2 – Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (ditado ... - Portal Luz Espírita
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70 <strong>–</strong> <strong>Vera</strong> <strong>Lúcia</strong> <strong>Marinzeck</strong> <strong>de</strong> <strong>Carvalho</strong> (<strong>ditado</strong> pelo Espírito: Patrícia)<br />
Como vão os encarnados em busca <strong>de</strong> ajuda, vão também muitos<br />
<strong>de</strong>sencarnados. Curiosa, fiquei observando tudo. E começaram a chegar os que<br />
pediam auxílio. Muitos vinham acompanhando os encarnados. Uma senhora veio<br />
pedir pelo filho, também <strong>de</strong>sencarnado, que vagava pelo Umbral. Um senhor veio<br />
pedir ajuda para a filha encarnada que se achava em crise conjugal por influência <strong>de</strong><br />
um <strong>de</strong>sencarnado perturbado. Tião e Lourenço anotavam os pedidos, <strong>de</strong>pois os<br />
orientadores estudavam, e procuravam atendêlos no que fosse possível.<br />
Um senhor idoso aproximouse, andava com dificulda<strong>de</strong> e se queixou.<br />
— Vim aqui pedir ajuda ao “seu Zé”. Há tempo estou doente e vou<br />
piorando. De uns tempos para dá, todos parecem me ignorar, não me dão atenção,<br />
remédios, não conversam comigo. Não lhes fiz nada. Como sei que “seu Zé” ajuda a<br />
muitos, venho pedirlhe ajuda. Posso falar com ele?<br />
Falava mole, olhando para os lados, <strong>de</strong> repente, encaroume.<br />
— Valheme Deus! — gritou. —A filha morta <strong>de</strong> “seu Zé”! Uma<br />
assombração! Acudame!<br />
Corri e me escondi atrás <strong>de</strong> Tião. Não sabia o que fazer. Lourenço<br />
aproximouse <strong>de</strong>le, acalmouo com passes, outros trabalhadores vieram e levaram<br />
no para o interior do Centro.<br />
— Logo mais receberá a orientação através <strong>de</strong> uma incorporação —<br />
Lourenço disse sorrindo.<br />
— Tenho jeito <strong>de</strong> assombração? — indaguei rindo para meus amigos. —<br />
Que susto o coitado levou! Não queria assustálo e nem quero assustar ninguém.<br />
— Você não assombra, enche <strong>de</strong> luz e alegria on<strong>de</strong> esteja — Lourenço<br />
falou bondosamente. —Desencarnado que não sabe reconhecer seu estado temo<br />
outros <strong>de</strong>sencarnados, muitos têm medo até <strong>de</strong> entes queridos.<br />
Continuei lá, tentando ajudar no que era possível, estava anotando pedidos<br />
distraída, quando escutei:<br />
— Psiu...<br />
— Olhei e vi um rapaz que sorriu.<br />
— Oi, disse ele.<br />
— Oi, respondi.<br />
— Você me vê?<br />
— Vejo.<br />
— Que legal! Começava a temer que estava ficando invisível.<br />
Parei <strong>de</strong> escrever e olheio. Era jovem, estava bem vestido, só que sujo.<br />
Continuou sorrindo e me olhando.<br />
— Faz tempo que não converso com uma gata. Sabe que é bem bonita?<br />
Quando larga seu serviço? Posso esperála e levála para casa ou mesmo para<br />
passear um pouquinho?<br />
Fiquei surpresa e novamente não soube o que fazer. Lourenço veio em meu<br />
auxílio.<br />
— Oi, meu rapaz! Não quer entrar e enten<strong>de</strong>r por que a maioria o julga<br />
invisível? Não tenha medo. Venha, necessita conversar.<br />
O rapaz sentiu receio, mas a fisionomia <strong>de</strong> Lourenço inspirou confiança.<br />
Entrou com ele mas, antes, virou para mim e disse:<br />
— Espereme no final, quero conversar com você, gatinha.