Qualidade de Dados - Dataprev

Análise como estratégia de agregação de valor em dados
Marcelo Stopanovski Ribeiro
Para ir um pouco mais a fundo nessa análise de tipologias, analisamos o Compras
Net. Com o apoio da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI),
conseguimos com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) uma
visão acerca do Compras Net. No período de 1998 a 2008, foram 15 milhões de
itens e R$ 164 bilhões analisados. A maior dificuldade foi a qualidade de dados,
haja vista o volume do catálogo de materiais. Isso dependia de uma série de
capacidades de custos unitários, comparações e tudo mais. A saída foi resumir
parte desses catálogos, fazer agregações para poder, então, chegar a algumas
conclusões, o que chamamos de malha fina da despesa pública. Não necessariamente
cada uma dessas identificações é um ato de corrupção ou uma ilegalidade,
mas é mote para um alarme.
Um grupo de tipologias de fraudes à licitação foi, então, criado com apoio de
analistas de finanças e controle, os quais foram entrevistados por um engenheiro
de conhecimento e um analista de computação em busca de informações sobre os
padrões encontrados no cotidiano da auditoria. A título de ilustração, citamos o
vínculo societário entre licitantes. Há uma licitação e as empresas participantes
dessa licitação têm sócios em comum. Identificamos que 0,74% da base - ou seja,
R$ 1,2 bilhão - apresentou essa tipologia como padrão inicial. Com essa visualização,
pudemos realizar a análise por região, Ministério, órgão, valores, total homologado,
etc. O trabalho de controle interno parte dessa informação para investigar as
possíveis irregularidades dentro de determinado órgão ou identificar falhas no
sistema ali adotado.
No fim das contas, são os alarmes que possibilitam as condições para a tomada de
decisão e, principalmente, ampliam a capacidade de apoiar a gestão. Esse é o
grande desafio do controle interno. O Tribunal de Contas da União (TCU) é controle
externo, ao CGU cabe o controle interno. O controle interno não quer ser polícia, ele
é, sobretudo, uma ferramenta de gestão.
N.I.: Debatedor e/ou instituição não identificados.
Dataprev – Na sua apresentação, você destacou a
questão de diminuição da quantidade de informações
para facilitar as decisões. Esse é um problema
que envolve a todos. Como é que vocês conseguiram
fazer essa redução? E qual foi a orientação seguida
para começar a reduzir e organizar essa informação
de uma maneira mais compacta?
CGU - Trabalhamos com a possibilidade de agregação
com base em uma estratégia de orientação a
uma tensão. Estamos desenvolvendo em conjunto
com Universidade Católica de Brasília (UCB) e a
Universidade de Brasília (UnB), nos grupos de ciência
da informação e computação, uma espécie de
doutrina de análise. Temos um substrato teórico que
seria o seguinte: há a necessidade de gerar uma
Fórum de TIC Dataprev
DEBATE
informação suficiente em si mesma. Para isso, é
preciso saber o melhor caminho para se chegar a esse
resultado, porque, aleatoriamente, podemos chegar
a qualquer lugar. A tensão é o caminho financeiro das
coisas, sempre orientado pelo valor. Então, há de se
ter, como resultado do seu aglomerado autônomo de
informação, coisas que sejam avaliadas. No que diz
respeito às informações de texto, é preciso organizálas
e delas extrair questões monetárias. Essa é a
primeira coisa. A segunda são os agregadores via
tipologia. A tipologia é uma capacidade de se extrair
conhecimento de dentro da cabeça das pessoas que
trabalham no dia-a-dia. Quando se entrevista um
grupo de pessoas, o importante é conseguir encaixar
as informações em tipologias. Interessa o que é
mensurável.
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