36 <strong>–</strong> <strong>Vera</strong> <strong>Lúcia</strong> <strong>Marinzeck</strong> <strong>de</strong> <strong>Carvalho</strong> (<strong>ditado</strong> pelo Espírito: Patrícia) Volitar é privilégio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnados. (Certamente que encarnados volitam quando estão com seus corpos físicos dormindo em <strong>de</strong>sdobramento. Mas a sensação agradabilíssima é só para <strong>de</strong>sencarnados que sabem.) Ah, que gran<strong>de</strong> e maravilhoso privilégio!
37 <strong>–</strong> VIOLETAS NA JANELA X Apren<strong>de</strong>ndo a se nutrir Vovó voltou a trabalhar como fazia antes e, nas suas horas livres, passeava comigo. Ela gosta muito do seu trabalho. Passeava muito e fui várias vezes à Praça Redonda. Conversava muito e fiz várias amiza<strong>de</strong>s. Foi na Praça Redonda que conheci Ana. Ela também estava a passear. Começamos a conversar e percebemos que tínhamos muitas afinida<strong>de</strong>s e uma sincera amiza<strong>de</strong> nos uniu. — De que <strong>de</strong>sencarnou? Ou como <strong>de</strong>sencarnou? Esta pergunta se faz muito por aqui. Começase a conversar e logo surge o assunto <strong>de</strong>sencarnação, querendo saber como foi que o corpo carnal morreu. Maurício me elucidou que estas perguntas são mais dos novatos que ainda estão preocupados com a sua <strong>de</strong>sencarnação e querem saber como foi a do outro. Contei minha <strong>de</strong>sencarnação a Ana e ela, a sua para mim. — Já faz tempo, tenho <strong>de</strong>cênios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnada. Meu corpo <strong>de</strong>finhou pela tuberculose. Desencarnou jovem, aos <strong>de</strong>zessete anos. Ela é inteligente, muito instruída e ama apren<strong>de</strong>r. Passamos horas a conversar. Convidoume para ir visitála no seu trabalho e no seu lar. Ana mora no Educandário. Fomos visitála, Fre<strong>de</strong>rico e eu. Fre<strong>de</strong>rico, sempre que possível, acompanhavame aos passeios pela Colônia, sempre esclarecendome sobre os lugares e suas funções. — Patrícia, — disse meu amigo — para trabalhar no Educandário, necessitase <strong>de</strong> muito aprendizado e <strong>de</strong>dicação. Normalmente estes instrutores têm muito tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencarnado e conhecem bem a alma humana. Para ser útil com sabedoria, é preciso saber. Ana veio nos receber feliz como sempre. Tem seu cantinho, seu quarto, ou mesmo seu espaço, como alguns jovens costumam dizer, ao referirse on<strong>de</strong> moram, ou sua moradia como ela diz, na área resi<strong>de</strong>ncial, reservada aos trabalhadores do Educandário. É bem bonita a moradia <strong>de</strong>stes trabalhadores. Eles po<strong>de</strong>m morar neste Educandário, ou em casas, ou nos alojamentos. Refirome ao Educandário <strong>de</strong>sta Colônia, porque <strong>de</strong>pois vi, em outras Colônias, outras formas <strong>de</strong> residências. As casas são parecidas com a da vovó, moram instrutores e alunos, não ultrapassando <strong>de</strong>z pessoas. Os alojamentos são muitos e comuns nas escolas. São galpões compridos, com várias portas, que levam ao quarto ou cômodo. É uma beleza! Ana mora no alojamento. Seu lar é uma sala <strong>de</strong>corada com gosto. Não tem cama, Ana não necessita mais dormir. É um recanto seu para receber alguns amigos, ler, ficar a sós. É on<strong>de</strong> tem alguns pertences. Quadros lindos, vasos <strong>de</strong> flores, uma foto <strong>de</strong> família e um piano. A cor azulclarinho predomina na sua <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> muito bom