Qualidade de Dados - Dataprev

Qualidade de dados: muito mais do que um problema técnico
Nicolau Reinhard
totalmente diferentes daqueles do forasteiro. Essas pessoas têm então autonomia
para definir o significado e o valor dessa inovação; o forasteiro tem que aceitar a
situação. Se ele conseguir ultrapassar essa segunda etapa, isso significa que a
inovação foi bem-recebida pelos nativos, eles se sentirão confortáveis com ela,
adaptando-se a ela para melhor aproveitar os seus benefícios. Nesse momento,
não se fala mais na inovação como tal, porque ela se tornou parte integrante da
comunidade; ninguém mais a entende como um objeto separado.
FASES DO PROCESSO DE ADOÇÃO DE UMA TECNOLOGIA
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Claudio Ciborra
Percepção: as pessoas assimilam a existência de algo e fazem a primeira imagem a
seu respeito. Não existe a prática que comprove ou negue qualquer entendimento a
respeito das características e real funcionalidade da tecnologia.
Circunspeção: as pessoas aprendem a utilizar a tecnologia e percebem os
problemas práticos decorrentes. Verificam sua facilidade de uso, exploram seus
limites, aprendem a lidar com as suas deficiências e efeitos não esperados,
improvisando soluções e incorporando-as ao ambiente de trabalho.
Entendimento: a tecnologia entra na “fase do processo invisível” – a familiaridade
com a mesma torna-a invisível para a pessoa, que a usa automaticamente,
incorporando-a à sua rotina diária. Suas funcionalidades ou deficiências não são
mais notadas, tornando-se parte do conhecimento tácito da pessoa.
O processo de promover a adoção de uma inovação a partir dessa metáfora é
totalmente diferente do que usávamos. Este processo é mais difícil, mais lento, e,
de certa maneira, imprevisível. A possibilidade de experimentação sem compromisso
por parte do usuário potencial é extremamente importante. Não pode haver
uso obrigatório inicial, as pessoas têm que ter liberdade de experimentar, de
incorporar tal inovação ao seu trabalho da maneira como preferirem, para então
ela chegar a tornar-se invisível. Essa passagem para o invisível varia conforme as
pessoas e comunidades.
Então, como implantar sistemas e operá-los com essa realidade emergente e
imprevisível? É um desafio com o qual nós iremos nos defrontar constantemente.
A maneira como entendemos a organização influirá diretamente na maneira
como agiremos sobre ela. Estamos acostumados a entender as organizações
como máquinas, engrenagens. Falamos em máquinas emperradas, lubrificar os
seus componentes. Note-se, porém, que estes são componentes passivos, pois
eles não têm vontade própria, apenas executam ordens. No entanto, para implantar
e administrar sistemas envolvendo entes com vontade própria, preocupados
com sua sobrevivência, visando crescimento e reprodução etc., que fazem parte de
uma organização real, que é um sistema político onde há conflitos, disputas, os
nossos sistemas terão que ser feitos de maneira diferente.
6 CIBORRA, Claudio. The labyrinths of information: challenging the wisdom of systems. Nova York:
Oxford Press, 2002.
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