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2 – Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (ditado ... - Portal Luz Espírita

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43 <strong>–</strong> VIOLETAS NA JANELA<br />

entendia e nem queria entendê­las. Não seguia religião nenhuma. Dizia ter uma só<br />

por rótulo. Para mim, a morte do corpo era somente para os outros. Desencarnei por<br />

um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> carro. Socorristas, trabalhadores do Bem tentaram ajudar­me, repeli­<br />

os. Para mim, eram loucos dizendo besteiras, como que meu corpo morreu. Foi um<br />

período difícil. Na minha casa, foi um caos. Meus pais intensificaram as brigas e<br />

acabaram por se separar. Um acusava o outro pelo meu <strong>de</strong>sencarne. Sofri muito,<br />

julguei estar louca por não conseguir enten<strong>de</strong>r o que se passava e por não aceitar<br />

minha <strong>de</strong>sencarnação. Com meu lar <strong>de</strong>sfeito, vaguei pelas ruas com muito medo.<br />

Cansada <strong>de</strong> sofrer, resolvi apelar para Deus. Entrei num templo e orei, senti­me<br />

melhor e resolvi ficar ali. Entendi que religião faz falta, quando se é religioso sente­<br />

se protegido, quando se é realmente sincero e <strong>de</strong>voto na religião os sofrimentos são<br />

compreendidos. E a morte não aterroriza tanto. Entendi que <strong>de</strong>sencarnara, mas não<br />

sabia o que fazer para melhorar minha situação. Fiquei naquele templo a orar junto<br />

com outros <strong>de</strong>sencarnados e com encarnados que lá iam. A oração levou­me a<br />

meditar, a me arrepen<strong>de</strong>r dos meus erros. Fiz muitos atos errados, fui egoísta,<br />

materialista, nos meus vinte e um anos que passei encarnada, tinha muito do que me<br />

arrepen<strong>de</strong>r. Não saí mais do templo, temi os irmãos trevosos, tinha medo que eles<br />

me pren<strong>de</strong>ssem. Eles não entravam no templo, mas via­os fora. Fiquei anos no<br />

templo, cansei, resolvi ser sincera comigo mesma e pedir socorro. Chorando, pedi<br />

ajuda a Deus. Trabalhadores do Bem auxiliaram­me. Levei tempo para me recuperar<br />

num hospital <strong>de</strong> um Posto <strong>de</strong> Socorro. Hoje estou bem, sou grata, aprendo a viver<br />

aqui, anseio por melhorar moralmente e pôr em prática o que aprendo.<br />

Marina suspirou, mas não estava triste, as lembranças <strong>de</strong> tudo que passou<br />

lhe dão forças para melhorar cada vez mais. Após uma pausa, foi a vez <strong>de</strong> Isa falar.<br />

— Desencarnei por um tumor maligno no cérebro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns meses<br />

doente. Estava com <strong>de</strong>zesseis anos. Seguia uma religião que equivocadamente me<br />

ensinou que, com a morte, adormecia para acordar no julgamento <strong>de</strong> toda a<br />

humanida<strong>de</strong>, nos fins dos tempos. Senti um torpor com a morte do meu corpo, uma<br />

espécie <strong>de</strong> sono, no qual achava que dormia, mas ao mesmo tempo via e ouvia tudo,<br />

embora sem muita clareza, o que se passava ao meu redor. Fiquei junto dos<br />

familiares a velar meu corpo. O <strong>de</strong>sespero dos meus foi gran<strong>de</strong>, gritavam, choravam,<br />

sofriam horrivelmente. Sentia muita perturbação, mas também sentia­me amparada,<br />

escutava alguém convidando para ir, partir. Os meus familiares me seguravam e não<br />

me esforcei para ir, não queria <strong>de</strong>ixá­los sofrendo tanto. Após meu corpo ter sido<br />

enterrado, meus familiares foram embora, chamei com fé: “Meu Deus, ajuda­me!”<br />

Socorristas me levaram para um Posto <strong>de</strong> Socorro tentaram explicar e me curar. A<br />

doença, o reflexo <strong>de</strong>la, ainda era forte em mim. Não me apavorei ao saber que meu<br />

corpo morreu, <strong>de</strong>cepcionei­me por não ser como pensava, como acreditava. Entendi<br />

as explicações que gentilmente os benfeitores me transmitiam, raciocinando, achei<br />

justas e lógicas. Não temi mais, e passei a dormir com mais tranquilida<strong>de</strong>. Mas os<br />

lamentos, o <strong>de</strong>sespero dos meus, enlouqueciam­me. Julgava­me tão coitada por ter<br />

morrido que comecei a ter dó <strong>de</strong> mim, e a autopieda<strong>de</strong> não leva a nada, só maltrata,<br />

<strong>de</strong>sesperei. Eles começavam a chorar, eu também <strong>de</strong>sesperava e chorava. Quando<br />

me chamavam, queria ir para perto <strong>de</strong>les e acabei indo. Que agonia! Choravam,<br />

lamentava, era como se eu tivesse acabado. Sem enten<strong>de</strong>r, pois novamente fiquei<br />

confusa, sofri muito. Diziam que estava dormindo, que nada via ou sentia, gritava

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