br />
dos Santos.<br />
3." ano — Drs. Bernardo Madureira,<br />
Alves da,Ora e Alves dos Santos.<br />
4." avo - Drs. Luis Maria, Oliveira<br />
Guimarães e A. <strong>de</strong> Vasconcelos.<br />
5.° ano - Drs. Manuel <strong>de</strong> Jezus Lino,<br />
P;.iva Pita, A. <strong>de</strong> Vasconcelos e Oliveira<br />
Guimarães.<br />
Ética Cristã — Drs. A. <strong>de</strong> Vasconcelos,<br />
Alves da Ora e Alves dos Santos.<br />
Os jurys <strong>de</strong> átos na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina<br />
ficárão assim constituídos:<br />
1.° anno—l. a ca<strong>de</strong>ira—Drs. Bazilio<br />
Freire, Filomeno da Camara, Egas Monís.<br />
2. a ca<strong>de</strong>ira—Drs. Filomenoda Camara,<br />
Egas-Moniz.<br />
2.°âno—3. a ca<strong>de</strong>ira—Drs. Silva Basto,<br />
Campos <strong>de</strong> Carvalho, Antonio <strong>de</strong> Pádua.<br />
4. a ca<strong>de</strong>ira — Dr?. Raymundo Mota.<br />
Lucio Rocha, Angelo da Fonseca.<br />
5. a ca<strong>de</strong>ira—Drs. Costa Alemão, Raimundo<br />
Môta, Lopes Vieira.<br />
3.° âno - Drs. Luis Pereira, Lucio<br />
Rocha, Antonio <strong>de</strong> Pádua, Anjelo da Fonseca.<br />
4.° âno—Drs. Daniel <strong>de</strong> Má tos, Souza<br />
Refoios. Santos Viegas, Ilizio <strong>de</strong> Moura.<br />
5.°'âno (14. a e I5. a ca<strong>de</strong>iras)—Drs.<br />
Costa Alemão, Lopes Vieira, Sérras e<br />
Silva. Formaturas—Toda a faculda<strong>de</strong>.<br />
Concerto<br />
E' no proximo sabado, pelas 9 horas<br />
da noite, que se realiza na vasta s;.la da<br />
associação comercial d'esta cida<strong>de</strong>, o brilhante<br />
concerto promovido pelo distinto<br />
tenor portuguez sr. Joaquim Tavares.<br />
Neste concerto, que pelos elementos<br />
reunidos <strong>de</strong>ve ser esplendido, toma parte,<br />
além <strong>de</strong> Joaquim Tavares, um magnifico<br />
sexteto organisado por Augusto Paes, e<br />
os exm. os srs. Vasco Rocha (violino), Henrique<br />
Corte Real (piano), Antonio da Costa<br />
Lança (flauta) e Francisco Macedo (piano).<br />
O programa é o seguinte:<br />
l, a parte, n. a 1—Preludio da Opera<br />
Carmen, G. Biset; Sexteto, n.° 2—Opera<br />
Salvatore Rosa forma sublime (i. a ato),<br />
C. Gomes, Sr. Joaquim Tavares, n.° 3—<br />
Solo para flauta, Sr. Lança; n.' 4—Solo<br />
para violino Serenata Húngara <strong>de</strong> V. Jon-<br />
cia di Lamermoor (aria final; Donizeti b)<br />
Pastoral poisia popular portuguêza <strong>de</strong> J.<br />
V. da M' tia Sr. J. Tavares.<br />
Intervalho <strong>de</strong> 20 Minutos, 2. a parle,<br />
n.° i—Petit Gavote, Sexteto, n.° 3—Romanza<br />
da Opera Luiza Miler, G. Verdi<br />
sr. J. Tavares, n.° 3—Solo para flauta,<br />
sr. Lança, n.° 4 Sexteto, n.° 5 a) Cavatina<br />
d» Opera I Lombardi, Verdi, b) a ce<br />
lebre Canção do exilio escripta expressamente<br />
para a voz do tenor Tavares será<br />
cantado em portuguez; Sr. Tavares.<br />
Este programa po<strong>de</strong>, por motivo imprevisto,<br />
ser alterado. Os bilhetes <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
ja se acham á venda na Mercearia Luzitana<br />
dos srs. Gaito á- Canas, Rua do Cego,<br />
n. 7.<br />
Garraiada na Figueira<br />
E' oje que se realiza na Figueira a<br />
garraiada promovida pelo curso do 4.°<br />
anno jurídico.<br />
Vai gran<strong>de</strong> animação e interesse por<br />
esse divertimento que promete correspon<strong>de</strong>r<br />
á espetativa jeral.<br />
Os comboios da manhã e da tar<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vem ir d'esta cida<strong>de</strong> apinhados <strong>de</strong> passajeiros.<br />
<<br />
GONOL PAIVA<br />
Novida<strong>de</strong> farmacêutica —registado<br />
E' sem duvida o medicamento mais<br />
eficás no tratamento das purgaçõis agúdas<br />
e crónicas, sanguíneas ou puru<br />
lentas.<br />
Cura rapida e radical, não dando<br />
orijem a qualquer encomodo do estomago.<br />
A' venda na farmácia e drogaria<br />
Rodrigues da Silva, — <strong>Coimbra</strong>.<br />
Preço do frasco, 700 reis.<br />
No dia do «ponto», realizou-se á<br />
noite a fésla das «látas», apezar <strong>de</strong> ter<br />
cessado o motivo que lhe <strong>de</strong>u orijem.<br />
Conquanto o «ponto» seja agóra em<br />
todas as faculda<strong>de</strong>s no mesmo dia, á<br />
noite não faltávão latas a arrastar pelas<br />
ruas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, enchendo-aS di alegria<br />
ruidóza que é da praxe nesta noite finai<br />
do ano létivo<br />
SERVIÇO CORREIO<br />
A partir <strong>de</strong> ôje começará e vigorar o<br />
nôvo orário <strong>de</strong> expedição, receção, tira -<br />
jens das caixas e marcos postais, e distribuição<br />
das correspondências aos domicílios<br />
:<br />
EXPEDIÇÃO<br />
As 3 óras da manhã, <strong>Coimbra</strong> ao<br />
Porto, Beira Aila, Minho e Douro - 8,15<br />
da manhã, <strong>Coimbra</strong> a Lisboa, linha doeste<br />
e Figueira da Fós.— ti da tar<strong>de</strong>, <strong>Coimbra</strong><br />
ao Perto. — 6 da tar<strong>de</strong> (comboio rápido)<br />
Leste e Beira Baixa. — 11,15 da<br />
noule, <strong>Coimbra</strong> a Lisboa, linhas d'Oeste,<br />
Sul e Sueste e Figueira da Fós.<br />
RECÉÇÃO<br />
As 3 óras e 45 da manhã, Lisboa a<br />
<strong>Coimbra</strong>, linhas d'Oeste, Sul e Sueste,<br />
Leste, Beira Baixa e Figueira da Fós. —<br />
8,50 da manhã, Porto a <strong>Coimbra</strong>. 6.50<br />
da tar<strong>de</strong>, Lisboa a <strong>Coimbra</strong>, linha doeste<br />
e Figueira da Fós. —6,50 da tar<strong>de</strong>,<br />
(comboio rápido), Beira Alta e Porto.—<br />
12 da noute, Porto a <strong>Coimbra</strong>, Minho e<br />
Douro.<br />
TIRAJENS<br />
Ás 4,15 da tar<strong>de</strong> e 8,15 da noute:<br />
Fazem-se tirajens da caixa jeral, cinco<br />
minutos antes da óra da expedição para<br />
lodos os correios.<br />
DISTRIBUIÇÕIS DOMICILIARIAS<br />
Ás 7,J0 e 10 da manhã e ás 7,30 da<br />
tar<strong>de</strong>.<br />
As correspondências para os concelhos<br />
<strong>de</strong> Arganil, Poiares, Gois, Pampilhoza<br />
da Serra, Louzã, Miranda do Cor<br />
vo, Con<strong>de</strong>ixa, Penacova e Penéla são<br />
expedidas ás 5,30 da manhã e recebidas<br />
ás 7,30 da tar<strong>de</strong>.<br />
Apanha, congrésso 1— «O Popular <strong>de</strong><br />
11 <strong>de</strong> maio trazia este suelto acerca do<br />
Congrésso <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>: